Capítulo 19 - Retorno ao mundo real 하늘

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    Quantos dias são necessários para mudar nossa opinião sobre alguém? Pouco mais de um mês numa casa de luxo e sendo tratado como um burguês podre de rico, me fizeram enxergar a filha mimada do meu chefe como algo mais

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    Quantos dias são necessários para mudar nossa opinião sobre alguém? Pouco mais de um mês numa casa de luxo e sendo tratado como um burguês podre de rico, me fizeram enxergar a filha mimada do meu chefe como algo mais. Sei que é pouco tempo para falar sobre impressões, mas Camille Campbell estava um pouco além de ser uma patricinha vazia e superficial. Ela era divertida, apesar de tudo, bonita demais para ser estranhamente insegura. Mas, eu não posso negar, não foi tão ruim quanto eu imaginava.

Campbell está em algum sono da beleza ou algo do tipo, relaxado, apenas fito o mar à frente, contemplando seu tom claro em contraste com um céu cinza chumbo e nuvens carregadas. Suspiro fundo, pensando que pela primeira vez desde o nascimento da Moon, me sinto um pouco feliz. Sempre tive que trabalhar cedo, cuidar da minha irmã, do nosso sustento, da nossa atual família e nunca tive um tempo só para mim. A saudade dilacera meu coração, mas sinto que sair desta ilha me fará enxergar as coisas por uma nova percepção.

E, tenho certeza, de que agora preciso de mais tempo para realizar novos sonhos. Sempre quis ser um escritor renomado, mas sei que isso é apenas um devaneio. Na escola minhas notas em redação eram as melhores e uma professora sempre me ajudava na escrita, eu devorava livros e sonhos, mas a vida tinha sido dura demais para me permitir sonhar com outra coisa além do que eu estava destinado a ser: útil para a renda da minha família. Contudo, transar com a filha de um homem rico e poderoso não estava nos meus planos.

— Oi, oppa — como se fosse capaz de ler a minha mente, Camille se joga no sofá e se deita em cima de mim. — Está frio pra cacete, me esquenta com o seu calor.

— O fogo do seu rabo não te mantém aquecida? — brinco e ela gargalha, jogando seu cabelo liso e cheiroso no meu rosto. O pijama rosa de unicórnio está bem engraçado, diferente do meu visual dark: camiseta preta e short de mesma cor.

— Você é tão engraçadinho, Jeong... Já pensou em ser piadista? Quando sairmos daqui você bem que poderia tentar — Camille ajusta o corpo ao lado do meu no sofá, então eu a abraço, sem saber como de fato lidar com a intimidade que criamos ultimamente.

— Na verdade, já pensei em ser escritor — revelo meu maior segredo, por algum motivo nada especial, apenas a mais pura vontade — Acho que se eu vivesse numa realidade diferente, poderia ver se os meus textos valem a pena.

— Você pode ser tudo que quiser quando sairmos daqui, Haneul. Acredite em mim, um universo de possibilidades — Camille fala com tanta certeza que por segundos, lembro-me de quando minha omma costumava ir em sua vidente favorita e ela disse coisas desconexas sobre uma mudança de vida radical que as águas poderiam me trazer um dia.

Mas eu nunca acreditei, isso sempre foi uma grande bobagem. Nenhuma água me trouxe nada até agora, nem mesmo cruzar o oceano foi capaz de tal mudança.

— Espero que eu ao menos consiga voltar inteiro para casa. Mas, tenho provas que Camille Campbell não desgruda de mim, os sites de fofoca vão adorar conhecer suas intimidades. — Brinco novamente e sorrio, mas Camille parece aflita, com uma expressão assustadora.

— Prometa, Haneul... Prometa que não vai espalhar mentiras para me difamar, para me destruir, prometa, por favor... — seus olhos azuis e cheios de medo amolecem meu coração de uma forma que eu odeio.

— Por que eu faria uma coisa dessas com você, Camille? Não sou um dos caras que passaram pela sua vida e querem sugar sua fama. Eu detesto essas merdas e detesto caras idiotas. Eu prometo, Campbell. — Ela se aproveita de nossa proximidade e cola nossos lábios, como se firmasse nosso contrato.

Sorrio com seu jeito esquisito e seguro o rosto dela para dissipar beijos no queixo e espalhá-los pelo pescoço e por fim, subir à boca, dando beijos que espantam qualquer frio. Quando percebemos, já estamos no carpete macio de Camille, após danificarmos as câmeras do quarto rosa dela. Sem roupas e trajes ridículos, somos apenas dois jovens cheios de tesão e energia para gastar e não tenho medo de admitir, eu transaria com ela todos os dias.

[...]

   Pela primeira vez, noto como o quarto está cheio de personalidade e itens cor de rosa por todos os lados. Pelo menos, a cama era grande o bastante para nós dois. Claro que deveria ser uma cama grande, afinal, onde mais caberia o ego da loira?! Brincadeira, brincadeirinha... Após um soninho gostoso e pós-sexo, vamos na cozinha em busca de fazer alguma receitinha caseira hoje, sair um pouco da zona de conforto e dos pratos já servidos. É uma delícia saber quem está por trás dos preparos de nossa comida gostosa, saber a quantidade de amor colocada em cada prato.

— Você faz a comida e eu lavo a louça, gato — Camille decreta, agora usando minha camiseta e ficando ainda mais gostosa. Estou me sentindo um idiota que só pensa com o pau.

— Beleza, mas para me agradar, os presentinhos são outros — dou de ombros indo buscar legumes na geladeira de aço inox e sorrio malicioso.

— Você quer que eu te chupe só para agradar, Haneul? — a safadeza solícita na frase me congela no lugar e minha mente viaja em pensamentos impróprios. — Estou brincando, Jeong. Que safado!

— Isso não se faz, Campbell — seguro-a pela cintura e esqueço o nosso jantar, dando atenção para a sua boca macia.

Estamos envolvidos naquele mesmo clima de antes, um clima que divide minha moral e minha ética, mas me recuso a pensar sobre coisas que não controlo fora da ilha. Quase debruçados sob a bancada, eu e Camille paramos nossa pegação quando escutamos barulhos de portas de carros sendo fechadas, em seguida, passos pela casa. Pego a faca de carne e fico na frente dela, como uma muralha protetora, sem saber o que está acontecendo. Vários homens de terno e mal-encarados surgem com pistolas carregadas, mas um em especial me chama atenção.

— Está na hora de sair dessa ilha e voltar para casa, Haneul — John, meu único amigo diz, sem me dar espaços para questionamentos.

Estava acontecendo, chegou a hora de retornar para o meu mundo seguro e real. Porém, eu não sabia que minha vida estava prestes a mudar completamente. Se eu soubesse que as águas mudariam minha vida, eu teria ao menos cuidado para não me deixar seduzir pelo canto de uma sereia.

Haneul - O Protetor da Influencer (02/05 NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora