Capítulo-9 Você sabe sim

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 Carol estava encostada na parede fria do elevador e olhava Vic com um sorrisinho nos lábios. As duas passaram a madrugada e manhã inteira juntas na casa da modelo, e por insistência da carioca dariam uma volta pelo shopping durante a tarde. Carol queria aproveitar seu dia de folga para atualizar o guarda-roupa e comer besteiras na praça de alimentação, e nada melhor que a companhia da sua mineira favorita do momento. Stefani havia sido rebaixada temporariamente para a segunda colocação, já que Victoria havia ganhado pontos extras por fazer coisas que Stefani nunca faria.

⁃ Para de me olhar, boba. – Vic disse risonha vendo a imagem de Carol pelo espelho.

⁃ Seria pecado não apreciar a oitava maravilha do mundo.

Haviam passado grande parte da semana juntas, nos horários livres de ambas (que eram poucos mas suficientes). E o que estava destinado para acontecer na festa de Biel aconteceu nesses dias. Em dobro. Em triplo. Em muitas vezes mais. Ninguém sabia, nem mesmo suas melhores amigas. E elas combinaram de manter assim pelo tempo que conseguissem, por conta da vida exposta de ambas e também pelo desejo de ambas de manter a relação, se assim poderiam chamar, o mais simples possível.

⁃ Você poderia ter vestido algo meu. – Vic disse, a olhando. - Pouparia essa viagem até sua casa.

⁃ Eu sei, mas eu preciso também colocar comida pra Luete. Duvido muito que a Stefani tenha feito isso.

⁃ Ela nem deve ter passado em casa.

⁃ Provável.

Na noite anterior, as duas se surpreenderam com a mudança de comportamento de Stefani e Mirella após saírem do banheiro. Era como se tivessem transformado água em vinho em tão pouco tempo. E quase desmaiaram de choque quando a gaúcha anunciou que dormiria na casa da outra.

⁃ Está mais que certa. – Carol se aproximou de Vic e a abraçou de lado. - Aproveitou que nem a gente. - começou uma série de beijos por seu pescoço.

⁃ Você sabe que esse trem tem câmera, né? - olhou para o teto onde o aparelho estava. - Seu porteiro deve estar vendo a gente.

⁃ Não vai ser a primeira vez.

⁃ Idiota. – Vic a empurrou no momento que as portas se abriram no andar indicado. As duas caminharam até o fim do corredor, onde a porta de Carol ficava, brincando uma com a outra.

⁃ Vê se não demora pra se arrumar

⁃ Já que é certeza eu me atrasar, a gente pode estender isso mais, sabe? – disse sugestiva. - Eu e você, lá na minha cama.

⁃ Não cansa não, peste?

⁃ De você? Nunca.

⁃ É sério, a gente não pode tá demorando muito

⁃ Não prometo nada. - sorriu safada e colocou a chave na fechadura, destrancando e empurrando a porta em seguida. Quando acendeu as luzes, as duas travaram na entrada com a cena que viram. Ao invés do apartamento vazio, Rafaella estava sentada sobre o tapete felpudo, com as costas encostadas no sofá e toda encolhida. Luete estava deitada em seu lado lambendo a própria pata.

⁃Teté? – Carol chamou, estranhando. Ela deveria estar em um de seus compromissos.A gaúcha levantou a cabeça revelando a expressão abalada, com certeza ela estava chorando.

⁃ Oi, amiga.

⁃ O que aconteceu? - caminhou rápido em sua direção e se ajoelhou ao seu lado. Vic fechou a porta e a seguiu, parando a alguns metros de distância. Respeitaria o momento das duas.

⁃ Você acha que eu sou egoísta? – Carol e Vic se entreolharam, não entendendo nada.

⁃ Como assim? Saiu alguma matéria falando sobre você ou...

⁃ Não, não é isso. – Stefani a cortou. - São uma série de atitudes que eu venho tomando e agora eu meio que caí na real.

⁃ É sobre a Mi, não é? - Vic supôs, mas já sabendo da resposta. A modelo conseguia de alguma forma analisar as pessoas como ninguém. Stefani se limitou a apenas concordar com a cabeça. Carol continuava sem entender nada, para ela as duas estavam bem a partir de ontem. Até Stefani pensava que elas estavam bem antes de chegar ao apartamento da amiga.

⁃ O que aconteceu com a Mi? – Carol perguntou.

E então Stefani contou. Contou sobre o banheiro, sobre a noite que tiveram e também sobre a conversa no carro. Contou sobre como as falas de Mirella fizeram despertar algo nela, algo que mostrava que toda aquela situação não estava se encaminhando de uma maneira correta e que no fim, no mínimo, uma com certeza sairia machucada. Também explicou para as meninas a maneira confusa e assustada que estava lidando com seus sentimentos, sentimentos esses que afloravam ainda mais na presença da menor. Stefani gostava de Mirella , gostava de beijar ela, de transar com ela, mas sua cabeça ainda a impedia de enxergar todo o cenário como um relacionamento entre duas pessoas. Stefani estava em um estágio de negação profunda, mas que não resistia a figura de Mirella. E no fim, ela sabia que toda essa confusão as afetariam. Não era justo. Principalmente e especialmente comMirella .

⁃ Eu não to preparada pra assumir um compromisso. Eu nem tenho mais certeza de quem eu sou.

⁃ Mas vocês não concordaram de não colocar um rótulo nisso? – Carol perguntou.

⁃ Sim, mas eu percebi que nossas personalidades podem entrar em conflito por conta disso algum dia. Não existe isso de amigas se pegarem sem que surja sentimento algum dia. E olha que nem amiga a gente é.

Carol eVic se olharam por conta da fala. A modelo demorou alguns longos segundos para abrir a boca.

⁃ Ela tá certa. - ajeitou sua postura no sofá. - A Mirella é uma pessoa louca, atrevida, fala o que quer, convicta, é uma excelente profissional. Mas ela também é frágil e

delicada. Por dentro dessa armadura de foda e durona existe uma mulher com sentimentos gritantes que dizem muito sobre ela. Ela depende muito de carinho, sabe? É como um filhotinho. - riu fraco. - Ela nunca teve uma relação de afeto com a mãe,e o pai principalmente por eles nunca terem aceitado quem a filha é de verdade. E essa dependência de afeto faz a Mi se entregar de corpo e alma nas amizades e relacionamentos que tem. É sério, eu nunca vi uma garota tão leal. Ela é intensa, cria expectativas que no fim não são supridas pois nenhuma daquelas pessoas conseguiu a compreender de verdade. Eu não vejo isso em você, Sté. Eu sinto que você não é uma pessoa ruim. Mas a sua confusão tá afetando a Mi, e no fim pode acabar parecendo que ela é apenas uma maneira de suprir suas necessidades e te fazer ter certeza do que você é.

⁃ Tudo que eu menos quero na vida é magoar alguém. – Stefani estava chorosa. – E principalmente por um problema meu.

⁃ Ei, calma. – Carol a abraçou de lado.

⁃ Eu super acho que vocês combinam. São duas lindas e exalam muita tensão sexual onde passam. – Vic brincou, tentando descontrair o clima. - Torço muito pra esse casal acontecer, e acho que posso falar pela Carolzinha também. - se olharam e a carioca concordou a cabeça. - Mas se for pra acontecer, tem que ser de forma saudável pra ambas. Quando as duas sentirem que tá tudo bem internamente pra poder compartilhar com a outra.

⁃ Eu gosto muito de tá com ela, muito mesmo. Nunca senti nada parecido quando ela me toca. - automaticamente sorriu ao lembrar dos momentos. - Ao mesmo tempo que quero tá perto, não quero afetar ela com minha presença.

⁃ Eu te conheço bem e sei que deve tá rolando pela sua cabeça se afastar totalmente dela e dar um gelo. Mas isso não vai resolver nada, só vai piorar ainda mais. A Mi merece saber o que tá acontecendo com você. Vocês precisam conversar. – Carol acariciou seu braço.

⁃ Eu não sei o que fazer. – Stefani respirou fundo.

Vic segurou uma de suas mãos e a olhou nos olhos antes de dizer:

⁃ Eu acho que você sabe sim



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Heaven SterellaOnde histórias criam vida. Descubra agora