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MOONBYUL

7h00

Meus olhos se irritaram com a luz do sol vindo da janela aberta. Meu corpo estava tão cansado e meu sono interrompido só me deixava de mau humor.

Eu me espreguicei e me estiquei totalmente na cama, decidindo se deveria ou não levantar.

A cama parecia tão grande naquela manhã, como se algo tivesse faltando. Eu precisei de alguns minutos de preguiça para meu cérebro começar a racicionar.

As memórias da noite passada me atingiram e um desespero enorme me tomou.

Levantei num pulo, percorrendo todo o quarto mas Yongsun não estava lá. As lágrimas já caiam pela minha bochecha e a cada passo que eu dava na casa sem achar a minha ex namorada, pior meu choro ficava.

— Yongsun, por favor, por favor. — Eu não achava ela em canto nenhum, não era possível que ela só tinha ido embora. — Por favor.

Eu tinha olhado todos os cômodos possíveis, indo rapidamente de um pro outro, vasculhando, procurando algum sinal da garota.

Eu não acreditava nisso, ela tinha ido embora, tinha acabado tudo. O choro era tanto que eu nem conseguia respirar, um desespero enorme no peito.

Era real. Acabou tudo. Meus últimos anos, minha juventude, meus planos, Yongsun era tudo que eu conhecia e pela primeira vez desde que ela tinha entrado na minha vida, eu senti como se ela não fosse voltar.

Eu me deixei cair no sofá, usando minhas mão para cobrir os olhos, tentando impedir o fluxo de lágrimas.

— Byul? — A som da porta veio acompanhada da sua voz confusa, ela logo notou meu choro e veio as pressas me consolar. — Byulie, o que aconteceu?

— Eu.. — Ela estava ali mas eu ainda chorava, eu não conseguia parar. Eu nem tive coragem de tirar as minhas mãos dos olhos para realmente olhar pra ela.

— Ei, olha pra mim. — Suas mãos me seguraram, me forçando a olha-la. Os olhos castanhos me analisavam, eu podia enxergar toda a sua preocupação. — Respira comigo. Calma.

Eu fui acompanhando a sua respiração, inspirando e expirando no mesmo ritmo que ela, me acalmando o suficiente pra conseguir falar.

— Eu pensei que você tinha ido embora. — Minha voz ainda estava falhada.

— Eu tentei. — Um ar frio percorreu meu coração, em medo da possibilidade de Yong sumir para sempre — Mas eu não consegui sair daqui.

— Você realmente iria embora sem se despedir? — Yongsun jamais conseguiria ser tão filha da puta assim.

— Byul, a gente vai continuar se vendo sempre, nosso namoro acabou, mas nós ainda somos amigas. Certo? — Eu não queria ser chata, mas era impossível não soltar uma risada frustada, como eu poderia ser só amiga dela? — Byul, por favor, eu preciso de você na minha vida. — Eu conhecia aquela expressão, aquela suplica em seu olhar. Era o mesmo da nossa primeira briga.

Foi com aquele olhar que eu descobri que Yongsun tinha medo de não me ter por perto.

Eu estava tão cansada daquela porra de nostalgia. Aqueles pedaços de lembranças aparecendo na minha mente e só me lembrando tudo que eu estava perdendo.

O meu desespero ficou maior, a tristeza virou uma raiva irracional e tudo perdeu o sentido.

Eu estava começando a me conformar com o fim de nós duas mas agora que ele era real, agora que o sol tinha nascido, tudo parecia mais estúpido do que nunca.

— Yong, como nós vamos ser só amigas? Nós nunca fomos amigas, nunca. Nem quando deveríamos, nós sempre fomos mais. — Eu não queria brigar com ela mas o estresse que isso tudo tava me causando era tanto. — O que CARALHOS você quer que eu faça? — Eu estava gritando e andando brava pelo cômodo, não me permitindo olhar para ela. Eu sabia que a ver chorando ia estragar com meu plano de falar tudo o que eu estava pensando no momento. — Eu deveria fazer o que nos próximos meses? Achar outra pessoa? Como se eu não tivesse completamente apaixonada? Como eu vou superar você um dia?

Eu não sei como eu estava conseguindo falar tudo tão firmemente, mas de alguma forma, o choro não atrapalhava minha fala.

Nem no momento que eu finalmente olhei para ela, sentada no chão, desabando da mesma forma que eu desabei, eu consegui parar.

— Nós não somos namoradas de escola, nós não somos qualquer casal e você sabe. — Ela tentava não me olhar mas seu corpo não deixava, seus olhos voltavam para o meu, como eles sempre fizeram. — Você realmente espera que eu passe o resto da minha vida fingindo ser sua amiga, fingindo que eu não amo mais você? Eu deveria ver você construindo uma vida com outra pessoa como se você não me amasse? Que porra de vida seria essa?

Meus joelhos falharam, minha força tinha ido embora no fim do meu discurso. A tristeza voltou tão forte que eu só consegui ir para o chão antes do choro descontrolado voltar e acabar com toda a pose que eu estava mantendo.

Os braços forte de Yong me envolveram. Eu sentia suas lágrimas escorrendo na minha pele enquanto ela me segurava.

....

YONGSUN

15h00

Nós adiamos a minha ida da casa dela o máximo que conseguimos, ambas não queríamos enfrentar a realidade.
Então nós ficamos no quarto, vendo filme, rindo, conversando. Uma ligação falando que estavamos doentes e todas as nossas obrigações do dia sumiram.

Mas eu sabia que não podia ficar adiando isso por muito tempo, quanto mais eu esperava, mais doloroso ficava.

Era por isso que eu estava juntando minhas coisas e indo em direção a porta.

Byul não tinha falado nada, ela só me acompanhava atrás, esperando que eu saísse e tudo se tornasse real.

Eu respirei fundo ao girar a maçaneta e abrir a porta de madeira, tentando me manter calma.

— Sun. — A voz era fraca, mesmo que sua expressão tentasse permanecer firme, a voz mostrava toda a sua fragilidade. — Não some para sempre, ok?

Meu coração se encheu mais uma vez de amor pela mulher parada na minha frente. Um sorriso tão grande no meu rosto porque nesse momento eu percebi tudo.

— Byul, eu preciso que você preste muita atenção em mim, ok? — Eu segurei seu rosto em minhas mãos, suas bochechinhas amassadas pelas mesmas e seus grandes olhos brilhantes tornavam ela na pessoa mais linda do mundo. — Eu cheguei a uma conclusão depois de toda essa noite.

Seus olhos tinham medo e expectativa, Byul sempre era uma mistura de emoções.

— Alguns amores são fortes demais. O nosso é forte demais. Por isso é necessário ter cuidado, esse tipo de amor pode ser perigoso. Por isso nós estamos fazendo isso, nós estamos cuidando e dando espaço uma para a outra para que possamos chegar em um lugar onde conseguiremos viver esse amor sem nos magoar no caminho. — Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto mas meu sorriso continuava enorme. — Eu amo você, Byulie. Eu sempre vou amar você, e esse término não é para sempre. Nós vamos passar o resto das vidas juntas.

Ela me abraçou forte, aquele tipo de abraço que te faz sentir tudo.

— Você promete?

— Eu prometo, meu amor. Eu prometo.

....

A última noite - Moonsun - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora