15 - Miwa Kageyama

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Se tudo deixasse de existir?

Se as coisas simplesmente desaparecessem? Assim como mágica.

Se... Eu nunca mais fosse vista em lugar algum?

Seria demais eu dizer que queria desistir de tudo que consegui nessa vida apenas por conta de um coração partido?

Parece tão estúpido sofrer por algo assim.

O que posso fazer? Afinal, foram mais de dez anos vivendo sob o mesmo teto da pessoa que eu amo.

Quando cheguei nos Estados Unidos, eu tinha por volta dos meus dez anos, se não me engano, ele tinha seus sete, mesma idade de Tobio.

Asuna, nossa tia e mãe de Reki, já desconfiava que possivelmente o filho seria ômega, dado aos altos níveis de filhos nascidos ômegas por parte da família de seu marido, eu já estava encantada por ele e depois dessa suposição, fiquei ainda mais.

Nós nos tornamos próximos com facilidade, eu o ajudava e vice-versa, já que na época, poucas crianças existiam no condomínio onde morávamos.

E não vou mentir, eu sempre amei tê-lo só para mim, assim como eu era só dele.

Quando entrei no ensino médio, foi que começamos a nos afastar, eu não poderia ficar com ele direto, pois precisaria ser a melhor em tudo, chamar atenção dos professores, ter a melhor nota, saber falar de uma forma coerente, afinal, a faculdade que eu queria entrar era nada menos que uma das mais concorridas do mundo. E física espacial era o que eu queria.

Quando eu chegava em casa, depois do cursinho, estava exausta, mesmo assim, eu sempre iria ver o Reki, e se ele não estivesse indo dormir, poderíamos conversar sobre como foi o dia dele ou qualquer outra coisa.

Quando passei por seu quarto, uma onda de decepção me atingiu, ele não estava lá. E com a tia viajando, eu possivelmente estaria sozinha.

Naquela noite, eu queria que ele só não estivesse em casa, pois assim a dor não seria tão grande, pelo menos não até o dia seguinte. Era o que eu pensei depois.

Quando entrei no quarto, nem percebi o cheiro um pouco mais doce que o normal, só percebi que ali, encolhido em vários lençóis e travesseiros meus estavam meu ômega preocioso, quando sua voz sussurrou meu nome de forma lenta e manhosa:

- Miwa...

Meu corpo gelou de uma maneira inexplicável. Eu nem sabia o que se passava com as coisas ao redor, tudo que eu queria era possuí-lo. Era seu primeiro cio, e eu quem iria cuidar dele.

Dessa noite só me lembro de flash, sua voz gemendo meu nome, nossos beijos e algumas vezes o vermelho de seus olhos apareciam em minha mente, como uma resposta de que tudo aquilo foi real.

Mas no dia seguinte, quando acordei com um grito assustado seu, percebi a loucura que fizemos.

Mas principalmente, por conta da única frase que saiu de sua boca, antes dele se enrolar em um dos lençóis e sair correndo do quarto:

- Isso foi errado, Miwa. Eu tenho namorado.

Logo depois de ter a noite mais feliz da minha vida, eu tive o dia mais decepcionante de todos.

Naquele mesmo final de semana ele levou o namorado para conhecer o resto da família.

Eu fiquei desconfortável, e aproveitei um encontro de colegas para fugir daquele clima.

O que eu poderia fazer? O outro alfa era simplesmente a pessoa mais deslumbrante, educado e doce que eu já vi na vida.

O tempo se passou e muita coisa mudou, as conversas de fim de noite não existiam, eu quase nunca via Reki em casa, a tia estava em um novo relacionamento e também quase não ficava em casa. Eu me distraia com os livros e mais livros, estudando coisas que eu só veria no final do ensino médio, eu precisava me ocupar em ser a melhor e nada menos que isso.

Kagehina - DestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora