Inimigo

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Mika, o elfo que me ajudou quando cheguei, foi o primeiro a reagir aos inimigos se aproximando.

– Se abaixem e mantenham o silêncio. Não nos encontrarão aqui encima com o céu escuro.

– Quem é você para mandar aqui? Eu sou o seu rei. Ordeno que matem os perseguidores.

Dei um bom soco no topo da cabeça de Alan.

– Você é idiota? Um rei de verdade escuta seus súditos. Façam o que Mika disse.

Ninguém queria morrer hoje. Obedeceram se abaixando nos enormes galhos das árvores ou se escondendo atrás de folhas. Elfos são naturalmente próximos à natureza. Então, a nossa presença desapareceu completamente no meio da floresta.

Alguns minutos depois, vi pela primeira vez o que enfrentávamos, demônios. Três passaram bem debaixo da minha árvore. Seus corpos eram fortes e tinham um vermelho vívido. Os dois chifres nas suas cabeças fizeram o meu corpo se estremecer. Daqui de cima os ouvia fungar.

Os monstros se juntaram e trocaram algumas palavras. Não pareciam muito inteligentes, mas sabia que eram bons caçadores.

Me arrastei até Mika e perguntei bem baixinho se tinha sugestões sobre o que fazer. Infelizmente, todos os adultos ficaram para trás e ele era o único que sabia um pouco sobre luta já que era o filho do chefe da guarda real.

– Não sei, a maioria aqui só recebeu o treinamento básico. Metade não tem nem 15 anos. Vai ser difícil.

– E se combinarmos nossas magias. Podemos...

Nas memórias da antiga Cecilia, os elfos eram bons em algumas magias, como: manipulação de água, terra e plantas. A família real ainda possuía a incrível habilidade de cura.

Explicando meu plano, os olhos de Mika brilharam. Silenciosamente, foi avisar os outros sobre o que cada um teria que fazer.

Alan não gostou dos seus súditos o deixando de fora e seguindo sua irmã. Queria protestar, mas até ele tinha a inteligência de que se fizesse alguma coisa estaríamos perdidos.

Todos apontamos nossas mãos na direção dos demônios. Eles nos avistaram rápido e grunhiram se preparando para subir a árvore, mas o chão debaixo dos seus pés se abriu e caíram dois metros de altura. Depois, usamos nossa magia da terra para cobrir o buraco. As carinhas dos meus companheiros se alegraram ao ver que prenderam com sucesso três dos temidos demônios.

Mika não queria parar por ai. Desceu das árvores com alguns amigos e cobriu o lugar com raízes. Assim, os monstros não conseguiriam sair.

Fui lhe dar os parabéns pelo bom trabalho, mas Alan me segurou pelo braço.

– Quem você pensa que é. Eu sou o rei, não você. Da próxima vez vou te dar um castigo.

Soltei minha mão furiosa e o empurrei contra uma árvore.

– Castigo? Você estava morrendo de medo lá encima. Um rei de verdade guia o seu povo. Olhe para eles, estão com fome e com medo. Faça alguma coisa se você é mesmo o nosso líder. Me diga como saímos desta enrascada e vou te seguir sem questionar!

Alan não podia acreditar que tive a coragem de confrontá-lo. Antes de que pudesse pensar em uma resposta, Mika nos interrompeu dizendo que precisávamos sair de lá. Logo alguém viria pelos 3 desaparecidos.

Andamos sem rumo por um tempo até que me acalmei e decidi ajudar Alan nesse "reinado improvisado". Afinal, minha vida e a dos outros depende dele. Segurei sua mão e o trouxe para perto de mim.

– Ei, desculpe por ficar brava com você antes. Só queria ajudar naquela hora. Tenho medo. Já perdemos nossas casas, nossos pais e tanta gente amada. Quero te ajudar.

Alan olhou para baixo pensativo até que disse baixinho.

– Bem, muita coisa mudou mesmo. Hum... Você disse que um rei deve guiar o seu povo. O que você sugere?

Suas orelhas se avermelharam.

Que gracinha! Ele quer a minha ajuda. Só não sabe como pedir sem se envergonhar.

Virei a Princesa dos ElfosOnde histórias criam vida. Descubra agora