Capítulo 2

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Ano de 215 da Reforma. Onze anos de guerra dos reinos Aragon e Gouren. Família Brassard e aliados contra família Allard e aliados. Palácio na capital da família Brassard.

A garota loira olha entediada pela janela, esperando que hoje seja um dia diferente dos últimos meses.
-Nada emocionante para hoje. - Fala consigo mesmo e suspira.
Passos ecoam pelo palácio, fazendo sua atenção voltar para quem está descendo as escadas. A rainha Dara, acompanhada de uma criada se aproxima da filha a frente da janela.
-Vamos ter uma reunião de família, chame seu irmão e vamos nos encontrar no escritório do rei. - Ela diz como uma ordem e a garota faz uma reverência, se vira de costas e caminha até o final do corredor.
-Bom dia para você também, mamãe. - Murmura irritada.
A garota para em frente a última porta do terceiro piso do palácio, dá três batidas na porta e espera. O irmão abre a porta bocejando e com os cabelos bagunçados, a camisa com botões abertos e com uma certa dificuldade de abrir os olhos pela luz do corredor.
-A mamãe falou que temos uma reunião de família agora. - Diz com uma cara fechada.
-Bom dia, Aurora! - Ele diz bagunçado o cabelo da irmã.
A garota coloca um sorriso no rosto e não reclama do gesto de seu irmão, estava com saudade dele. Fazia alguns meses que não se viam, pois o irmão casou há dois anos e se mudou para uma casa no interior para ter uma vida relaxante de casados, então ele visitava raramente o palácio, e ela agradecia por esses poucos dias.
-Bom dia, Roland.
-Só um minuto. – O garoto volta a fechar a porta e quando a abre de volta fala com alguém dentro do quarto – Reunião de família, já volto.
-Parece que a princesa Alba gostou mais de seu aposento. – Aurora fala enquanto caminha até o escritório.
-Você entenderá quando se casar. – O irmão dá uma piscada para ela enquanto a segue, olhando para os quadros ao redor dos corredores – O palácio era tão decorado quando eu morava aqui? Parece muito cheio.
-Está querendo se gabar por ter sua própria casa, irmão? Só faz dois anos, espere até os problemas começarem. – A loira diz revirando os olhos.
-Sempre há problemas, Aurora, a questão é como lidar com eles. – Ele aconselha e muda de assunto – Sobre o que você acha que vão falar?
-Não tenho ideia... a última vez foi sobre o seu casamento com a filha da família Solveig para continuar os laços entre uma das famílias mais fortes de nosso reino, mas agora não vejo o que poderia ser...
-Espero que não seja sobre seu casamento, não tem idade ainda. – O irmão fala sorrindo e quase foge do tapa da irmã.
Os dois chegam rindo no escritório que está com a porta aberta os esperando. O rei está sentado na sua cadeira olhando para uns papeis na mesa, a rainha Dara está em pé ao seu lado e a rainha atual, que se casou com o novo rei, está sentada conversando no divã com seu irmão.
-Atrasados. – Dara fala.
-Bom dia, mamãe. – Roland coloca um sorriso de afrontamento no rosto e a loira sente seu coração acelerar, as coisas vão ficar tensas.
-Bom dia, irmãos. – O rei fala e logo sorri para o irmão – Pode provocar a mãe depois? Agora temos um assunto sério a discutir.
Kinsey agora com vinte e sete anos, sentado na cadeira do rei e agindo como um, lembra a todos da trágica morte que seu pai sofreu há onze anos. O garoto teve que aprender o dobro das coisas na metade do tempo por causa deste imprevisto e se tornou rei aos vinte e dois anos assim que se casou com a nobre Ágata Brassard, uma prima da família do seu pai, para manter a linhagem real no trono.
-Certo, o que é tão sério? – Roland pergunta encostado na parede ao lado da porta, Aurora ao seu lado respira fundo, também está curiosa.
-Casamento. – O rei responde e o olhar da rainha Dara crava em Aurora.
“Chegou a minha vez, tudo a que fui ensinada a ser e limitada graças a isso, está me esperando...”, a garota pensa engolindo em seco.


Campo de batalha ao leste do rio Baleara. Acampamento dos soldados do reino Aragon. Soldados das famílias Brassard, Roux, Solveig e outros. Cabana do comando. Turno da noite.

Alguns homens estão reunidos ao redor de uma grande mesa quadrada, discutindo e apontando para as regiões que se encontram no mapa a frente deles.
-Não temos notícia do batalhão M7899, não devemos avançar sem a liberação deles. – Um homem pequeno fala enquanto coloca as mãos na cintura.
-Não recebemos sinal deles, mas temos outros meios para descobrir se podemos avançar, nosso espião diz que é seguro e não vamos ter problemas em sair ao amanhecer. – Outro homem, mas que possuía barba e mais forte, declara apoiando os braços na mesa.
-Oras, você vive falando desse espião, mas e se ele não for confiável general Caspian? Eu não posso confiar nele sem saber quem é. – O baixinho retruca e alguns soldados que antes conversavam baixo, se calam.
-O espião se revela para quem ele quer, não irei forçar as tropas da família Roux a obedecer às minhas ordens coronel Grant, mas deveria saber que o resto de nós partirá pelo amanhecer, sinta-se livre para escolher o que irá fazer, lembrando que qualquer escolha, trará consequências. – General Caspian diz se contendo, sabe que brigar com o coronel não é o melhor a se fazer agora.
-Essa questão seria tão fácil de ser resolvida se... – O coronel Grant Roux começa, mas é interrompido por um barulho.
Uma garota que estava escondida em algumas torras horizontais que sustentam o teto, pulou no chão fazendo todos olharem para a parte mais escura da cabana, que a luz das velas não chega a iluminar. Da escuridão sai a garota de cabelos pretos com uma capa vermelha escura que tapa seus olhos e vai até sua cintura, ela está com uma armadura no tronco, já os seus antebraços, ombros e joelhos possuem metais pretos para ficar fácil se esconder nas sombras, mas necessário em uma guerra.
-Será que esta situação irá se resolver tão simplesmente, coronel? – A garota dá uma ênfase na última palavra, fazendo o homem que antes estava boquiaberto, ficar irritado e perceber a espada sabre que a garota levava pendurada na cintura, além d chicote enrolado em sua mão esquerda.
-Quem é essa? Alguém prende essa garota, ela não deveria estar na cabana do comando! – O coronel Grant fala e seus homens se aproximam da garota.
-Parem. – Ordena um jovem de cabelo quase como o fogo, ele se levanta de onde estava sentado e faz um sinal, os homens se posicionam de lado, deixando a garota passar no meio, até chegar a ele – Parece que alguém voltou.
-Nunca estive muito longe. – Ela diz para o garoto, depois dá um sorriso e o cutuca com o cotovelo – Bom ver você de novo, vivo.
O coronel Grant olha para eles e depois ao general sem entender o que está acontecendo.
-Por que não podem prender ela? – Diz a seus homens que abaixam a cabeça e se vira para o general Caspian – E você, por que não fez nada? Mande que prendam essa garota, ninguém além dos soldados que necessitados, podem estar na cabana de comando!
-Ela foi solicitada, chegou com informações agora a tarde sobre nosso batalhão M7899. – O general responde e cruza com braços com um meio sorriso, deixando o coronel mais confuso – O espião se revela para quem ele quer.
-Essa garota é o espião? Não deve saber agir como soldado... – Fala quase que com nojo dela.
-Não se preocupe coronel Grant, só uso o sabre quando estou no acampamento ou na guerra, quando faço meu trabalho uso o gládio romano, preciso estar mais perto para matar. – Ela declara se aproximando do homem que ficou incomodado, ele é tão baixo que chega a ser uns centímetros mais baixo que a menina.
-Não ouse se aproximar de mim, garota! – Ele diz irritado dando uns passos para trás.
-Não sou só uma garota, permita me apresentar coronel. – Ela fala e tira a capa da frente de seus olhos – Princesa Selene Brassard, filha do rei falecido Cadman Brassard e da rainha Dara Brassard Solveig que iniciou esta guerra com o reino Gouren... além de ser soldada e espiã do general Caspian.
O coronel Grant fica em choque e curva um pouco a cabeça, como sinal de respeito, mas a menina percebe que ele não gostou nada.
-Pode levantar a cabeça coronel e se quiser se retirar, fique à vontade. – O homem a olha com raiva no rosto enquanto ela vai falando – Creio que o general Caspian, o tenente-coronel Titus Roux e estes soldados são o suficiente para nos guiar até a guerra sem perdemos homens e chegarmos à linha de frente respeitando o serviço que ofereço.
-O que está sugerindo princesa? – O coronel Grant vocifera.
-Que não quebre a união das forças da família Roux com a família Brassard. – Selene fala sustentando o mesmo tom do início da conversa – Se seus homens não estiveram prontos amanhã para partir, creio que o rei, meu irmão, poderá entender errado.
-Discutirei esta questão com meus homens, se me dão licença. – O baixinho faz uma reverência a princesa e sai com alguns homens o seguindo.
-Você arranjou um problema para eu cuidar de novo? – Titus, o garoto de cabelo laranja, reclama com um pequeno sorriso a garota e se despede.
-Devo admitir princesa... mais um pouco e eu mesmo fazia o coronel se calar com meu punho em sua mandíbula. – O general Caspian fala.
-O que aprendi nessa vida curta general, é que nem sempre a violência cala. – A garota se aproxima dele sorrindo.
-Mas ela marca. – Responde de volta com o meio sorriso ainda no rosto e então se vira para o mapa – Por onde você esteve mesmo? Agora com mais detalhes.
A garota e o general conversaram por mais uma hora e depois ela deixou a cabana, se dirigindo a sua barraca. Enquanto caminhava, ouviu barulho de passos atrás de si, por mais que soldados passassem caminhando a sua frente e seu lado, os passos que ouvia paravam quando ela própria parava para cumprimentar alguém ou continuavam quando ela avançava.
Ela correu até as árvores da floresta que cercavam o acampamento e subiu o mais rápido possível em um tronco para observar, logo o homem que a seguia apareceu e ficou perdido olhando para a escuridão na floresta. Ela o esperou ir embora para sair e correu para sua barraca, mas levou outro susto ao ver um homem dentro de sua barraca.
-Titus? Agora você invade barracas além de trapacear? – Selene brinca com o amigo que estava sentado a esperando.
-Não vai me dizer que eu assustei a espiã! – Ele brinca também, mas logo fica sério – Eu nunca trapaceei Selene, nem vem inventar coisas...
-Não ouse mentir para mim, crescemos juntos no treinamento de soldados mirins, eu sei o que eu falo! -  A garota fala igualmente séria, mas como se fosse uma ordem.
-Sabe que eu não gosto de receber ordens. – Ele se aproxima dela e pega a garota com uma certa dificuldade pela cintura, a colocando em seu ombro direito como um saco de batatas.
-Então como está sobrevivendo no exército? – Pergunta e rapidamente passa a perna esquerda por trás do seu pescoço, prendendo lateralmente ele entre suas pernas enquanto sobe seu tronco e dá um giro fazendo o garoto cair de frente no chão.
O garoto conseguiu se apoiar nos antebraços para não cair de cara, agora ele está um pouco irritado, mas contente por sua amiga estar ali de volta.
-Quero ver se dessa vez consegue sair. – Ele continua deitado no chão e pega os pés da garota, os virando de posições, fazendo ela estar deitada com o punho esquerdo próximo ao coração e o direito próximo ao quadril, enquanto ele antes de joelhos se levanta, fazendo a garota ficar de cabeça para baixo.
-Você sabe que eu não ia bem em lutas no chão! – Ela fala um pouco mais alto que antes e a barraca é aberta por outros três homens, um deles que segurava comida, deixa cair os pães no chão.
-Poxa Gael, íamos guardar esses pães! – O ruivo, Marlon, diz e entra na cabana – Vocês já podem se largar agora.
Titus a larga com calma no chão e Selene se levanta rápido, batendo na bunda para tirar pedaços da grama.
-Oi pessoal, estou de volta! – Selene sorri para os amigos.
Gael, o loiro com o cabelo amarrado que segurava os pães antes e um garoto negro, Boris, que eram grandes e com muitos músculos abraçam a menina, tão forte que ela quase fica sem ar.
-Acho que já deu, estão a sufocando. – Titus dá batidinhas nos ombros dos garotos, fazendo os dois a soltarem.
-Você não tem direito de achar nada, estava quase matando a garota quando chegamos. – Boris fala avançando sobre Titus com os olhos semicerrados.
-Você sabe que não é assim... – Titus fala tentando não demonstrar nervosismo.
Os cinco cresceram juntos no treinamento de soldados mirins, Gael, Boris, Marlon, Titus e Selene, mas os meninos a tratavam como uma irmã mais nova. Quando Gael e Boris cresceram e se tomaram a forma de montanhas invés de homens normais, nenhum garoto ousou chegar perto do grupo, principalmente de Selene. Então os meninos que a incomodavam eram Titus e Marlon, mas a garota não deixava barato e sempre havia vingança.
