Capítulo V - Reunião de Última Hora

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Fiera Vosky atravessou aquele salão, virou à direita na última porta e depois a primeira esquerda, chegando às escadas. Subiu os lances correndo, apressado para alcançar a sala de Lorde D'Avigna, que se encontrava no meio do corredor após o quarto lance de escada.

— Senhor! — exclamou enquanto levava a mão à porta e a empurrava, sem respeitar códigos universais de ética, como o "bata antes de entrar!".

D'Avigna que anteriormente trajava uma vestimenta azul e amarela, vestia agora uma armadura de malha, feita sob medida e de tom branco acinzentado, assim como as paredes do castelo e do exército de Odora.

— General, já não disse para...

— Senhor, não temos tempo para isso. A patrulha de Lorde Karmus foi atacada — disse interrompendo Sir Robert.

O Lorde ficou atordoado, pego de surpresa por essa notícia.

— Venha comigo — ordenou ao general, pondo-se a andar depressa.

Andaram mais alguns metros naquele corredor até chegarem ao fim, em uma uma grande porta.

Toc, toc! Lorde D'Avigna batia à porta.

— Quem seria? — respondeu uma voz do outro lado, rabugenta, adiantando que não esperava visitas.

— Senhor, sou eu, D'Avigna. Tenho algo urgente a dizer.

— Pois, entre.

Ao abrirem a porta, puderam ver Lorde Patafar Cornelius atrás de uma mesa, debruçado sobre algumas folhas e com uma pena na mão, molhando-a no tinteiro. Ele lançou um olhar de desprezo aos que entravam.

— O que houve?

— Karmus retornou. Eles foram atacados e parece que ele está ferido.

— O que?! — disse o velho rabugento se levantando imediatamente, totalmente preocupado, muito distinto do homem que era no momento anterior.

— Apenas ele e um cavaleiro sobreviveram ao ataque dos Sombras — completou o general.

— Como isso foi acontecer?! Eles não foram para noroeste?! — dizia Cornelius, muito irritado com a situação.

— Sim, senhor. Assim como havíamos combinado! — explicava D'Avigna.

— Os Sombras estão mais destemidos, senhor. O rei precisava ser alertado — sugeriu o general.

Patafar lançou um olhar de reprovação ao general.

— Pardais não precisam ensinar águias a voar, general, assim como nós não precisamos das suas conclusões infrutíferas — resmungou o Lorde Supremo, passando entre os homens que se encontravam em frente à porta.

Eles se dirigiram de volta até o início do corredor e subiram mais alguns lances de escadas, até chegar ao último andar do castelo. Lá se encontrava o lugar de glória: o aposento real.

Patafar se aproximou da porta de ferro adornada por pedras preciosas e bateu suavemente.

— Majestade, o senhor está aí?

— Entre, Cornelius!

Patafar empurrou a porta com as duas mãos, já que idade tirara dele as forças que o faziam abrir com apenas uma destas.

O aposento real era enorme. Havia uma cama grande o suficiente para dez pessoas. Um grande tapete ao chão, feito de um tecido mais nobre do que qualquer cidadão vestia e móveis adornados por todo cômodo. Além de duas enormes poltronas, feitas de pele de Lobos Reais, voltadas para uma grande lareira.

O rei se encontrava de pé, olhando pela janela, admirando algo no céu.

— O que quer agora? Já vou me ajeitar para o jantar — O jovem rei respondeu, adiantando a provável advertência de Patafar.

— Na verdade, majestade, acho que não haverá mais jantar!

— Como assim?! — esbravejou virando-se bruscamente em direção a porta. Moveu os olhos castanhos para os outros dois que ainda não haviam dito nada. — E o que eles fazem aqui?!

— Karmus foi atacado. Parece que os responsáveis por isso foram...

— Os Sombras — o rei completou a fala de Patafar, sem demonstrar nenhuma reação ao saber do ataque. — Era exatamente sobre isso que eu estava pensando.

— O ataque a ele veio em bom momento — prosseguia a majestade —, agora temos como justificar meu plano, caso alguém venha a descobri-lo.

Os três homens respiraram fundo, recebendo com espanto a tranquilidade do rei frente àquela notícia.

— Qual plano?! — perguntou em tom preocupado D'Avigna, que temia que envolvesse ele e seus homens.

O general também não gostou muito de saber que o rei tinha um plano que tornava a morte de trinta e nove homens uma coisa boa.

— Os recrutas deste ano passarão por uma pré-seleção.

— Para quê?! — indagou Patafar, ainda sem entender.

— Examinaremos quais deles estão aptos para se tornarem tão bons quanto Os Sombras. Os que passarem serão treinados para caçá-los e executá-los — explicava o jovem, com muita tranquilidade sobre o que planejava.

Patafar sorriu ao ouvir a ideia.

— O senhor quer treiná-los para serem assassinos? — exclamou indignado o general.

— Se o senhor não concordar, posso tirá-lo do cargo de general — sugeriu em tom generoso o rei. Fiera Vosky havia enfrentado muitos inimigos e era considerado um homem destemido por toda a península. Mesmo assim, não tinha a frieza de olhar nos olhos de sua majestade e enfrentá-lo, então, calou-se.

— O que acha Sir Robert?

— Majestade, me parece uma excelente ideia! — respondeu de maneira neutra. — Mas precisamos elaborar um método de como fazer isso.

O general o olhou pelo canto dos olhos, não reconhecendo o Lorde que ali falava, mas nada disse, voltando a encarar o rei.

— Eu já o tenho.

O rei parecia estar pensando naquele plano há muito tempo.

— Pois, explique-nos... — sugeria a velha voz de Patafar, enquanto dirigia-se a uma poltrona no meio do aposento.

Os olhos do rei começaram a brilhar, refletindo o fogo da lareira e falando com muita empolgação em como transformariam a companhia Júnior I em excepcionais combatentes.

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⏰ Última atualização: Apr 23, 2021 ⏰

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