• 2. A casa do sócio é o lugar mais conveniente para vivência, todos os amantes compartilham do mesmo teto, nos tornando um só.
E cá estamos novamente realizando os termos do contrato, cada passo era necessário e eu estava levando o acordo a sério. Assinar um papel para me mostrar ciente no que eu me meti? Tanto faz, mas agora eu só o queria ao meu lado, dividir meu namorado não poderia ser tão fácil assim.
E eu me pergunto, se aprenderei a amar os outros três igualmente.
O termo dizia que eu teria de abandonar meu apartamento, vivi maior parte da minha vida adulta sozinha e agora me mudaria para uma mansão afastada, foram simples as palavras que ressoavam nos meus ouvidos: "venha morar comigo", para mim era como o céu na Terra.
Gastei meu dia inteiro arrumando algumas caixas, malas e mochilas com todas as minhas roupas e pertences, o chão estava lotado de coisas, era uma completa bagunça e mal havia espaço para andar, Simon avisou que me buscaria em casa para a mudança, saiu direto da empresa e veio ajudar pessoalmente, não demorou para que aparecesse na minha porta.
O homem alto e bem vestido diante de mim, era meu namorado, de terno e gravata elegante carregando consigo a notoriedade de chefe da empresa. Um verdadeiro profissional.
— Não ligue para o terno — balançava a gravata, o que era engraçado. — Vai trazer o guarda roupa ou minha namorada para morar comigo? — ele me puxou gentilmente para perto, apertando de leve meu quadril, sabia muito bem provocar.
— Vou deixar somente as roupas lá — retruquei ainda sem conter os risos.
— Nesse caso vou ter muito o que vestir — o mesmo pega um vestido longo de uma das caixas e sobrepõem o corpo. — Fiquei uma gracinha, admita.
— Hah idiota! — sem fôlego tomei o vestido para guardá-lo novamente. — Vamos arrumar logo!
Eram diversas caixas leves e pesadas, o carro felizmente tinha espaço para todos os pertences e de lá iríamos direto para a mansão. A última caixa por um lado carregava algumas tralhas enormes, agarramos as bordas e levantamos de uma vez — ainda sendo difícil para nós dois. Simon apertava os olhos se esforçando para não deixar cair minhas coisas, ele cerrou levemente os dentes, e logo as covinhas de cada canto apareceram, eu não sabia explicar como gostava tanto desse detalhe, mais do que o próprio homem, era adorável.
No carro pude dar o meu último suspiro aliviado. Ele arrumou o retrovisor e afrouxou o nó sufocante da gravata, por que me sentia tão tensa só de pensar nas pessoas que encontraria por lá? Ei meu nome é Daisy, e sou a nova namorada do Simon... Prazer! Então vocês são os tão aclamados namorados do Simon, sim ah eu também... Oi... Eu sou a nova namorada de vocês, Daisy... Sinceramente, só de pensar em como me apresentar me dá dor de cabeça. Talvez não seja tão assustador quanto parece ser.
O caminho para a tal mansão era bastante longo, eu tentei ao máximo deixar a brisa afora me acalmar respirando fundo várias vezes, a mão do maior desprendeu o volante e repousou em minha perna.
— Fica calma.
Estava tão nítido assim? Era gentil de sua parte se preocupar comigo, e só de saber desse fato me sentia mais calma, não o bastante até vê-los pessoalmente, ainda grande parte de mim desejava que aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto.
Os minutos se passaram e o ar foi se tornando mais leve, a paisagem verde era tão pura de se ver que mal acreditei em tal beleza, era uma natureza tranquilamente divina. Sem forçar o olhar pude ver logo na frente um pequeno borrão da grande casa, demoraria tão pouco até chegarmos lá. Como esperado, meu namorado me olhava de relance preocupado, ele se esforçava para não parecer abatido, mas eu sabia que estaria tão nervoso quanto eu, e para piorar: o meu coração congelou quando finalmente percebi que o carro havia parado.
