P.O.V. Mariana
— Oi, meninas!
Nos viramos juntas e o que vejo é uma Atena muito bem arrumada e gigante na minha frente.
Ela usa um vestido azul cobalto justo até a cintura, e mais solto do quadril até as pernas torneadas, saltos pretos.
O cabelo maravilhoso está solto, usa batom vermelho vivo e acessórios. Acho que até o perfume dela está combinando com o visual sexy.
— Gosta do que vê, maninha? — Juliana me provoca falando baixinho. — Mulher, você deveria ser proibida de usar salto! Deve estar chegando a dois metros de pura beleza desse jeito.
Ela respondeu que o salto era baixo justamente por isso.
Também nos elogiou e diz que adorou minha blusa estilo quimono, e sinto minhas bochechas esquentando.
Verdade seja dita, impossível não olhar para o monumento à minha frente.
Juliana dá uma risadinha e nos oferece bebidas, mas ambas pedimos apenas água sem gás.
Ficamos num silêncio estranho e rapidamente a Ju aparece com as garrafinhas.
Quando começo a beber, quase engasgo.
— Atena, preciso te fazer uma pergunta estranha, mas não me leve a mal.
A morena sorri e pergunta do que se trata.
— Suas mãos são calejadas?
Atena a olha um pouco envergonhada e minha vontade é sair correndo, depois de estapear a sem noção que minha mãe pôs no mundo.
— São um pouquinho... eu pego no pesado desde nova, e mesmo usando as luvas...
— Fica com vergonha não, Atena. Perguntei por que uma amiga minha tem tara em mãos calejadas.
As duas gargalham juntas, o que alivia o clima.
A morena estica a mão esquerda com a palma para cima e Ju solta um falso gemido enquanto a tateia.
— Cara, se eu resolver experimentar uma pegada calejada, você estará no topo da minha lista de opções.
Galanteadora, Atena pega a mão da Ju e beijo o dorso.
— Seria um prazer te apresentar ao vale!
Ela dá uma piscadela e eu fico hipnotizada, mesmo que não tenha sido comigo tudo isso.
Sinto minhas bochechas esquentando.
Desvio o olhar, me sentindo incomodada com meus pensamentos.
Ju diz que avistou uma conhecida e sai de fininho.
— Você não parece estar muito a vontade aqui. — Observadora, a moça.
— Desculpa, não é nada com você. Eu que não gosto de lugares barulhentos e com muita gente.
— Uai, então como veio parar numa boate, ainda mais na inauguração?
— Ed, um dos sócios, é nosso primo. E mamãe me chantageou.
Ela dá uma gargalhada tão gostosa que eu sorrio junto sem perceber.
Atena me diz que já que não gosto de dançar, poderia me divertir observando os esquisitos da pista, e aponta para um rapaz de camisa amarelo neon dançando sozinho.
— Olha ali, o neon. Ele tá parecendo uma fatia de bacon na frigideira quente. E ao lado, a moça tá parecendo aqueles bonecos de posto...
E por aí vai. Eu rio muito, ela é mesmo observadora e faz uns comentários engraçados.
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Mariana: Quebrando paredes. (Degustação)
RomanceMariana Medeiros, arquiteta, 27 anos. Uma mulher solteira, inteligente, rica, mas muito tímida e não gosta de contatos físicos. Não sabe o que é sentir o sabor de um beijo, o prazer carnal, o amor. Atena Cabral, mestre de obras, 32 anos. Solteira...