𝐈𝐬 𝐢𝐭 𝐟𝐚𝐢𝐫, 𝐨𝐫 𝐢𝐬 𝐢𝐭 𝐟𝐚𝐭𝐞? | ᴘᴇʀsᴏɴᴀɢᴇᴍ ᴏʀɪɢɪɴᴀʟ

Capítulo 4

Selene ouve batidas na porta, está deitada olhando para o teto com a roupa de mais cedo e grita para a pessoa do outro lado entrar.
-Você sumiu depois daquilo... – Aurora encosta a porta.
-Me desculpe, irmã! Esqueci que sua situação é tão horrível como a minha. – A morena se levanta e pega um papel com caneta de cima de sua escrivaninha – Já tem algum plano para se livrar do torneio? Estou pensando em vários...
A loira se senta na ponta da cama da irmã e a olha caminhando de um lado ao outro enquanto lê suas ideias, porém se mantem calada.
-Posso falar que estou grávida, aconteceu com alguém do acampamento... ou fazer um corte no braço, se eu falar que infeccionou duvido que nos coloquem para fazer alguma prova ou melhor ainda, se tivermos uma cicatriz no rosto, diga adeus aos pretendentes!
-Acho que está sendo muito extremista... – A loira fala esboçando um sorriso pelas ideias loucas da irmã.
-É que na verdade, acho que não temos escapatória. – Responde Selene colocando um sorriso triste no rosto.
-Eu não quero fugir, só quero me casar. – Aurora admite e se deita na cama.
-Claro, mas se casar com alguém que goste... não é? – A irmã se senta do seu lado, largando o papel e caneta na cama.
-Selene, acorda, não temos essa opção agora e nunca a tivemos realmente. – A garota com toda sua sabedoria de dezenove anos, faz a mais velha prestar atenção – Eu não sei como é crescer no exército, mas sei como é ser criada para se casar. Todo dia aula de etiquetas, de como tratar seu futuro marido, o que deve ou não deve fazer em sua presença, como se moldar para encaixar na descrição de melhor esposa.
Selene ouve a irmã atentamente, ela sabe que por ter abandonado essa vida, houve uma pressão maior na caçula.
-Eu estou cansada de morar no palácio, sei que pode soar idiota, mas todos os dias são iguais e com as mesmas obrigações, não posso sair para passear pela vila, não posso tomar banho de chuva e muito menos subir em árvores, não posso deixar meu cabelo solto de dia e definitivamente, não posso usar calças. - A garota se senta de volta e pega na mão da irmã - Eu só quero sair daqui, estou presa, casando-me pelo menos posso aprender a amar alguém ou redecorar toda nossa casa, com filhos então, não tem como ficar entediada...
“Temos vivido vidas muito diferentes apesar de sermos irmãs”, Selene pensa.
-Eu não tinha planos de me casar agora, gostaria de viajar mais sozinha e aprender coisas novas por onde for, sem me importar em me machucar ou se ficarei com cicatriz, mas eu já tinha combinado com um amigo sobre casamento. - A morena diz e Aurora parece prestar mais atenção a essa parte - Eu cresci com alguns meninos que considero meus irmãos, mas um deles me pediu em casamento, nós concordamos em casar quando eu estivesse pronta para largar o exército, que calculei ser em dois anos... teríamos uma vida confortável de amizade e tranquilidade juntos, espero que o torneio não estrague meus planos.
Aurora abraça a irmã e a morena é pega de surpresa, mas dessa vez retribui o abraço, sabe que a caçula precisava mais que ela.
-Podemos burlar o torneio, o que você acha? No final, você é quem fica com o príncipe! - Selene fala pegando sua folha de novo para anotar, mas a irmã não parece alegre com a ideia de se casar com o futuro rei.
-A questão do torneio é que mais nobres irão assistir... eu juro que não quero o príncipe. - Ela responde e se levanta - Vou voltar ao meu quarto, logo terei outra aula de piano.
-Nos vemos. - Selene se despede e fica sozinha no quarto, de novo.
"Por mais que as missões como espiã me deixassem solitária, é diferente do castelo, lá eu ficava sozinha porque não havia ninguém ao meu redor, já aqui... me sinto sozinha, porém estou rodeada por pessoas e ainda não sei em quem confiar".

Roland e Selene entram no quarto de Aurora sorrateiramente, pisando com calma para não fazer barulho e acordar a irmã antes do que haviam combinado.
Eles abrem seu armário e encontram calças igual as de Selene, então a garota se arrasta ao lado da cama da irmã que dormia profundamente e coloca as mãos em sua boca, fazendo-a acordar assustada.
-Somos nós. – Roland fala já ao lado da cama e jogando a calça na garota. - Você tem cinco minutos.
-Para quê? – A loira pergunta confusa.
-Vamos para a vila! – Selene responde mostrando um sorriso e puxa a garota – Seu pedido foi ouvido de braços abertos.
-Mas eu não...
-Rápido, Alba já está esperando lá fora. – Roland comenta e vai em direção a porta – Agora tem três minutos!