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Any Gabrielly

Caio no sofá logo depois de uma faxina completa em casa. Passo a mão no rosto pra tentar tirar o suor mais logo faço uma careta ao encostar no meu machucado. O machucado que Daniel me deu ontem, logo após eu apanhar por não querer ir pra cama com ele.

Levanto do sofá e vou até o banheiro. Fico em frente ao espelho observando meu rosto machucado. É um corte na minha bochecha. Não está tão fundo, nem tão superficial. 

Tiro meu vestido ficando apenas de lingerie na frente do espelho do banheiro. O espelho está com um trinco de fora a fora. Daniel o quebrou em um dos seus surtos.

Observo meu corpo, procurando os defeitos que Daniel sempre pontua. Mas não consigo enxergar nada. Vejo apenas uma garota pálida, fraca, com marcas nos olhos, machucados e roxos espalhados pelo corpo. 

Passo a mão na minha barriga e sem querer uma lágrima involuntária cai sobre minha bochecha, queimando o corte no meu rosto.

A limpo imediatamente e entro em baixo do chuveiro. Tomo um banho rápido sem gastar muita água. Se eu demorar muito no banho, eu apanho.

Saio e coloco uma camisola rosa, Daniel a deixou em cima da cama antes de ir trabalhar.

Não gosto de usar camisolas, por isso coloco um moletom preto grande por cima.

Abro o guarda-roupa e procuro por alguma pomada pra cortes e roxos no corpo. Logo que encontro passo por quase todo meu corpo, em todos os machucados. 

Vou até a cozinha e começo a preparar a janta. 

Caminho até o armário pra pegar as coisas pra fazer um macarrão e passo o meu olho pelo calendário grudado na geladeira. Hoje é quarta feira. 

Quarta feira é o dia que Daniel sai do trabalho mais cedo, ou seja, ele vai para o bar ou para alguma boate. E chega em casa bêbado. 

Estremeço e pego o macarrão o deixando na pia. Pego uma panela grande e a encho de água. Tentando ignorar as minhas mãos, que estão começando a tremer.

Termino a janta e me encosto no armário, olhando para o relógio e vendo as horas passando. 

23:00 

Me aproximo da janela da sala, ela está fechada, mas tem um trinco que dá pra ver algumas coisas lá fora. 

Começou a chover, e está ventando muito. As arvores estão balançando muito. Já era pra ele estar aqui. 

Penso em comer e ir deitar, mas decido ficar e esperar. Vou apanhar de qualquer jeito.

Me sento no sofá com meu coração batendo rápido, pensando na minha família, se eles ainda lembram de mim, se eles pensam em mim..

Quando eu tinha dezoito anos, comecei a namorar com Daniel. Três meses depois, ele falou para morarmos juntos, e eu aceitei. 

Meus pais não aceitaram, até porque a gente conhecia ele a apenas três meses. Não sabíamos nada sobre ele ou sobre a família dele, ele apenas apareceu do nada. E eu, totalmente ingenua, achava que estava apaixonada por ele. Então eu fui.

Fugimos de casa e viemos morar aqui. Aqui onde eu moro, é um lugar afastado da cidade, cercado por arvores e riachos. 

Vejo um carro parando em frente a casa e meu estomago gela. É ele, Daniel chegou.

Me arrumo no sofá e junto minhas mãos em cima da minha cocha, secando o suor que escorreu delas. 

A porta abre com tudo e um cheiro forte invade minhas narinas. É um cheiro de bebidas fortes com drogas. 

𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄 || ʙᴇᴀᴜᴀɴʏOnde histórias criam vida. Descubra agora