-Ele não iria matar ela, pelo menos não até a noite de núpcias... – Marlon fala com malícia e cata os pães do chão.
Selene dá um chute em sua canela, o fazendo derrubar os pães de novo e dando gritos de dor.
-Você é terrível, Marlon. – Gael diz balançando a cabeça.
-Vou dar estes pães aos cavalos, já ficaram muito tempo no chão. – Selene pega os pães e sai em disparada até os estábulos.
Titus anda bem lentamente até os estábulos, diferente da garota, ele não tem pressa e admira as estrelas enquanto caminha.
-Você sabe que é brincadeira dele. – O garoto fala se aproximando da menina que alimenta um cavalo friesian, o seu cavalo.
-Claro que sei, mas como sou uma dama, não posso responder a altura também, por isso finjo estar com raiva. – Selene diz tranquilamente, com um meio sorriso no rosto.
-Eu achava que você se incomodava de verdade... – Titus ri e joga um pouco de terra no pé da garota.
-Eu queria que você achasse também. – Continua dando o pão para o cavalo, sem desviar o olhar.
O garoto pega o pão da mão dela e larga em um banco ao lado, mas continua a segurando.
-E o que mudou? – Pergunta analisando o rosto dela.
-Nós. – Ela responde e olha para baixo.
Ele levanta o queixo dela com seu dedo indicador enquanto dá um sorriso e se aproxima, mas os dois param quando um soldado chega correndo atrás de Titus.
-A princesa Selene está aqui? – Ele pergunta entrando mais no estábulo, fazendo os dois se separarem.
-Estou, o que aconteceu? – A garota se posiciona a frente do soldado.
-É uma mensagem real, do rei. – Responde mostrando uma carta com o selo real.
-Obrigada. – Selene falou e o soldado fez reverência, saindo e voltando ao seu posto.
Selene abriu a carta e leu na luz em que a lua fornecia para dentro do estábulo, a garota franziu as sobrancelhas ao final e olhou para seu amigo.
-Meu irmão solicitou minha presença, parece que vai haver um casamento importante. – Ela diz por fim.
-Tem certeza de que precisa voltar? No casamento de seu segundo irmão, você não compareceu... estávamos perto de ganhar a guerra, mas àquela altura o jogo virou. – O garoto lembra a menina, mas ela está distraída.
-Por que eu deveria voltar por um casamento enquanto estou no campo de batalha? Não faz sentido... – Fala pensativa, mas começa a andar de volta a sua cabana – Bom, se essa é minha última noite aqui por enquanto, devo passá-la com quem mais gosto.
O garoto ruivo a seguiu de novo enquanto abria um sorriso cada vez maior pela declaração da menina.
-Ou seja, com os meus irmãos! – Ela continua andando e não percebe quando o menino para.
Titus a olha se afastar e suspira, “quando ela vai perceber?”, se pergunta em silêncio.

No outro dia, Selene levanta com calma da manta que servia de cama para os soldados, para não acordar seus irmãos de consideração.
Apenas Titus que estava do seu lado, abre os olhos um pouco e segura seu calcanhar, fazendo a garota olhar para ele no chão.
-Eu não sei do que se trata, mas sei que você consegue! – Declara e a solta, fechando os olhos e dormindo de novo.
Ela sorri para o garoto e sai da cabana, o sol está recém nascendo e não há muitos soldados em pé, ela se dirige a cabana de comando e se despede do general.
-Se possível, volte o mais rápido para nós, tentaremos te esperar. – Ele diz fazendo reverência e então continuou – O exército sempre irá te receber.
A garota fica um pouco emotiva e abraça o general Caspian, ela sabe que não deveria fazer algo assim com seu superior, mas ela não sabe o que esperar no palácio, ainda não fazia sentido o pedido do seu irmão.
“Voltar da guerra por causa de um casamento?”, a garota sobe em Orion, seu cavalo preto e parece caçoar em seu pensamento, “espero que esse não seja o motivo principal”.

Dois dias depois de receber a carta, Selene chega ao vilarejo da capital de Aragon. Ela coloca sua capa para tapar seus olhos, com intuído de ficar irreconhecível pela vila e funciona visto que as pessoas continuam sua vida normal, sem dar muita importância para uma garota com um cavalo ao lado. Muitas pessoas parecem correr de um lado para o outro, como se algo grande estivesse para acontecer. Ela escuta duas senhoras conversando, e uma parte lhe chama atenção.
-É hoje que o rei irá se pronunciar sobre os boatos do casamento, você acha que é verdade? – Uma delas comenta.
-Espero que sim, se dermos uma princesa ao inimigo, isso não acabará? - A outra responde.
“Ao inimigo? Inimigo só há um... por favor, que essas senhoras não passem de fofoqueiras que ouviram um boato equivocado”, a menina sobe de novo em seu cavalo, mas dessa vez corre até a ponte central em que possui o portão principal, ela precisa saber do que as senhoras estavam falando.
Quando o guarda do portão principal reconhece a princesa se aproximando em seu cavalo, manda abrir o portão, a garota só passa correndo e continua até a entrada do palácio, com criados se mexendo para cuidar de seus afazeres dentro e fora do palácio.
Ela para com o cavalo próximo as escadas e pula, caminha pelos corredores do palácio com alguns criados a olhando de longe com os olhos arregalados, ela olhava para os lados como se estivesse perdida e logo acha um rosto familiar.
A loira sentada ao alto da escada se levanta assim que seus olhos batem nos da irmã, abrindo um sorriso e correndo ao seu encontro.
-Você chegou! – Aurora diz apertando a morena com um abraço, menos esmagador do que ela tinha recebido alguns dias atrás, mas o suficiente para demonstrar tamanha saudade – Já faz cinco anos, sua mentirosa! Você falou que ia visitar, mas... é uma mentirosa!
-Aurora, você viu o Kinsey? Tenho que perguntar algo a ele. – A irmã continua procurando com os olhos e recebe um soco na barriga de sua irmã, mas como Selene estava de armadura, quem se machuca é a loira.
-AI! – A garota reclama e fala irritada – Pode fingir pelo menos que estava com saudade?
Selene finalmente prende sua atenção a irmã, sorri e a aperta em um abraço seu agora – Desculpa, estou acostumada a ser direta e sem muito afeto por causa do exército...
-Deve ser horrível. – A garota responde olhando para cima.
A irmã tinha crescido mais que ela, tinha mais de sete centímetros de diferença com certeza e estava mais encorpada, possuía braços levemente definidos, pernas fortes e alguns arranhões em seu rosto.
-Na verdade, eu não acho... – Selene começa, mas para quando passos ecoam pelo palácio, descendo as escadas.
A garota se vira, para ficar de frente e observar quem vem, logo percebendo que era quem queria ver.
-Kinsey, pode me dizer por que voltei da guerra por um casamento? – Pergunta em disparada ficando em frente ao irmão.
Agora os laços de que era adotada estavam mais perceptíveis, Selene tinha quase a altura do irmão e parecia seu oposto. Sua família era tão loira, que pareciam ter cabelos brancos, peles pálidas e olhos azuis tão fortes, que davam uma impressão de ser água do mar.
-Irmã, entendo que cresceu fora do palácio, mas tenha modos, me chame de rei na frente de terceiros. – O garoto aponta com a cabeça para conselheiros em frente a uma porta aberta a direita no primeiro piso – Vejo você depois do seu banho, está precisando.
O irmão coloca a mão em seu ombro e passa trancando a respiração por ela, se afastando com um sorriso, para depois desaparece com os outros conselheiros dentro da sala.
-Eu não ia falar nada, mas já que ele falou... – A loira ri e puxa a irmã – Vou te acompanhar ao seu quarto, esse cheiro precisa desimpregnar antes da reunião.
-Faz dois dias que estou viajando, sem contar dos dias que não pude tomar banho por estar vigiando... que reunião? – A morena para de falar para lançar um olhar curioso a sua irmã.
-Reunião de família, estávamos esperando a sua chegada para declarar o que irá acontecer.
Selene fica confusa e Aurora apenas a acompanha sorrindo, está alegre de novo agora com a presença de sua irmã de volta ao palácio, parece que podem voltar a ser como eram, apenas duas irmãs fugitivas.


𝐈𝐬 𝐢𝐭 𝐟𝐚𝐢𝐫, 𝐨𝐫 𝐢𝐬 𝐢𝐭 𝐟𝐚𝐭𝐞? | ᴘᴇʀsᴏɴᴀɢᴇᴍ ᴏʀɪɢɪɴᴀʟ Onde histórias criam vida. Descubra agora