Callie
- Quando eu falei para vocês namorarem um pouco eu estava falando para ficarem de mãos dadas no sofá, não fazendo safadeza de porta aberta, Callie!
Minha mãe estava indignada pelo que viu, já faz trinta minutos que a Arizona saiu do quarto e a dona Lúcia ainda está brava por não termos trancado a porta.
- Mãe, você e o papai estão na minha casa. Eu moro sozinha com a Sofia que mal sabe andar direito e a Arizona que no momento está tendo autorização para entrar no banheiro quando quiser. E outra, por que abriu a porta?
- Você é minha filha, eu que fiz você! Não tem nada que eu já não tenha visto e eu queria te avisar da empregada te procurando. Não imaginei que ia ver a Arizona daquele jeito.
- Então não entre mais sem bater, que tal?
- Tudo bem. Filha?
- Sim – a olhei pelo espelho da penteadeira, estava terminando de arrumar meu cabelo.
- Você e a Arizona estão namorando?
- É complicado, quero fazer o pedido mas estou bem insegura ainda.
- Peça logo, ela é uma boa garota.
Ela deu um beijo na minha testa e foi apressar meu pai para de aprontar. O jantar começa daqui uma hora, o tempo está passando voando e Arizona não parece estar feliz com a vinda da Lauren, sinceramente também não estou mas como a convidei não faria tal desfeita de desconvidar.
Quando desci a minha filha já estava pronta no colo da loira, eu amo como as duas se olham, um amor puro. Minha mãe e pai estão sentados no sofá da frente observando a loira e a neta, parecem orgulhosos, tive que parar para apreciar a cena, é tudo que tenho sonhado a tanto tempo. Ali estava a mulher que eu amo, a filha mais linda do mundo ficando cada dia mais inteligente e meus pais que estão orgulhosos de mim e da vida que decidi levar. Não esperamos que quando alguém entra na nossa vida ela irá mudar tão drasticamente, quando o coração está partido achamos que ninguém vai querer juntas os caquinhos, mas ela quis, chegou desobedecendo regras, cometendo erros e tentando concertar tudo com o sorriso mágico dela e agora eu não consigo imaginar a minha vida sem ela. Isso é assustador.
- A mamãe chegou, olha – a loira falava com a voz fina e logo meu bebê tratou de me olhar e sorrir com seus dentinhos curtos.
Me sentei ao lado da loira e da pequena Torres. Tudo parece tão perfeito que eu poderia ficar aqui para sempre, mas para sempre não existe já que a companhia da porta tocou anunciando a chegada da Lauren.
- Pega ela, eu abro a porta.
Colocou Sofia no meu colo e a vi indo até a porta a abrindo em seguida.
Arizona
- Oh a babá – sorriu falso correndo os olhos para dentro da casa procurando eu sei exatamente quem.
- Senhorita Lauren, a Senhora Torres está com os pais e a filha na sala. Te acompanho até lá.
- Os pais dela também vai fazer parte do jantar? Interessante.
A levei até sala me prontificando a sentar ao lado da minha filha e mulher, realmente não brigo por ninguém, sempre tive um lema de “se a concorrência, eu serei a desistência” quando se trata de pessoas. Nunca competi para ter ninguém comigo, mas eu odeio a Lauren, não vou perder a minha futura família pra ela.
- Senhores Torres – ela os cumprimentou sorrindo – não sabia que estariam aqui, é um prazer conhecer meus futuros sogros - falou animada.
E um silêncio pairou sobre a sala, ninguém teve reação nenhuma. Eu queria chorar, mas me contive. Lucia quebrou o silêncio rindo como se a mulher tivesse contado uma piada, eu amo a Lúcia.
- Eu sou Lúcia e esse é o Carlos – retribuiu o comprimento – mas creio que eu já seja sogra de outra pessoa, querida.
Ela fez uma careta horrível e optou por se virar para mim e Callie.
- Boa noite, amor. Está linda como sempre, e a nossa princesinha?
- Ela está ótima, Lauren.
Callie esta nitidamente desconfortável, mas não corta as investidas da loira, isso me incomoda. A empregada entrou em segundos avisando sobre a mesa posta e todo mundo se encaminhou para lá em silêncio, ela fez uma cara terrível quando me sentei a mesa e sei que ela não vai deixar passar.
- A babá vai sentar conosco? Posso ajudar com a janta da Sofia.
- Ela não é uma babá, querida. Ela é a outra mãe de Sofia. - Lúcia a enrarou.
- Acho que está equivocada, Senhora Torres. Calliope é mãe da Sofia, sua filha não seria doida de dar a própria filha uma empregada como outra mãe. Além do mais, Arizona nem estaria altura da sua filha.
- Não entendo aonde que chegar senhorita Lauren, Arizona é uma moça incrível, tem muita a ensinar a Sofia e tenho certeza que muito amor para dar também. Quem seria uma mãe melhor, você? - Lúcia mantia uma postura impecável enquanto fitava a mulher.
- Com certeza eu seria uma opção bem mais viável que a empregada, não? É óbvio que alguém como ela não quer nada além de dinheiro.
Aquela conversa foi a coisa mais humilhante que já presenciei, se eu pudesse sumir eu faria. Callie esta em silêncio, não esboça nada. Estou tendo que ser defendida por Lucia e isso é ridículo.
- Com licença, vou me retirar. Se precisarem de algo estarei na cozinha a disposição.
Sai o mais rápido que pude, força nenhuma seguraria minhas lágrimas que já estavam por todo meu rosto.
- Ari, não fica assim – Lúcia entrou na cozinha me abraçando de lado - você é muito superior a ela, é perfeita para Sofia não tenha dúvidas. E já te considero minha nora.
- Não considere, eu amo a Sofia mas o silêncio da Callie me falou muito hoje. Ela sempre da encima da Callie e ela da corda para Lauren continuar. Talvez ela seja sua futura nora mesmo, eu sinto muito por estragar o seu jantar Lúcia. – voltei a chorar eu seu ombro.
- Vem cá minha menina- me puxou para um abraço direito- você não estragou nada, ela estragou. Já foi embora, Carlos pediu que ela fosse, não se preocupe com isso que amanhã irei arrancar a orelha da Callie fora – disse me fazendo rir.
- Eu vou dormir Senhora Lúcia, estou cansada. Novamente sinto muito pelo jantar.
- Durma menina, amanhã é um novo dia.
Nos despedimos e passei pelo salão de jantar e estava vazio. Fui direto pro meu quarto, tomei um banho e fiquei pensativa na cama. Eu realmente não tenho nada a oferecer a Sofia, talvez seja melhor ela ter outra visão materna tão boa quanto Callie e eu continuo sendo só a babá. Assim a vejo crescer e não influencio ela a ser uma ninguém como eu.
- Arizona? – batidas na porta me dispersaram.
- Tá aberta.
- Podemos conversar? – disse já entrando e fechando a porta atrás de si
- Não acho que temos o que conversar.
- Desculpa, por não ter te defendido, eu simplesmente congelei. Tenho medo da Lauren tirar a Sofia da gente mas não deveria ter deixado ela falar assim com você – ela sentou beirada da cama.
- Eu jamais deixaria alguém falar que você não é o suficiente para Sofia ou que não tem nada a oferecer para ela Callie. Eu passei semanas imaginando se a gente vai ter um futuro, se vou poder estudar e ser alguém como você, ser alguém para menina que eu estou criando com você. Deus sabe o quanto eu quero o bem da Sofia, pra você deixar alguém entrar aqui e falar que eu não sou o suficiente pra ela. Posso não ser para você, nem me comparo com as outras mulheres que você tem aos seus pés. Agora falar que sou insuficiente pra minha filha não. Eu daria minha vida pela dela se fosse preciso.
- Ari, me perdoa, eu sei que você é a melhor para ela, ela te olha como olha para mim e isso é lindo. Somos mães dela, estamos criando ela juntas, desde o dia que ela chegou eu sabia que você está sempre com ela. Lauren não entra mais aqui, ligo amanhã para minha advogada e solicito outra assistente social. Mas por favor me perdoa.
- Vamos conversar amanhã, que tal? Estou cansada.
- Tudo bem – me deu um beijo que eu não consegui repreender, eu amo essa mulher. Logo ela saiu do quarto e eu pude então dormir.
Aquela sensação chegou, eu sabia que estava sonhando. Engraçado que nunca pareceu sonho, era mais como uma lembrança. Estou em um quarto cor pêssego, tem poster de bandas antigás na parede, a lua está refletindo na janela. Vou até uma penteadeira e me sento. Quando eu digo que não parece um sonho é porque tenho total incapacidade de fazer algo, meu movimentos são automáticos como se já tivesse acontecido.
Um susto tomou conta de mim, essa é a primeira vez que tenho a oportunidade de me olhar no espelho durante os sonhos. Não sou eu, pelo menos não fisicamente. Uma garota ruiva é quem reflete no espelho, tem sardas e um lindo olho verde.
Pegou um caderno com cadeado de dentro de uma gaveta, uma caneta que estava no potinho e abriu o cadeado com uma chave que achei que era um pingente do colar que estava usando. Então começo a escrever.
Querido diário,
Hoje foi um dia corrido, ajudei a minha mãe
a terminar de arrumar minha festa de dezoito
anos, logo vou para faculdade então minha
mãe realmente está feliz por dar essa festa.
Eu estou feliz também, estou encerrando um
ciclo, logo estarei na faculdade em outra cidade
estarei definitivamente morando com a Callie,
fazendo a faculdade e construindo nossa história.
eu espero ter uma grande casa um dia, filhos
uma empresa, sei que o casamento para nós
não é legalizado, mas podemos casar do nosso
jeito, nossa família e amigos, eu realmente não
me importo contando que eu fique com a menina
que eu amo. São tantas expectativas, e sei que
sou nova ainda, mas já são tantos sonhos para
realizar, tanta gente para conhecer, tanto
lugar para viajar, livros para ler, filmes para ver,
aniversários para comemorar. Minha vida está
apenas começando e espero que cada segundo
valha a pena. Prometo amanhã escrever como
foi a festa.
Com amor, Louise.
Acordei chorando, eu sonho com Louise.
- Louise.
________________________________________Mais um capítulo, eu revisei mas irei revisar de novo mais tarde.
Muito obrigada por quem está lendo e bom feriado ❤️❤️
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Em outra vida - Calzona
FanfictionCallie perdeu o amor da sua vida quando ainda tinha 18 anos. Viu todos seus planos de ter uma linda família se desfazendo e não teve nada que ela pudesse fazer a respeito. Focou em sua carreira virando uma das empresárias mais bem sucedidas do país...