Capítulo 5

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As luzes da mansão Collins podiam ser vistas a uma distância consideravelmente grande. Os postes de entrada seguiam o caminho para que as carruagens parassem na frente da grande escada que levava até as portas da mansão. A família Collins era a família mais rica de Ouro Verde, e gostavam que os outros soubessem disso ao caminhar pelo grande jardim ornamentado com árvores podadas em formatos excêntricos por topiaria. Francis ficou por minutos olhando um cachorro podado, foi preciso Lemont puxá-la para subir as escadas.

Os irmãos foram os primeiros a subir, entrando no local e acenando para o gentil moço que abriu as portas do salão. Já era de se esperar que qualquer entrada vinda das grandes portas aguçasse a atenção dos presentes. Mas, nenhuma outra chamou mais atenção que a entrada dos Mentis.

Os irmãos Mentis não eram de usar terno, mas, nas poucas ocasiões que se permitiam fazer o gosto da sociedade, era inegável o quanto ficavam irresistíveis. Incrivelmente charmosos aos olhos das mulheres.

E um deles tomava proveito disso, Lemont Mentis sabia chamar atenção e, principalmente, que os olhares femininos o seguiam pelo salão. Seu charme era inegável, e com a junção de sua boa lábia, tornava o jovem Lemont um exímio conquistador de corações. Em cada degrau da escada, ele desceu com a sua marca, um sorriso malicioso estampado em seu rosto, usando os penetrantes olhos castanhos-esverdeados para flertar. Olhos de um perfeito libertino.

O seu irmão mais velho, por outro lado, não se importava com os olhares que recebia. Sentava em uma mesa longe de todos, pegava seu fiel companheiro, um livro. Ele não sabia, mas sua atitude fugaz e misteriosa durante as festas, só aumentavam seu charme. Uma vez ou outra, tirava uma dama para dançar, causando suspiros ao passar a mão nos finos tecidos da escolhida quando a segurava pela cintura. Por ser recluso, não fazer nada e não criar confusão no trabalho ou na vida, diferente do seu irmão mais novo, os únicos boatos que lhe cercavam eram, exatamente sobre isso, ele não fazer nada. O chamavam de indolente, pois ele não fazia nada, ao menos nada para alimentar as línguas afiadas. Os maiores boatos eram sobre ele viver escorado na riqueza deixada pelo pai, por isso, não procurava trabalho.

Claro que os jovens Mentis não se importavam com os boatos, entravam nos salões sabendo que chamariam a atenção, mas seguiam seus caminhos, livres.

Fazendo um pouco o gosto da tia, Paul foi o primeiro a chamar uma dama para dançar. As damas solteiras que ficavam esperando até que um cavalheiro as convidasse para dançar, balançavam os pés frenéticos sentadas à mesa, lançando olhares singelos para os homens no salão.

A jovem de vestido branco e tons bege entre os bordados da longa manga, sorriu ao ver a mão estendida do jovem Mentis em sua frente. Aceitando o convite, comemorando com a amiga ao lado por ser escolhida por um Mentis.

Lemont sentou-se em uma das cadeiras, pegando uma bebida que um dos garçons passou oferecendo. Analisando o local, respondeu com o seu sorriso ao encontrar olhares em sua direção.

Francis avançou para a mesa com as comidas. Tentou manter a postura elegante, mas perdeu tudo ao ver a torre de chocolate que derramava o doce em ondas. Olhou de um lado para o outro, pegando um dos morangos em uma bandeja e melando com a calda. Enfiando o morango todo na boca antes que a calda pingasse em sua roupa.

O mais velho dos Mentis não perdeu tempo, sorridente, sussurrava cortejos para a dama com quem dançava. Fazendo a moça ruborizar e tentar manter os finos gestos ensinados pela mãe: sorrisos delicados e singelo.

Francis começou a bater as palmas das mãos no ritmo da música, com as bochechas estufadas de morango, olhando de um lado para o outro. Esperava alguma confusão, como alguém caindo no meio da pista, alguém bêbado tropeçando nos tapetes cor de vinho espalhados pelo salão. Mas a festa estava parada demais para ela. Roubou outro morango melado de chocolate. Quando se deparou com um círculo de crianças que pareciam estar se divertindo mais que os adultos que precisavam seguir normas de etiquetas até para levantar o dedo mindinho. As crianças rodavam de mãos dadas, pareciam brincar, quando uma criança soltava a mão por escorregar da roda, era jogada para dentro do círculo. Mas, não tinha só crianças. Tinha uma jovem, Francis presumiu que ela e a moça tinham a mesma idade. E logo mudou de ideia sobre o seu propósito na festa quando viu a jovem sorrindo ao lado das crianças, queria fazer uma amiga. Quando a jovem sentou à mesa após ser expulsa do círculo ao soltar a mão de uma criança, Francis pulou para a cadeira ao lado com a cabeça inclinada para a moça.

Por Todas As Coisas Não Vividas - Série Amores em Ouro Verde: 1 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora