Capítulo- 45 Vai embora da minha casa

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Hellou Keráidas Fiquem Avonts em mais um capítulo
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- Eu estou disposta a aprender, a tentar recuperar esses anos perdidos. Preciso de tempo e paciência, minha cabeça ainda não é tão livre, mas se for pra te ter de volta eu faço tudo. Não queria que fosse assim, mas receber a noticia que você foi baleada e foi levada ao hospital às pressas me fez perceber que não dá mais pra seguir a vida sem você.

Pela primeira vez, Mirella olhou-a no fundo dos olhos e enxergou a mulher que tanto amou um dia, que a criou com garra, que superou todos os obstáculos para lhe dar uma vida melhor. Os bons momentos falavam mais alto e conseguia notar arrependimento, mas mesmo assim não era tão simples. Era tarde demais; foi muito machucada e nada anularia os anos anteriores. A prática do perdão não era fácil.

- Poderia ter percebido antes. – fungou. – Já viu que eu tô bem? Pode ir embora agora.

- Filha...

- Por favor, vai embora da minha casa.

Sutilmente, Stéfani olhou para Márcia, que logo entendeu o recado. O limite já tinha sido atingido e respeitaria. Com isso, se levantou e ajeitou a alça da bolsa sobre o ombro, olhando para a filha por uma última vez.

- Me desculpa.

- Eu te acompanho até a porta. – a gaúcha se prontificou.

- Obrigada, querida.

Com Mirella olhando para o próprio colo, Stéfani acompanhou sua sogra até a saída e quando ela já estava no corredor, debruçou-se no batente da porta.

- Ela precisa de tempo.

- Eu já imaginava que seria assim. – Márcia sorriu triste. – Mas, de qualquer forma, fico feliz que ela esteja bem e sendo be... cuidada. É bom saber que ela não está sozinha.
 
- A senhora precisa de um táxi ou algo do tipo?

- Pode deixar que eu me viro, minha filha. Não se preocupe com isso, cuide da Mirella, ela precisa mais que eu.

- Ela é uma mulher incrível e que me surpreende a cada dia. Use a vergonha que sentiu um dia e a substitua por orgulho, porque isso ela dá de sobra.

- Boa noite, Stéfani. Obrigada por ter confiado em mim.

 – Boa noite, dona Márcia.

Sorriu fraco para ela e se desgrudou do batente, fechando a porta em seguida. Agora precisava lidar com os vestígios deixados pela visita inesperada, que a tocou ma que imaginava.

- Esse prédio não tem porteiro não? Que saco! – Mirella disse indignada.
 
- Amor...

- Como ela teve a audácia de aparecer aqui depois de tudo? E pra piorar, sem me avisar.

- Ela só queria ver como cê estava. – andou em direção ao sofá. – E se avisasse, você claramente não iria permitir.

- Eu pensei que depois te tudo finalmente fosse ter paz.

- A paz nunca vem se a mágoa prevalece.

- Então você tá do lado dela? – arqueou as sobrancelhas.

- Não é isso, só acho que talvez cê pudesse ser um pouco mais flexível.

- Tá de sacanagem, né? – riu sem humor. – Onde esteve quando te falei tudo o que passei por conta disso?

- Bem do seu lado, ouvindo atentamente. Ela é a sua mãe.

Títulos não são importantes.

- Foi a primeira vez que cês conversaram cara a cara em anos, ela se mostrou disposta a aprender e evoluir.

- A minha mãe não é igual a sua, ok? Quem me dera se fosse! Não vai ser essa conversa que vai me fazer esquecer de tudo o que ela fez no passado, só eu sei a dor de ouvir aquelas palavras. Sinto muito se pra mim a arte do perdão é mais complicada.

- Perdão não significa esquecer, Mirella. Perdoar é aprendizagem. Isso não significa que deve fazer, é sua escolha nunca conceder. Mas eu acredito que o direito à uma segunda chance é válido se de alguma forma for valer a pena.

