Capítulo 7 - Eliza

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Acordo assustada com as batidas insistentes na porta. Merda, merda, merda! Alguém batendo com tanta pressa assim só pode ser meu senhorio. Ai, Deus, ele não pode me expulsar daqui essa semana. Essa semana não! Ela já foi o suficientemente ruim. Faço um cálculo rápido, tentando me lembrar o quanto do dinheiro da faxina eu gastei e o quanto sobrou. Pouco, muito pouco e, definitivamente, insuficiente para apelar que ele tenha misericórdia de três meses de aluguéis atrasados. 

Se eu ao menos tivesse conseguido a porcaria do emprego. A mera lembrança me faz agarrar uma almofada da cama e pressionar contra o meu próprio rosto para abafar meu grito de frustração! A internet não caiu, eu simplesmente enviei o e-mail para pessoa errada. Qual a possibilidade? Eu já digitei aquele endereço de e-mail tantas e tantas vezes, mas dessa vez eu esqueci a droga do U. Uma letra, uma única letra, e uma brincadeira inocente foi parar nas mãos de uma pessoa completamente desconhecida. E que pessoa, logo aquele homem! Nunca me senti tão humilhada na vida quanto quando ele soltou aquelas palavras me perguntando sobre a minha virgindade. Deus, eu não consigo repeti-las nem em pensamento. Uma prostituta, ele achou que eu era uma prostituta...

E as coisas que eu disse, as respostas para as suas perguntas! Eu disse que esperava um homem velho e careca, ou uma mulher! Meu Deus! Eu disse que não faria diferença, eu aceitaria qualquer opção. Aproveito a almofada ainda no meu rosto para dar mais um grito, embora nada disso apague minha vergonha ou meu sentimento de indignação, existe uma coisa que torna tudo menos pior, a certeza de que nunca mais vou vê-lo na minha vida.

Mais batidas altas soam na porta e eu percebo que perdi meu tempo precioso antes de abri-la pensando naquele homem maldito, ao invés de em uma desculpa convincente para seu Josias, que está na minha porta, pronto para me chutar para fora da única casa que eu poderia pagar se eu tivesse um emprego. Onde diabos eu estou com a cabeça? No homem, que pode até ser maldito... Mas era um gostoso também... Minha própria mente responde à minha pergunta silenciosa e eu faço cara feia para ela, para mim. Porque ele é um babaca, arrogante e prepotente, que me chamou para uma entrevista mesmo achando que eu era uma puta, mas depois ficou me julgando por isso.

Eu tive muito tempo para repassar cada palavra dita naquela sala uma e outra, e outra, e outra vez, e cheguei a dois resultados possíveis: ou ele recebeu o e-mail e achou que seria divertido me humilhar por isso, ou gostou dos absurdos que eu escrevi e queria que eu fizesse o que disse que faria, mas algo, provavelmente a minha aparência, o fez mudar de ideia. Mas considerando que eu realmente não ache que um homem como aquele, rico, poderoso, mortalmente lindo e com aqueles olhos, precise de uma prostituta, o mais provável é que fosse a primeira opção, o que só me irrita mais, porque, para minha infelicidade, eu dei a ele exatamente o que queria, minha humilhação.

− Já vai! -Grito para a porta, de onde batidas insistentes continuam a vir, obrigando-me a levantar da cama. Já que a tática de fingir não estar em casa, claramente não estava funcionando. Arrasto meu corpo para fora do meu projeto de colchão e coloco os pés o chão frio, sentindo imediatamente uma onda gelada despertadora de cérebros sonolentos. Apoiando as mãos na cama, me impulsiono para cima, finalmente me levantando. As caixas de roupas logo a minha frente são meu primeiro destino, afinal, diferente do que aquele imbecil acha, eu não sou uma prostituta, e não vou atender meu senhorio de calcinha e sutiã...Babaca, mas se ele não tivesse falado do e-mail, você bem que teria beijado ele, mesmo com raiva! Será verdade o que dizem? Que com raiva é mais gostoso?...

Cala a boca, Eliza! -Resmungo para ninguém além de mim mesma, enquanto visto uma camiseta e um shortinho jeans. As batidas altas voltam a soar na porta e eu passo as mãos pelos cabelos, tentando organizá-los rapidamente, já que, obviamente, seu Josias não está no clima de esperar.

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