Poções realmente é algo fascinante não acha? Podem fazer literalmente qualquer coisa.
Faltava um tempo considerável para a próxima aula, então, após sair da sala, sentei ao pé de uma árvore e comecei a ler meu livro. Já havia terminado "Anne de Windy Poplars", agora estava no próximo: Anne e a casa dos sonhos.
Novamente, a autora me deixou pasma tamanho o talento que percorre suas veias:
"- Talvez sim. Prefiro viver cinquenta anos sensatos a viver cem anos de tolices.
- Imagine só como o mundo seria tedioso se todos fossem sensatos - argumentou Anne."Anne tinha razão, seria horrível viver em um mundo apenas com pessoas sensatas.
Falando em pessoas não-sensatas...
- Dotty, você está melhor? - perguntou Draco se sentando ao meu lado - Soube do incidente de ontem...
- Agora já estou melhor, foi só uma queda de pressão.
Ele ficou sério por um momento antes de falar, talvez baixo demais:
- Acho que estava bem quando deixou George colocar a mão em você.
É sério isso? Já não bastava o Cedrico?
Levantei-me e olhei em volta, a procura de George.
- O que está fazendo? - perguntou Draco já de pé.
- Provando que não represento as expectativas colocadas sobre mim.
Então, eu achei. Ele estava sentando em um banco com Fred ao seu lado, enquanto Ron, Hermione e Harry estavam sentados na grama bem em frente.
Caminhei até George e sentei em seu colo. Não, eu não errei, tive a ousadia de fazer aquilo bem debaixo dos olhos de Malfoy.
O ruivo não perdeu tempo, abraçou minha cintura e apoiou a cabeça nas minhas costas dando alguns cheiros no meu cabelo. Depois de alguns segundos, ele sussurrou no meu ouvido:
- Você é esperta, os dois estão nos encarando fixamente.
Não eram apenas Ana e Malfoy que nos encaravam. Na verdade todos do pátio pararam para ver a nova bomba do dia.
- Esta dando certo sabia? - Disse Ron olhando disfarçadamente para Draco.
- Acho que podem fazer melhor - disse Fred em resposta.
George me virou de lado, então seus olhos cor de mel me encararam e um sorriso malicioso estampou seus lábios. Movi um dos braços para sua nuca e fiz círculos distraídos com a ponta do dedo indicador enquanto olhava alguns pássaros na árvore.
Apenas quando seus dedos roçaram minha pele percebi que sua mão ultrapassou a capa e a camiseta, fazendo carícias distraídas na minha cintura.
- Acho que vou vomitar - Disse Hermione.
- Ah, a diversão nem começou. Draco ainda não deu um passo em nossa direção - respondeu Harry.
A mão subiu mais um pouco, me puxando para mais perto. Ele deve ter sentido meu arrepio pois riu um pouco e continuou as carícias.
Então, a outra mão antes apoiada em minha coxa, segurou meu queixo, mas antes de se aproximar ele fez um breve aceno com a cabeça, como se estivesse pedindo permissão. Em resposta, aproximei meu rosto do seu até que meus lábios tocassem os dele e nossas respirações se misturassem.
Sua mão desceu um pouco ainda por baixo da capa, com o dedão se enroscando no passante da calça. Uau, ele realmente era bom naquilo.
Uma mão me apertava levemente enquanto a outra já se aconchegava na minha nuca. Então seu rosto se afastou e George sussurrou fazendo cosquinha na minha orelha:
- Gostei disso, se despesa com um selinho e vá provoca-lo.
Se fosse com qualquer outra pessoa, teria dado um belo tapa. Mas era George, fizemos um trato. Então dei-lhe um selinho e caminhei de volta para a mesma árvore, onde Draco ainda estava de pé. Antes que eu pudesse sentar, ele segurou meu braço e disse:
- Por que fez aquilo?
Não respondi, apenas me soltei de sua mão e voltei a andar, até que ele gritou:
- Pensei que a Corvinal fosse sábia e inteligente o bastante para não beijar um Weasley!
Eu me virei, assim como todos. Silêncio invadiu o pátio, todos esperando uma briga feita com unhas e dentes. Mas minha língua era mais afiada que isso.
- Quer mesmo jogar esse jogo? Está bem, então vamos jogar.
Tirei a varinha do bolso traseiro e coloquei a ponta em meu pescoco, fazendo o feitiço amplificador de voz para que todos escutassem:
- Apesar de nossos melhores esforços, expectativas irracionais são colocadas sobre nós por professores, colegas e até por nós mesmos. Eu sou da Corvinal! Sou inteligente se isso já não fosse óbvio - dei uma risada e continuei - mas sou muito mais que isso. Sou criativa, talentosa, original, bonita... mais do que um livro didático ambulante ou uma aluna nota dez.
Draco deu um passo na minha direção, mas eu ainda não tinha terminado:
- Não sou alguém que você pode trapacear porque decidiu que a aula valeu a pena ou não, não sou alguém que você pode intimidar; especialmente quando entendo mais sobre você do que você sobre si mesmo.
Dei alguns passos em sua direção e olhando para todos a nossa volta, repeti:
- Eu sou da Corvinal! E estou cansada de me conformar com as expectativas colocadas sobre mim. Principalmente quando minhas atitudes não tiveram consequências a ponto de mudar a rotina de ninguém.
Guardei novamente a varinha e segui para o banheiro.
Apenas quando me olhei no espelho percebi que Luna havia me seguido. Ela já segurava meu cabelo quando me agachei as pressas diante do vaso sanitário.
- Você fez bem, todos nós estávamos cansadas disso. Você foi nossa voz - disse Luna ainda com as mãos delicadas envolvendo meu cabelo.
Após o vomito rápido cessar, consegui ouvir as palmas altas misturadas com assovios e xingamentos para Draco.
Luna pegou um pedaço de papel toalha acima da pia, limpou minha boca e disse:
- Vem, vamos para a enfermaria.
E ao receber os olhares alheios, percebi como podia incorporar minha Sonserina interior apenas com palavras.
»--- ★ ---«
Draco não se deu ao trabalho de olhar para mim pelo resto do dia. Eu não o culpo, também demoraria um pouco para me redimir.
Cedrico me apoiou bastante, abria o caminho com a ajuda de Luna, que cuidou de mim o dia todo; me livrava dos elogios compulsivos e apertos de mãos desnecessários enquanto passávamos pelos corredores.
Então, eu soube claramente o que era ter uma amiga: na situação em que eu mais precisava, ela foi a primeira à me ajudar; ficou comigo enquanto eu vomitava e tomava soro.
Isso é... fantástico.
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Querido Meio-Irmão
Fanfiction"Avada kedavra!" Espera, essa é a do Voldemort, vamos de novo: "Alohomora!" Não, ainda não é essa... Bem vindos ao Torneio Tribruxo, desta vez de um ponto de vista diferente. Eu sou Dorothy Williams. Costumava ser invisível aos olhos alheios e lev...