- Eu não sou igual você, não dá.

Negou com a cabeça e retirou as almofadas debaixo do próprio corpo, apoiando a mão no braço do sofá para se levantar. Com a força, sentiu a região dos seus pontos doer e segurou a careta, mas mesmo assim conseguiu fazer o que queria.

- Pra onde vai? – Stéfani perguntou.

- Pro quarto, quero ficar sozinha

- Deixa que eu te ajudo.

-Não! Eu sei andar.

Em passos lentos e sentindo o olhar da namorada queimar em suas costas, atingiu seu objetivo e após uma luta conseguiu deitar de maneira confortável. Tudo doía, mas não iria pedir ajuda; no momento estava muito orgulhosa para isso. Fechou os olhos com força, sentindo as lágrimas rolarem. Estava desestabilizada, poucos minutos ao lado de sua mãe foram capazes de causar isso. Mesmo não admitindo, queria ter a mãe novamente em sua vida, mas não era tão simples como Stéfani achava. Tê-la ao seu lado significava desmontar a armadura que construiu por anos; ser vulnerável.

Perdoar era difícil

Ficou ali por longos minutos, caçada por seus pensamentos e fitando o teto branco, enquanto com uma das mãos acariciava o pelo macio da Princesa, que pulou na cama para ficar perto da sua dona. Em um momento, teve sua atenção tomada por Sté, que entrou no quarto somente de toalha com um coque firme no topo da cabeça. Alguns respingos de água ainda estavam pelos ombros e braços, indicando que tinha acabado de sair do chuveiro. Em silêncio, ela foi até o armário e deixou o tecido cair, exibindo o corpo nu. Mirella a observou, também em silêncio, vestir uma calcinha e em seguida um conjunto de pijama azul bebê. Mas, foi quando ela ficou na ponta dos pés e alcançou as prateleiras, pegando um novo travesseiro e um cobertor, que Mirella driblou o gelo mútuo.

- Vai pra onde?

- Deitar no sofá. Cê pediu pra ficar sozinha e vou respeitar isso.

- Nada disso, você vai deitar bem aqui nesse colchão gostoso.

- Certeza? Não quero incomodar.

- Vem. – deu dois tapinhas no espaço vazio ao seu lado.

Stéfani guardou novamente o que tinha pegado e aceitou o convite da namorada, deitando-se ao seu lado. Princesa estava no meio delas, de barriga pra cima e quase dormindo com o chamego que recebia; Stéfani riu daquilo, aquele cachorra era uma safada.

- Não gosto de dormir abalada com você. Mirella disse.

- Eu não deveria ter falado nada, não quero me intrometer na sua relação com sua mãe.

A gaúcha estava deitada de lado, com as duas mãos abaixo da bochecha; as pernas entrelaçadas com a da namorada, não conseguiam ficar sem contato por muito tempo.

- Mas também não poderia ter ficado quieta. Entendo seus pontos, bebê, sei que só quer o melhor pra mim.

- Ninguém nunca vai conseguir apagar o passado, mas vocês podem utiliza-lo de lição para construir um futuro melhor. Não precisa perdoa-la, ela ainda precisa merecer, mas não há nada de ruim em dar uma oportunidade.

- Sei disso.

- Chame-a pra conversar com mais calma, hoje cês ‘tavam muito mexidas pelo clima do reencontro'

-Acha mesmo que devo fazer isso?

- Se for te fazer feliz e encontrar sua paz, sim.

Ficaram alguns minutos em silêncio, apenas ouvindo os sons de suas respirações e a respiração da Princesa

- Talvez essa seja a minha ponta solta. – Mirella falou, baixinho.

- Então costure-a.

 
Eai Meo,como cs tão??? Desculpem a demora eu ando muito ocupada com o projeto da Mirella,aliás se quiserem posso explicar mais ele pra vocês!

Heaven SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora