A Descoberta

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Catarina estava passeando na Vila com sua prima, Beatriz, quando pararam na biblioteca favorita da moça. Algumas edições novas haviam chegado e ela estava implorando por algo escrito por suas autoras favoritas, mas nada novo  havia chegado. A jovem achava uma pena que elas já estivessem mortas, visto que leria todas as suas obras em qualquer época da vida e adoraria se perder em um de seus romances.

Quem a via pensando nisso até achava que ela dava para uma romântica incurável, mas casamento estava longe da sua lista de prioridades, o que chocava sua mãe e, no momento, Beatriz:

- Não acredito que você, - Beatriz olhou para a prima de maneira desconfiada – você mesma, leitora de tantos romances apaixonantes não consegue ao menos considerar se casar.

- E não sei por que você ainda se surpreende, Beatriz. – Catarina retrucou. - Não é algo que é uma prioridade para mim.

Por mais que preferisse que um raio caísse em sua cabeça todas as vezes em que sua mãe mencionava esse fato, ver o desespero de Beatriz era tão absurdo que era engraçado. Catarina poderia ir ao inferno por isso, e que Deus a perdoasse, mas se divertia demais com as reações da prima.

- Você sabe que não tem escapatória, não é? – Beatriz continuou, como se estivesse arquitetando um plano. – Meu baile de aniversário está chegando e estou tão animada, Catarina!

- Já está com tudo planejado? – Questionou enquanto varria as prateleiras da biblioteca com os olhos.

- Ora, mas é claro que sim! – Os olhos de Beatriz brilhavam. – Tudo está organizado. O jantar, as músicas, as danças... você precisa dançar com alguém em minha festa de aniversário. Não é um tópico aberto a discussões.

- E como vou saber se alguém vai querer dançar comigo? – Implicou Catarina. – Você sabe muito bem que todos os homens fogem de mim.

- Obviamente porque você espanta todos eles com esses seus assuntos de negócios, política e tudo mais. – Beatriz disse, soando como se a prima, ou qualquer mulher, não pudesse falar sobre tais assuntos.

- E o que tem de errado nisso, Beatriz? – Indignou-se. – Não é sobre isso que homens conversam uns com os outros? Por que não haveriam de me ouvir?

- Você é mulher, Catarina. – Beatriz deu de ombros. – Nunca vão lhe dar oportunidade de ser ouvida sobre esses assuntos. Homens acham que mulheres só sabem falar sobre costuras, cuidar da casa e do tempo! - Fingiu estremecer.

- Isso não é justo!

- Não, não é. – Beatriz olhou a prima com uma afeição que rapidamente mudou para seriedade. – Mas você sabe bem que não vai conseguir arranjar ninguém se continuar assim.

- Meu Deus, Beatriz! – Catarina olhou para os lados, para ver se as duas não estavam sendo seguidas. – Você soou igualzinha a minha mãe nesse exato segundo. Vamos trocar de assunto antes que você se transforme em dona Elisa mais rápido do que o vento sopra.

- Credo! – Beatriz depositou três tapinhas na madeira de uma prateleira que estava próxima. – Adoro tia Elisa, você sabe, mas não sei se gostaria de ficar com esse tipo de pensamento o tempo inteiro.

- Então não fique! E seja você mesma, com suas próprias opiniões! – Catarina deu um sorriso cúmplice para a prima.

- Você é impossível! Sabe disso, não é? – Beatriz empurrou levemente um dos ombros contra os da prima, numa forma de carinho.

- É claro que sei. – Catarina sorriu. – Agora vamos ver os vestidos que sei que você está louca para provar.

As duas saíram da biblioteca depois de pegarem alguns livros emprestados e seguiram para a loja de roupas mais famosa da região.

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