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YONGSUN

Minhas mãos escreveram os primeiros versos de morning involuntariamente, como se fosse parte de algo que o professor na minha frente estava falando.

A letra ficou rodando a minha mente a manhã inteira, me torturando para a colocar no papel, mas fazer isso tornava aquela briga, aquela dor e aquela sensação de término muito real.

Eu não falava com ela a uns dias, o que significa que eu estava com uma saudade extrema de cada detalhe dela e toda vez que isso acontecia, eu sentia a necessidade de escrever algo.

Caso você desapareça
Eu escrevi seu nome
Eu sinto falta do seu rosto
Eu me lembro de sua voz

—Isso explica o porquê de você parecer tão pra baixo hoje — A voz de Eric interrompeu a minha escrita, fazendo o meu foco retornar ao que estava acontecendo ao meu redor. O professor continuava falando sobre algo que eu estava muito distraída para entender, todo mundo parecia prestar atenção com excessão de alguns alunos que estavam cansados demais e se distraiam para não dormir no meio da aula. Eric estava sentado ao meu lado, olhando para mim com seus pequenos olhos castanhos, esperando alguma resposta.

— Do que você está falando?

— Você está escrevendo uma letra, certo? — Voltei a olhar para o papel, ele tinha lido o que eu tinha acabado de escrever. Não era preciso ser um gênio para ligar os pontos do meu humor a aquelas palavras e notar que meu relacionamento era o que motivo da minha chateação — Vocês brigaram?

— Foi algo tão estúpido que eu nem consigo lembrar. Mas já faz uns dias e eu tô com saudades. — O bico que se formou na minha boca era uma reação automática, a falta de Byul me fazia ficar tão mimada e manhosa quanto uma criança.

— Não esquenta, vocês vão se resolver logo, vocês sempre se resolvem. — Ele me deu um sorriso encorajador mas eu sabia que ele só estava falando aquilo para tentar me animar de alguma forma.

— Não Eric, tem algo diferente. Nós parecemos tão frágeis ultimamente. — Eu sempre pensei que Byul e eu éramos o casal que nunca mudaria, mas a distância parecia estar fazendo mais estrago do que eu tinha percebido. O amor ainda estava lá mas uma mágoa se instalava quando estávamos juntas mesmo que tentássemos ignora-la, ela sempre estava lá.

— Yong, não foca nisso. Vamos sair mais tarde, a gente conversa sobre e você vai falar com ela pra se resolver.

Eric tinha se tornado mais próximo do que eu esperava, ele era calmo, atecionso e paciente. Sempre me ouvindo falar horas e horas sobre coisas que eu gostava, incluindo Moonbyul.

Eu sabia do interesse que ele tinha em mim, ele não era bom em disfarçar, mas eu sempre deixei claro o que sentia por Byul e ele pareceu deixar esse lance de lado e focar inteiramente na nossa amizade. E estava funcionando, era bom ter uma amizade leve como aquela, amenizava todo o estresse que eu estava passando nas últimas semanas.

Então eu assenti e sorri agradecida, sabendo que teria o apoio e atenção do meu amigo assim que a aula acabasse.

...

02h16

Eric: Yong, você não precisa parar de falar comigo pelo o que aconteceu.

Eric: Foi minha culpa, eu estava bêbado e racionando pouco, me desculpa.

Eric: Eu sei que somos apenas amigos, não se preocupe, nunca vai acontecer novamente.

Eric: Por favor, não deixa um beijo estúpido estragar o que temos.

— Sabe, eu tenho uma teoria. — Ela não olhava diretamente para mim enquanto falava, seu olhar perdido num ponto aleatório do terraço. Bloqueio meu celular, deixando para responder as mensagens de Eric depois. — Eu não sou uma pessoa ciumenta, eu nunca fui. Eu sempre odiei esse sentimento e nunca fez sentido ter ciúmes porque eu sempre soube que eu era a pessoa que você mais amava. —Ela respirou fundo, limpando as lágrimas das bochechas — Mas eu não consigo sentir outra coisa além disso nesse momento Yong, e eu culpo essa estúpida noite, esse estúpido término.

Ela não parecia brava como eu esperava que ela fosse ficar na hora que vi o conteúdo das mensagens, ela só parecia cansada.

— Eu não tava procurando por nada, caso você esteja pensando nisso. Eu só estava te esperando e o celular não parava de vibrar. — Até sua explicação era feita com uma voz cansada, eu sabia o quanto sentir aquele ciúmes cansava Byul. — Eu só fui ver se não era sua família te procurando por causa de algo urgente.

Eu abri a minha boca para tentar falar algo, mas ela continuou.

— Eu não quero sentir isso, amor, eu não quero ser a ciumenta e nesse exato momento eu preciso que você me fale que o que eu estou pensando está errado, que o beijo de vocês não tem nada a ver com a decisão que você tomou quando terminou comigo.

Eu decidi dar a ela o seu espaço, então respondi da onde estava.

— Olha para mim. — Minha voz estava firme mas calma e  serena, algo entre uma ordem e um pedido carinhoso. Os olhos brilhantes focaram em mim, cheios de expectativas — Eu estava chateada e ele se ofereceu pra me ajudar. Nós bebemos e conversamos e ele me beijou. Foi só isso, eu não retribui e fui pra casa.

— Por que você não me contou?

— Porque eu não queria que você pensasse exatamente o que você já está pensando. Que foi o motivo para eu ter terminado.

— Ok. — Eu sabia que ela acreditava em mim mas ela não parecia menos chateada.

— Byul, nenhum ponto da nossa relação foi sobre alguém que não fosse eu e você. Nem o começo, nem o meio, nem o fim. — Mando o espaço pra puta que pariu, eu parei na sua frente, segurando seu rosto entre minhas mãos. Meus polegares alisavam seu rosto, secando as lágrimas enquanto minha boca se juntava a dela em um leve selinho — Vem comigo.

A última noite - Moonsun - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora