04 - Um Encontro Imprevisto

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Foi no dia seguinte que algo mudou definitivamente.

Hinata se despediu de Kageyama e disse que o esperaria no terraço, já que o professor disse que queria falar com o levantador.

Assim que passou pela porta que dava ao terraço da escola, os olhos de Tobio foram automaticamente para um cigarro que o ruivo levava até a boca.

- Não mesmo. - falou e apagou o cigarro, assim que tirou dos dedos do outro.

- Oe, Oe, Oe. Bakageyama, o que deu em você?!

- Não quero que fume.

- E que autoridade você tem para me dizer o que posso ou não fazer, hein?

- Eu... Nenhuma. - respondeu e desviou o olhar

- Ok, não fumo quando você estiver por perto. - deu de ombros.

- Não quero que fume, Hinata. - o que estava falando? Que merda Kageyama estava na cabeça?

- Você não tem querer, Kageyama. - falou sério e andou para um lugar com sombra, onde havia deixado seu almoço e uma garrafa de suco. - Não posso deixar de fumar. - disse, se arrependendo logo em seguida.

- Porque não?

Ele sabia a resposta, ele não sabia só o porquê de ter falado aquilo.

- Vício? Sei lá. E eu também nunca tentei parar. - mentiu. Já havia tentado parar, mas as consequências para um viciado largar o vício não eram nada agradáveis.

- Você joga vôlei, boke. Isso vai fazer mal para você. Pode ser agora ou no futuro, e acho que você já sabe disso não, é?

- Tsc, Tsc. Parece meus pais falando. Vamos comer!

- Quer que eu te ajude?

- Em que?

- A parar. - Tobio se perguntava porque queria tanto ajudar alguém que praticamente acabou de conhecer, isso vinha martelando em sua mente já fazia uns bons minutos.

- Não. Estou bem. Também não sei se você já percebeu, mas sou ômega. Quantos ômegas você já viu jogar profissionalmente? - arqueou uma sobrancelha em busca de resposta - Nenhuma! Porque não existem. Porque somos proibidos. Então, tecnicamente, minha carreira estava fadada ao fracasso desde o início.

- Mas depois daqui, pode jogar em um time da faculdade, ou sei lá.

- Não vou fazer. Não quero perder tempo com essas merdas. Só estou terminando o ensino médio para conseguir um emprego decente.

- Você poderia ser o primeiro ômega a tentar virar profissional, essa ideia não te agrada?

- Ser o primeiro significa enfrentar barreiras, sacrifícios e tentar não cair por conta dos outros. Não quero ser o primeiro. Então, não, não me agrada essa ideia.

- Você é difícil.

- E você se acha o dono da razão.

- Eu sei que não tenho o direito...

- Que bom que sabe. - o cortou antes que continuasse.

O clima ficou estranho. Não falaram nada mesmo depois de terminarem o almoço.

Quando Hinata percebeu que faltava pouco tempo para irem embora, percebeu que o alfa dormia, numa posição no mínimo dolorida.

Sorriu com a cena. A face serena de Kageyama adormecido não parecia nada com a que ele esbanjava quando estava acordado. Parecia mais leve.

Hinata só não sabia que a causa disso era ele.

Sem pensar muito, trouxe Tobio para seu colo e apoiou a cabeça do maior em suas pernas, fazendo carinho nos cabelos lisos.

Kagehina - DestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora