O1.

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No momento em que colocou seus pés na quadra, uma onda de gritos e declarações foram jogadas na sua direção. Todos os dias, quando dava o horário exato do treino do time de basquete, as arquibancadas eram invadidas por uma manada insana de alunos - muitas vezes multidões se formavam na entrada e nas janelas, já que os bancos não suportavam ou não tinham tanto espaço assim para tanta gente.

Virou rotina estar sempre sob os holofotes dos demais alunos, quando se é o astro do time de basquete, o capitão e o cara mais "gostoso" do colégio - ou da cidade, quem sabe -, ter toda essa atenção acabava se transformando numa espécie de rotina. [Nome] já estava acostumado com o caos que se instaurava sempre que ele chegava nos lugares, mas isso não significava que ele gostava.

Às vezes, sua mente gritava silenciosamente por um pouco de paz, senão, apenas silêncio. Ele não se importava com os olhares, com os rostos corados ou com as cartas e presentes que recebia todos os dias, não, ele só queria um pouco de paz. Ele, somente ele e um pouco de silêncio.

Para ele, não era pedir demais. Mas para os seus "fãs", parecia que era uma tarefa impossível.

Mesmo agora, durante o treino rotineiro do time de basquete, ele era jogado num abismo de admiração superficial e gritos de motivação baseados em nada. Seus colegas de time apenas sorriam presunçosos, aproveitando-se da atenção que ele recebia para tentar se exibir para as garotas gostosas que não tiravam os olhos dele - nunca dando o prazer de vossas declarações ou olhares falsamente apaixonados para outro senão ele.

Eles tentavam, mas sabiam que nada daquilo era direcionado a eles. Alguns compreendiam a sua grandiosidade, outros apenas o invejavam, com olhares hostis escondidos num falso sorriso de simpatia. 

Era fácil para [Nome] ler as pessoas, no entanto. Era fácil para ele identificar o desejo, a inveja, a luxúria por detrás de cada sorriso que lhe era lançado, era simples ver a verdadeira aura das pessoas e o que elas queriam dele. Eles poderiam tentar, mas ele era melhor. E ele sabia disso.

O treino ocorreu bem, sendo o capitão, era seu dever auxiliar os demais jogadores naquilo que tinham dificuldade, assim como organizar o time e bolar estratégias para situações difíceis durante os jogos oficiais da temporada escolar - esses que não estavam longe.

Apesar dos gritos estridentes que preenchiam as arquibancadas, o som do apito indicando o fim do treino soou como um aviso celestial de que ele estava livre. Após um aceno de cabeça para os colegas de time, ele saiu em direção ao vestiário, ignorando os chamados de seus admiradores. Um suspiro audível e cansado preencheu o local vazio, ele andou apressadamente até seu armário, pegando suas coisas e saindo rapidamente pela saída de emergência - onde era menos propenso de ter uma multidão o esperando.

Após o treino, ele não tinha mais nada a fazer além de voltar para casa. Todos os dias, a mesma coisa.

Todos os dias, bombardeios aleatórios são jogados em sua direção e ele ignorando tal incômodo.

Todos os dias, antes de ir para casa, ele ia até o parque infantil que havia por perto, sentando-se num dos balanços enquanto sentia a brisa contra si, alguns fios de seu cabelo [cor] dançavam sutilmente enquanto seu corpo era abraçado pelo frio que vinha acompanhado com a noite.

O céu outrora alaranjado, dava lugar ao breu. E a pouca iluminação lhe permitia expressar um pouco do descontento que tinha. O belo rosto que sempre carregava uma expressão estóica agora tinha uma feição cansada, quase triste. Os olhos caídos enquanto estava curvado, os braços apoiados nas pernas, cabeça baixa e apenas o som do farfalhar das árvores eram ouvidos. Silêncio.

ALL I WANT - One Piece x Male!Reader. [DESCONTINUADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora