PARTE XIII

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Ao abrir a porta da sala viu sua mãe organizando os produtos de beleza que estavam dentro das caixas. Ela cantarolava pagodes da década de 1990 que tocavam na playlist de músicas de um canal da TV à cabo. Curiosamente ambas possuíam gosto musical ligado à mesma década, porém, curtiam gêneros diferentes.

- Minha filha! – exclamou a Mãe de Pandora – Estava esperado você chegar!

- Trouxe uns pães, queijo e presunto. Bem que você podia fazer um sanduíche para a gente. Um cafezinho também. E depois vem aqui que eu tenho uma tarefa para você.

Pandora jogou a mochila que carregava no sofá e achou graça do estado de espírito animado e amigável de sua mãe naquele momento.

- Nossa! quantas tarefas! – respondeu Pandora – Mas, tudo bem. Vou quebrar seu galho dessa vez.

Pandora foi até a cozinha, preparou o café e arrumou uma cesta com os pães e organizou um prato de frios junto com a pasta de queijo.

- Que coisa linda, minha filha! – disse a Mãe de Pandora, ao ver a filha levando o pequeno banquete para sala.

- Se é para fazer, é melhor fazer uma coisa descente. – Pandora resolveu se render ao clima amigável que pairava sobre a casa. Há tempos não via sua mãe com aquele estado de espirito.

- Essas são marcas novas de tintas que vou usar para as minhas clientes. Escolhe qualquer uma delas. Hoje você vai mudar de estilo. – afirmou a mãe.

Quando pequena essa era uma situação comum. A Mãe de Pandora sempre foi a principal responsável pela manutenção do seu visual no que diz respeito ao cabelo. Mas conforme foi crescendo, as ideias de estilos alternativos que Pandora propunha entravam em choque com as ideias mais conservadoras de sua mãe. Fato que com o tempo provocou o divórcio entre as duas nesse âmbito.

Quando viu a paleta de cores disponível Pandora achou ainda mais estranha a oferta da sua mãe.

- Tem certeza que você faria com qualquer uma dessas?

- Não me pergunte duas vezes! – respondeu a mãe – Eu sei que você vai querer ficar que nem um pavão. Mas o que eu posso fazer? Tenho que te aceitar.

- Então eu quero a azul. – decidiu Pandora.

Enquanto a mãe iniciava os preparativos para o serviço, Pandora montou dois sanduiches e serviu, junto com duas canecas de café.

- Você vai ter que me dar na boca! – disse a mãe de pandora, enquanto trabalhava a tinta em um pote.

Depois do preparo inicial do produto, a cabelereira retirou da gaveta da bancada uma roupa protetora de plástico, conduziu Pandora até a cadeira e colocou sobre o colo da filha; em seguida aplicou um creme hidratante no rosto, orelhas e pescoço de Pandora.

Pandora fechou os olhos enquanto sentia a mão de sua mãe passar sobre seu crânio. Viajou no toque suave de sua mãe não só como uma mera aplicação, entendeu como confortável massagem os momentos em que sua mãe permaneceu trabalhando os produtos em sua cabeça.

- Não pode dormir não! – advertiu ironicamente a Mãe de Pandora.

- Quando você era pequena. Era só fazer 10 minutos de cafuné na sua cabeça para você já estar dormindo. Essa é uma coisa que você sempre fez muito bem: dormir. Eu e o safado do seu pai sempre tivemos todo tempo do mundo para namora a noite.

- Me poupe dos detalhes, Ok. – Pandora ficou incomodada com o relato do passado da sexualidade dos pais.

- Que bobeira, minha filha! Você se diz toda para frente, agora fica com vergonha sabendo que os pais transam.

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