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"Hey, você estava aqui", ri sem graça.
No fundo, eu estava mesmo era assustada por encontra-lo de repente. Não havia dúvidas de que os guardas eram muito discretos.
"Sinto muito se a assustei, e por estar tão próximo, fui responsável pela sua segurança hoje", ele não olhava em meus olhos quando falou.
"Ahn, tudo bem, só está fazendo o seu trabalho", voltei a caminhar pelo jardim para chegar aos corredores.
Percebi que ele me acompanhava por trás, ficamos caminhando por um bom tempo em silêncio total.
E não era um silêncio aconchegante.
"Dava...dava para escutar?", minha voz soou cautelosa.
Era óbvio que dava, mesmo que não tivéssemos nos afastado tanto do salão, as portas blindadas abafavam o som que vinha de dentro. Qualquer um que estivesse a alguns metros de distância e tivesse uma boa audição ouviria.
"O que ouvimos não nos diz respeito alteza", eu me virei para olha-lo, quase fazendo nossos corpos colidirem.
"Porque está falando assim? Mesmo trabalhando para mim, pensei que fosse meu amigo", ele deu um passo para trás.
"É a forma como eu devo chama-la"
"Não, não é", rebati, "você sabe que pode me chamar pelo meu nome quando estamos sozinhos", ele desviou o olhar, "você está estranho", afirmei.
"Não vai voltar para a festa?"
"Foi por causa do que você ouviu?", perguntei baixinho, "se você ouviu direito, sabe que não aconteceu nada"
"Luna, você não tem motivos para me dar explicações", um nó se formou em minha garganta.
"Não, acho que não", abracei meu próprio corpo, "mas se não tenho, porque você está tão incomodado, e não adianta dizer que não é por isso, porque você estava agindo normalmente antes, ou quase né", apontei meu dedo para ele.
"Não foi por nada"
"Foi sim, motivo tem", cruzei os braços, "você é meu segurança, o que eu tenho mais proximidade, e que conheço a um bom tempo, o suficiente para saber que esta incomodado com algo"
"E eu já disse que não é nada", resmungou.
Eu já sabia o que ele recusava a admitir, e só queria fazê-lo dizer com as próprias palavras. O simples fato dele parecer estar incomodado, talvez até mesmo com ciúmes do Nick, era extremamente reconfortante.
Se as pessoas sentem ciúmes é porque sentem algo pela pessoa em questão, não é?
Ele não parecia inclinado a confessar nada, mas eu não podia perder a oportunidade de provoca-lo. Além do mais, minha conversa com o Nicholas foi altamente esclarecedora de que não teríamos nada.
"Nada...sei", dei um passo à frente, "então quer dizer que sua estranheza não se deve a minha conversa com o príncipe Nicholas?"
"Eu já deixei claro que não cabe a mim se intrometer em seus assuntos"
"Se você ouviu tudo direitinho, notou que eu e o Nick não temos nada", falei suavemente e notei que ele quase revirou os olhos ao me ouvir chamar o príncipe pelo apelido.
"Não sei porque está tentando me explicar alguma coi...", o interrompi exasperada.
"Eu também não sei, porque por mais que eu tente você parece não querer me ouvir", bati o pé, "e também não entendo o motivo desse teu ciúme quando claramente sabe que eu não sinto nada por ele"
Ele me olhou surpreso e eu senti meu coração começar a acelerar as batidas.
Eu tinha mesmo dito aquilo em voz alta?
Tentei evitar a todo custo o seu olhar supreso sobre mim, enquanto esperava alhuma reação sua. Ele parecia ter sido petrificado no lugar.
"Eu...eu, vou para meu quarto", dei as costas para voltar ao meu caminho.
"Espera", segurou meu pulso me fazendo suspirar pesadamente. Ele pareceu querer falar algo, mas balancou a cabeça e desistiu, soltando meu pulso, "eu...a acompanho até seu quarto".
Pisquei repetidas vezes e assenti relutante, voltando a ficar de costas para ele por todo o caminho. Totalmente em silêncio.
[...]
"O que isso quer dizer?", andei de um lado para o outro na biblioteca.
"Que você talvez esteja paranóica?", Grace disse sentada na poltrona.
Já era umas duas da tarde do dia seguinte à festa do meu sobrinho, e meu objetivo de descansar ontem a noite para estar mais disposta as aulas dessa manhã foram totalmente jogadas da ponte, visto que passei a noite inteira remoendo o último acontecimento.
"Eu acho que você tem razão, estou ficando completamente paranóica", suspirei.
"Nossa, eu não imaginava que você fosse concordar comigo", me olhou estranha, "eu acho que você esta pensando demais amiga, tentando achar respostas no lugar errado"
"E como posso achar a resposta que me dirá se o Rafael gosta ou não de mim?"
"Só há uma maneira Lu, perguntando ao próprio", deu de ombros.
"Não, eu não posso simplesmente chegar e perguntar, ele vai achar que eu sou louca"
"Se te consola, a conversa de vocês dois que você me relatou, demonstra fortes indícios de que ele pode sim sentir algo"
"Acho que não consola muito, mas obrigada", me joguei na outra poltrona, "Porque precisamos crescer? Era tão mais simples quando nossa única preocupação era qual roupa nossas bonecas usariam na hora do chá"
"As vezes eu penso o mesmo", ela riu, "mas sabe, a cada segundo que se passa, a cada momento em que amadurecemos, é uma nova oportunidade que a vida nos dá de ser feliz, cabe a nos agarra-la ou não", apertou minha mão e me deixou com meus pensamentos.
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Luna - Spin Off
Teen FictionLuna não imaginava que sua vida mudaria tanto ao inscrever sua irmã em um concurso de princesas. E agora ela se encontrava ali, praticamente uma princesa, irmã de uma rainha, melhor amiga de outra... Certamente, tudo fora muito além de sua imaginaçã...