Não muito longe estavam três pessoas caminhando para perto de nós, foi quando olhei para Simon e senti meu rosto se esquentar de tão nervosa, em resposta recebi o mais belo sorriso do maior que me deixou tranquila para receber os amantes. Eu saí do carro confiante e ele fez o mesmo, nos direcionamos para frente e esperamos até que os demais se aproximasse o bastante de nós. Estava tão admirada ao lugar, realmente existia uma grande mansão longe da cidade!
Quando volto a realidade lá estavam eles, sérios de braços cruzados nos encarando profundamente. Eu não senti que era totalmente bem-vinda, o que foi um grande tormento, os olhei aflita e nada mais valia minha companhia. Em vão esperei Simon falar alguma coisa, o que não aconteceu.
— Prazer, meu nome é Daisy — e claro, minha apresentação não foi muito planejada.
Um silêncio se alastrou e meu coração quebrou-se em pedaços, eu me sentia julgada da cabeça aos pés.
— Feng Yan. Não liga para as caladas, desaprenderam a falar como gente — este era um homem alto, tinha o físico um tanto musculoso e traços levemente chineses, por mais crítico que tenha sido sua fala era a única desconcertada, provavelmente por ser um estrangeiro.
— Você é o único que não sabe falar. Meu nome é Maya — friamente se apresentava a mulher de porte sério, ela não parava de me encarar.
— Prazer! Eu sou a Kiara — gentilmente acenou para mim, sorrindo de forma tão amável, pois de todos foi a única contente com a situação. Ela parecia atenciosa e isso era um tanto fofo.
Eu olhei surpresa para Simon, certamente não esperava por isso, ao contrário do que eu imaginei, todos eram bastante diferentes e tinham seus pontos marcantes, é difícil julgar como seria conviver com os quatro de uma vez, e em um lugar tão grande.
— Eai — o chinês pôs uma mão em meu ombro. — Foi no parque?
— Oi?
— Ele nunca muda o lugar — Maya veio ao lado do maior. — Que clichê nos pedir em namoro no mesmo lugar, Simon.
Simon por um lado riu sem graça e desviou o olhar, estava muito mais inquieto que de costume. Esclarecendo os comentários, tudo indicava que o mesmo havia levado cada um para o parque, pedindo-os em namoro e em seguida explicou o contrato. Eu me senti desnorteada por um momento, supondo que para muitos seja memorável o esperado pedido de namoro, e até então eu considerava o parque um lugar feito só para nós dois, mas agora sinto que foi só um lugar qualquer.
— Vocês podem me ajudar a levar as caixas para o quarto? — ele finalmente disse algo.
— Ahn, não.
— Não.
Respectivamente, Yan e Maya se retiraram do local e adentraram a mansão, Kiara pediu desculpa pelos dois e os seguiu para dentro sem pensar em pegar uma caixa.
Simon bufou cansado, quando voltou a me olhar começou a rir. Ele conhecia essas pessoas, mas eu não, e por isso eu não achava graça, bagunçou um pouco meu cabelo e foi até o banco de trás pegar as caixas, caminhamos juntos até a porta da frente e percebi que me observava.
— Foi só a primeira impressão, amor. Ainda vão te conhecer melhor — ele se inclinou até a altura dos meus lábios e os selou.
O tempo passou e até que juntássemos todas as caixas do carro, o céu escureceu. Nessa ida e volta pude olhar ao redor da mansão e era realmente bem iluminada, o chão bem ilustrado e o teto um tanto alto por conta das escadas. Eu já estava um tanto cansada pelo retiro, segui Simon pelos corredores e ele me mostrou o quarto que ficaria. Me tranquei no cômodo e pude finalmente me deitar cansada. Eu estava fazendo tudo isso por ele ou por mim?
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Poliamor
RomanceMe apaixonei por uma pessoa adorável - eu juro - e contava com ela para me fazer feliz, o que eu não sabia mesmo era não ser a única da relação. Minha assinatura nesse contrato era essencial para ter ao meu lado quem eu queria, e eu não ficaria sozi...