Capítulo 11

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Assim que entramos na cozinha todos os olhos, exceto um, se voltaram para nós. 

- Bom dia pombinhos. Que bela surpresa, temos esse colírio. - Tony  abre os braços numa representação muito boa de Marlon Brando em O poderoso Chefão. 

- Só para constar Lucca ele está se referindo a Katy não a você. -  A voz de Olivia ressoa como um irritante mosquito. 

- Bom dia. - Digo me sentando ao lado de Olivia, já que Katy resolveu sentar ao lado de Patrick. 

- Bom dia gente, espero que vocês não se importem em dividir o café comigo. Posso ? - Katy se dava bem com todos aqui. 

- Claro que pode linda. Na verdade, eu preferiria ter você como companheira aqui. Não pensa em trocar de lugar com Lucca não ? - Me ocupo preparando meu pão, valia mais do que replicar a fala de Olivia. 

- Sério, no início eu pensei que toda essa implicação entre vocês resultaria num adultério. Mas a parte do ódio nunca passa! - Tony diz rindo e Katy o acompanha. 

- Abdico de sexo se o único homem restante for Lucca. - Ela diz.

- E eu extermino a humanidade se fossemos os únicos pares heterossexuais disponíveis para procriar no mundo. - O assunto segue leve, todos diziam algo menos Patrick. Ele comia em silencio, de vez em quando olhava para o nada ou para Olivia e só. 

- Sério, me pergunto como você ... - Olivia aponta seu garfo para mim com visível desprezo. - ... pode satisfazer um mulherão como ela. Não bate. 

- Ei, não diminui meu menino assim. Lucca só tem cara de babaca. - Franzo a testa para Tony tentando decidir se foi um elogio. Ele pisca para mim, um sorriso idiota brincava em seus lábios. - Essa noite foi boa pelo jeito, vocês poderiam ter sido gatilhos para alguns de nós. 

- Ai meu Deus. Foi mal. - Katy põe a mão na boca envergonhada. 

Sexo era algo que evitávamos fazer no meu quarto pelo motivo obvio das paredes serem delatoras. 

- Tenho que ir, bom dia a todos. - Patrick se levanta repentinamente. 

- Bom dia cara. - Tony estende seu punho para Patrick que o retribui. 

-Ele está meio sério hoje também, né ? - Katy se vira para mim. Levanto os ombros. 

Quanto menos pensasse sobre como ele estava melhor para mim. 

°°°

- Quando você vai vir me visitar Lourenço ? Vive desmarcando! Você acha que sou disponível assim garoto ? - Minha mãe grita no meu ouvido, não porque esse era seu tom usual, mas porquê ela estava usando o aspirador de pó. E não, ela não vai desliga-lo apenas para falar comigo se tem como utiliza-lo junto a potência de suas cordas vocais. 

- Eu sei mãe, desculpe! Mas Katy se lembrou do aniversário do pai dela, você sabe...

- Não Lucca, eu não sei. No aniversário da sua irmã essa Katy não veio. Por que não pode faltar uma festa desse homem que você nem gosta ? 

Ponto número um: minha mãe não suportava Katy desde o primeiro dia em que a levei lá em casa. A velha passou quase cinco dias emburrada, quieta para si mesma, até que decidiu me contar numa tarde de lanche que Katy não era a pessoa certa para mim. Não que eu dei bola para o que ela disse, afinal, minha mãe implicava com todo mundo. Não esperava menos ao levar Katy para conhece-la. 

Ponto numero dois: Eu não gostava de nenhum dos pais de Katy. Eles eram uma família de classe alta, muito dinheiro, mas a energia deles era baixa. Como diria minha mãe "gente rica com alma pobre", eles deixavam óbvio por meio de seus olhares que não aprovavam a mim. Sendo eu o sujeito de família mediana, mãe costureira e pai contador de pequena empresa, e atualmente eu trabalho como um dos monitores de setor na minha área administrativa, ou seja, nada do que eles queriam para ela. 

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