Capítulo 2

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Gregório recebeu o cavalo das mãos de Francis. A jovem observava o seu irmão, ainda cambaleando para descer as escadas da casa. Paul limpou os lábios com farelos de pães e guardou o lenço com um bordado dourado com suas iniciais: "P.M.". Feito com carinho pela sua tia que o entregou de presente quando completou 28 anos. Ele passou o polegar no cabelo de sua pequena barba no espaço entre o queixo e seu lábio inferior. Sua barba não era grande, era ligada às suas costeletas, mas estava sempre feita, milimetricamente perfeita para cobrir o seu maxilar, acentuando o formato oval do seu rosto. Seu queixo era pontudo e tinha uma fina divisão no meio, o qual ele não gostava, por isso deixava sempre sua barba pronta para escondê-lo.

— Irmão! — Ela o chamou, acenando para ele.

Ele levantou a sobrancelha ao ouvir seu nome, buscando quem o chamava.

— Estou aqui — Francis surgiu pelo lado esquerdo da casa. — Você bebeu ontem? O que houve? Você não é de beber.

Ele desceu os últimos degraus para recebê-la.

— Não tive uma boa reunião com alguns clientes. Eles... — Ele coçou a nuca — pensaram estar contratando o Francisco — Respirou fundo, tentando fugir do pensamento que o atormentou por anos. — Isso não importa. Onde foi? — perguntou.

— Jogar. — Ela não deixou de notar que a luz solar o incomodava, resultando nos olhos pequenos que não permitiam ver o brilho verde-claro do seu olhar.

— Entendo.

— Não seria melhor beber apenas nas festas? — Provocou ela, batendo no ombro esquerdo dele.

— Prefiro beber jogado em um bar sem ser julgado em cada copo que encostar na boca. Mas não vou negar, sou muito fraco para bebidas.

— Compreendo — Ela estalou os dedos. — Vamos ver os convites. Já devem ter chegado.

Ela puxou Paul pelo braço, aproveitando-se da falta de equilíbrio do irmão, fazendo-o parecer uma massa mole de pão crua ao subir a escada para a porta principal.

Os convites foram separados pela governanta da casa, Judite, onde o seu perfeccionismo não a permitia deixar os convites na mesa sem antes alinhá-los e dividi-los por tamanho.

— Nós sempre vamos à festa dos Collins. — Paul cruzou os braços sobre o peito. — Todo mundo só vai na dos Collins. Por que ainda quer ver os outros convites?

— Gosto de ver as letras. — Ela percorreu com seu polegar nas pontas dos convites.

— Você vai para a festa desta vez? — Ele soltou os braços ao perguntar.

— Sim, ela vai. — A voz de Rosali foi encorpada pelo eco da sala.

A tia surgiu, segurando seu gato como um bebê tomado banho, escovando os pelos do animal em toques leves com seus dedos, era como passar os dedos em nuvens brancas e macias.

— Minha flor, — Rosali soltou o gato no chão, que correu para esfregar-se nos pés das calças pretas que Paul usava — precisa ir desta vez.

Francis sabia onde essa conversa ia chegar. Temeu o rumo de conversas assim desde que completou dezoito anos. Sua tia não se casou, então, passou todos os anos da vida de Francis, amargurando o pensamento da jovem de como esse fim não era agradável. Francis emburreceu-se tanto nos últimos 2 anos, que passou, até então com seus 20 anos, evitando a conversa e as perguntas da tia sobre seus namorados.

Ano passado ela não foi ao baile dado pelos Collins, pois adoeceu. Tia Rosali considerava a festa dos Collins como a oportunidade perfeita da sobrinha de encontrar um noivo. Felizmente, Morgali nunca foi assim, nunca se importou e não mostrava seus filhos como um prêmio para ser conquistado. A mãe não pressionava Francis sobre isso. E a jovem torcia para que continuasse assim.

Por Todas As Coisas Não Vividas - Série Amores em Ouro Verde: 1 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora