Capítulo 11

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RAFAELA KALIMANN

- Rafaela, isso é um assunto muito delicado.

- Eu sei, mas tenho pensado bastante
nos últimos dias. Não é algo que eu
simplesmente possa controlar, é natural. Por isso precisei ver o senhor com urgência, sempre teve ótimos conselhos pra me dar.

Friederick me olhou por cima do óculos
redondo e respirou fundo. Seus olhos
castanhos buscavam em mim algum sinal de compreensão, mas era óbvio que jamais encontraria. Ele anotou algumas coisas em seu bloco e eu voltei a prestar atenção no trânsito caótico de Los Angeles. Muitas coisas passavam pela minha cabeça, mas nenhuma parecia fazer sentido. Quantas vezes eu teria que vir me consultar com meu psiquiatra só para tentar entender
algo que não tinha muita explicação?!
Foram longos anos de trabalho psicológico para não cair em tentação, mas com ela era tão simples, tão.. natural.

- Rafaela? - Friederick me chamou e vireibnos calcanhares para fitar o médico sentado em sua poltrona vermelha. - Por favor, sente-se.

- Tem algum conselho pra me dar?

- Ah, criança. - ele retirou o óculos e coçou os olhos, fazendo uma massagem leve neles. - Se eu pudesse lhe aconselhar, diria que está na hora de você aceitar quem realmente é. Isso não é de agora, Rafaela, não é a primeira vez que você vem até mim
com as mesmas dúvidas. Me impressionei em saber que você casou e teve um filho, sempre teve uma cabeça diferente em relação a isso.

- O que quer dizer?

- Eu já sabia da sua orientação sexual
tem algum tempo, Menina. Olha, eu sou
seu psiquiatra desde os seus treze anos,
acho que é por isso que não lembra das
perguntas que fazia pra mim. Certo?

- Eu.. eu.. mais ou menos.

Flashback on

- Pai, eu não quero voltar lá

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- Pai, eu não quero voltar lá.

- Rafaela, até a sua irmã está indo e
gostando, por que não quer?

- Raquel é a Raquel. Eu sou eu. Não me
sinto confortável falando da minha vida pessoal com um estranho.

- Ele te conhece desde os seus treze anos, Rafaela, por que cismou com isso agora?

- Porque agora eu tenho dezessete anos e meio e me sinto muito resolvida.

- Claro. Venho te buscar daqui a uma hora, Te amo.

Meu pai me deixou na porta do consultório do doutor Friederick e foi embora. Fiquei parada no corredor por quase dez minutos, me recusando totalmente a bater ou tocar a campainha. Assim que me virei para
fugir, ouvi o barulho da porta abrindo e um homem de meia idade apareceu. Sua barba estava bem feita e o terno azul marinho de riscas parecia novo.

Incompatíveis -Adaptação RABIAOnde histórias criam vida. Descubra agora