Capítulo 45 - Mês 6

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- É incrível o quanto eu odeio o inverno. Minha pele resseca. Queria ser um anfíbio.

Luana reclamava do frio absurdo que penetrava dentre os nossos casacos. As ruas continuavam cheias mesmo sob o gélido do ar. 

-Isso tudo porque Patrick resolveu deixar a empresa para sair com a gente. -Sorrio para o comentário de Marcus. 

Obviamente que eu não tinha tamanho poderes para mobilizar o clima, mas talvez fosse justo apontar o fato de que eu finalmente aceitei sair com eles. A memória deles pode estar um pouco comprometida porque nos meses inicias eu socializava, o máximo que conseguia. Porém, conforme o tempo foi passando, decidi focar no trabalho. 

A escolha foi um bar muito popular na região. O lugar estava relativamente cheio e dispensava o casaco, visto que o calor humano aqui dentro estava demasiado alto. Marcus conseguiu uma mesa vaga para nós mostrando sua habilidade em ambientes cheios. 

Acabei de chegar! Odeio transito. Eu devo juntar dinheiro para conseguir um carro. Está ficando insuportável andar de ônibus! 

Sorrio para a mensagem de Lucca. Todo dia ele reclamava dos transportes públicos. 

Não foi o seu tio que te ofereceu um carro? 

Aquela lata velha? Eu não vou dirigir um fusca zumbi por ai Patrick. Eu trabalho com sujeitos ricos demais, não dá!

Não pensei que você fosse tão materialista. Olha como a distância mostra a verdadeira face das pessoas. 

Vou, firmemente, te ignorar. Boa noite. 

-Olha como ele sorri. Inveja. Queria eu estar apaixonada desse jeito. 

Assim que levanto os meus olhos do celular encontro Luana me fitando.

- O que foi? - Questiono guardando o telefone. Não seria uma das pessoas que ignoram suas companhias. Mesmo que o único modo de me comunicar com a pessoa que mais me interesse agora fosse através do celular.

- Nada. É incrível que você mantem essa cara de apaixonado mesmo estando namorando a distância. 

- Pedi cerveja, aquele bar está um inferno. Não reclamem, se quiserem outra coisa façam as honras porque eu não vou voltar lá. - Marcus aparece com três garrafas de cervejas e um rosto repleto de suor. - Do que estamos falando? 

- De Patrick e seu relacionamento a distância. - Luana resume já dando um gole em sua bebida. 

- Você é louco. Eu não entraria em relacionamento a distância. Não dá para mim. - Marcus completa. 

- Por que? - Pergunto, embora já imagino a resposta. 

Marcus era o famoso pegador. Não precisava conhece-lo muito para chegar a tal conclusão. Em seis meses na empresa ele conseguiu explanar todas as mulheres com quem ele já teve relação sexual. E eu não perguntei por nenhuma informação. Ele era apenas muito, exageradamente, receptivo. 

- Meu corpo tem necessidades! Eu não posso namorar uma garota que mora à quatro horas de mim de avião! Ao menos que fosse uma relação aberta. Um poliamor. 

-Claro, Marcus, quem iria imaginar que você não seria adepto ao poliamor! - Luana revira os olhos e eu sorrio com sua ironia. - Eu acho fofo. Quer dizer, eu até tenho que concordar com Marcus em alguns pontos. Não a parte sexual, mas do contato de certa forma. Eu não sei se conseguiria ficar tranquila sem meu namorado por tanto tempo. Tem que ter muita confiança. Ainda mais pensando que homem é um bicho traidor por excelência. 

- Ok, agora eu tenho que descordar. Isso é estereótipo! - Digo. 

- Claro que não! É comprovado! Porque você não trai, não quer dizer que os outros não o fazem! Os Marcus da vida são a regra! 

Beije-me da forma como quer ser amado (05/12 NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora