Capítulo III - Os sombras

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Após recrutarem vinte garotos, Lorde Karmus e seus homens chegaram ao local onde o último seria recrutado.

O recruta vinte um aguardava de pé, em frente a sua humilde casa em um descampado, acompanhado de um casal que eram, aparentemente, seus pais. A mulher chorava e o homem olhava atentamente para os homens que se aproximavam.

Sir Karmus aproximou-se da família com seu belíssimo cavalo branco e pôs-se paralelo ao rancho da casa.

— Meu nome é Karmus, sou Lorde Imediato de Odora e estou aqui para recrutá-lo, assim como ordena a sexta lei do Regimento Supremo. Pegue suas coisas e monte em um dos cavalos com garotos — disse, colocando-se a cavalgar novamente.

O menino, que não teve tempo de respondê-lo, aparentava um semblante infeliz por partir. Virou-se para seus pais e deu-lhes um abraço. Karmus, com seu cavalo parado a 5 metros da família, disse, sem olhar:

— Vamos, não temos tempo — colocando-se a marchar e tomando a dianteira da tropa de quarenta guardas.

O vigésimo primeiro correu até o cavalo que carregava outro garoto e montou-o, rapidamente, com ajuda de seu novo companheiro de viagem.

Assim, que Karmus percebeu o garoto sobre o animal, aumentou o ritmo e a tropa pôs-se a cavalgar depressa. Marchavam novamente para a capital, para concluir a tarefa que aquele Lorde considerava ser uma desonra ter de executá-la.

Aquela patrulha estava a noroeste da península, cerca de um dia de cavalgada do castelo, em uma região muito tranquila e bem dominada pelas tropas odorianas.

Cavalgavam por cerca de cinco horas noite adentro quando a chuva começara a se tornar mais pesada e trovões a entoar a jornada. Os soldados e, principalmente, os garotos estavam cansados, uma vez que não costumavam cavalgar. Então, um soldado que estava à frente da patrulha acelerou sua cavalgada, rompendo a formação dois a dois, e alcançou Sir Karmus, emparelhando seus cavalos.

— Senhor, permissão para falar.

— Diga.

— Não seria melhor pararmos? Os homens e os garotos estão cansados.

— Não, volte para a formação. Cavalgaremos sem interrupção até a capital — exclamou, sem ao menos olhar para o soldado a quem se dirigia.

— Mas, senhor, nós...

— AUTO! — Karmus fizera a tropa toda parar. Contornou o cavaleiro e emparelhou pelo lado esquerdo. Olhou-o nos olhos com arrogância.

— Você é alguma espécie de Lorde que eu não saiba? Está no comando?

— Não, senhor — respondeu prontamente o cavaleiro, olhando fixo para os olhos de seu líder temporário.

Karmus era o Lorde responsável pela Coleta de Informações, então não tinha o costume de lidar com soldados. Além disso, a fama de Karmus chegava aos soldados por reclamação da população e isso gerava uma enorme tensão entre eles. Não era atoa que Sir Robert D'Avigna, o Lorde Imediato responsável pelo exército não tinha boa relação com Sir Karmus Yakai.

— Então, obedeça: volte a formação e ponha-se a marchar ao meu comando.

Os outros soldados olhavam para aquela humilhação com desprezo, mas o que poderiam fazer? Afinal, ele era um Lorde, devidamente constituído, do Círculo dos Executores. Tinham de obedecê-lo.

Antes que o soldado se reposicionasse com seu cavalo, o instinto de Karmus soou um alarme. Ele sentiu algo errado. Havia algo observando-o, atrás das tropas. Como não estava a mais de um braço de distância do cavaleiro, lançou os braços sobre ele, agarrou-o pelos ombros e puxou-o para si. O homem caiu sobre o cavalo de Karmus, que o usou como escudo. Duas flechas, que deveriam penetrar o peito do Lorde, cravaram nas costas do pobre soldado. Este soltou um urro de dor.

Península de Odora - O treinamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora