Capítulo 15

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- Eu dei meu primeiro beijo com onze anos, acho que não foi muito legal, me lembro da língua dela entrando no meu nariz. - Patrick franze a testa relembrando de seu passado e eu quase me engasgo com o sanduiche rindo. - Eu fiquei meio sem jeito pensando que algo estava errado, mas eu deixei ela terminar. 

°°°

- Eu chorei na minha primeira transa da vida. Um singela lágrima no canto do meu olho. - Patrick se joga no chão, que não estava muito longe já que estávamos sentados nele. Sua gargalhada me intuindo a rir também. - Eu sou um homem sensível, ok ? E foi bem legal minha primeira vez.

°°° 

-Foi horrível, eu vomitei na mochila dela. Quando se é adolescente em seus primeiros momentos não sei como alguém sai ileso. Tipo, eu vomitei na mochila dela cara. Coitada, ela se rebaixou muito para estar comigo naquele dia. -Patrick murmura moendo a batata frita entre seus dentes.

- Você era o cara popular, não era ? - Piscar o olho esquerdo para mim foi sua resposta. 

°°°

- Teve esse dia em que eu quebrei meu braço descendo a escada, na verdade eu tentava pegar o gato para tirar uma foto, achei por uns momentos que poderia voar e me machuquei, mas tudo o que me lembro além da dor foi de minha mãe gritando meu pai para descer e ele não achava a chave do carro, e da minha irmã desesperada porque eu quebrei meu braço no dia do aniversário dela. Eu meio que ofusquei seu dia. - Lembro-me das ameaças seguidas de minha irmã mais velha nos dias depois do acidente. Foi engraçado até o dia em que ela me forçou a trabalhar forçado para ela. 

- Você tem cara de quem fazia merda mesmo. - Levanto os ombros sem muito o que dizer, afinal era verdade. 

-O que eu posso fazer ? Oh, teve esse dia na festa de noivado da minha irmã, eu sem querer, juro, derrubei o bolo dela. Meus pais ficaram com tanta vergonha e ela quase me matou diante da família do noivo. - Patrick arregala seus escuros olhos para mim. 

- A sua irmã te odeio, não odeia ? - O cinismo em seu tom me fez rir. 

- Óbvio que sim. Ela nem queria me convidar para o casamento dela. Minha mãe teve que implorar! E ela amarrou minha mão na cadeira. Foi humilhante. - Mas lembro-me de receber as comidas na mesa e apenas depois de cortar o bolo que elas me liberaram. 

- Sua irmã deve ter um trauma de você. 

°°°

- Você nunca fez nada errado além de quebrar o coração das meninas ? - Patrick revira os olhos, soltando um suspiro resignado. 

- Eu fui expulso de casa, conta ? - Arregalo meus olhos para aquela nova informação. 

 - Como ? Por que ? - Patrick finaliza de engolir antes de começar a falar num tom sereno. 

- Meu pai descobriu que eu estava namorando um garoto da escola vizinha. - Aguardo pela continuação, mas tudo o que recebo é o som da sucção de seu canudo. 

- Acabou ? O que aconteceu antes, durante e depois Patrick ? Você não sabe contar uma historia ? - Ele sorri com o canudo entre seus dentes, ignoro a parte do meu cérebro registrando aquela cena para rebobinar mais tarde. 

- Eu não sei bem como ele descobriu mas quando soube no mesmo dia me expulsou de casa. Eu fiquei um tempo na casa da irmã da minha mãe, ela me acolheu e por sorte eu já estava no último ano. Consegui um emprego, o que me ajudou a me sustentar no início da faculdade. E é isso. 

- Sua mãe não fez nada ? - Um sorriso longe de satisfeito perpassa a face de Patrick. 

- Não.  

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