Após uma emboscada, Julian Campbell decide afastar sua filha dos holofotes e deixá-la sob os cuidados de seu funcionário mais leal, que não suporta o estilo de vida dos Campbell.
Camille, uma famosa influencer, era a personificação de tudo que o bad...
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Eu tinha em mente que precisava ter uma convivência decente com a filha do meu chefe. Afinal, como eu iria evitar uma garota que estava morando sob o mesmo teto que eu? Impossível, isso não iria rolar de jeito nenhum. Então, eu resolvi dar uma trégua e tentar amenizar o clima tenso entre nós.
Tudo parecia estar funcionando bem. Camille estava um pouco intimidada pela minha aproximação, mas não parecia me temer. Isso era bom, talvez tivéssemos uma amizade, apesar de sermos completamente diferentes. Meu humor estava ok, a saudade da minha pequena estava altíssima, mas eu sabia que Moon estava sendo bem cuidada pela Yuna. Mas, era impossível não sentir saudades.
Quando eu e Camille decidimos tomar banho naquela água cristalina, lembrei rapidamente dos poucos momentos que tive na infância. Só que a situação era outra e enquanto a blogueira tirava a roupa, me joguei no mar para disfarçar que tinha observado o corpo de Camille. Isso configurava quase como um crime para ela. Então, não quis abusar da sorte.
Tudo parecia tranquilo e calmo, mas de repente, perdi a Camille de vista. Fiquei desesperado, pensando em todas as possibilidades de perder meu emprego e como minha vida se transformaria num inferno. Ela era minha sentença, assim como minha chave de saída do paraíso.
Quando a encontrei, senti meu corpo inteiro relaxar. Preciso tomar mais cuidado com ela, como se a vida de Camille Campbell custasse a minha, pois era exatamente isso. Ao tocar no braço da loira e quebrar as pulseiras, fiquei momentaneamente revoltado pela preocupação mesquinha, mas não era isso... Eu não sabia de merda nenhuma sobre ela.
— Camille, por favor. Me desculpe, eu sinto muito mesmo. — Argumento enquanto a influencer sai da água e volta correndo para a casa.
Desisto de me desculpar ou fazer algo que estragasse tudo novamente. Exausto, apenas fico na areia observando a calmaria do mar que somente de perto, mostra sua fúria. Não sei o que ela passou, mas entendia o que era gostar de ficar sozinho. Camille precisava disso, e eu não sou a melhor companhia neste momento.
Não sei quanto tempo passou, mas resolvi voltar para a casa quando senti os ombros e as bochechas ardendo. Percebo que Camille já almoçou e estava trancada em sua zona de conforto. Resolvo tomar um banho, almoçar e descansar na minha acomodação atual. Era apenas o segundo dia, nós ainda teríamos muitos pela frente...
[...]
Já era noite quando a maresia noturna invadia minha janela e bagunçava as cortinas. O quarto estava iluminado por velas perfumadas. Estreito os olhos e tento calcular quanto tempo dormi, mas não consigo lembrar. Acho que me sinto descansado agora, com as energias renovadas.
Tomo outro banho para despertar e escovo os dentes, meu maior costume depois de acordar de qualquer soneca. Boca limpa, homem prestigiado. Percebo que faz um pouco de frio e uso uma camiseta preta de manga comprida e uma calça cinza de moletom. Penteio o cabelo, passo desodorante e perfume. Saio do quarto sem ter certeza de que estou numa zona segura agora. Vou até a cozinha e torço para que o jantar ainda não tenha sido servido.
Algo interessante para se observar também na casa, é que a TV só passa séries antigas, filmes e videoclipes de músicas pop. Parece que estamos num tipo de reality show, completamente isolados do mundo exterior, ilhados na nossa própria indiferença. Curioso pensar assim, primeira vez que este pensamento ronda a minha mente. E, para o meu azar ou talvez sorte, o jantar já foi servido e restara um prato quentinho com Yakisoba. Eu adoro a mistura de carne, frango, legumes e macarrão. Ah, e o molho que me dá água na boca... Meu estômago roncou, e a alegria de comer me obrigou a fazer uma dancinha ridícula, por sorte, ninguém estava olhando.
Termino de jantar tão rapidamente que sinto que devorei o jantar. Noto o hashi metálico e limpo os itens que sujei. Suspiro fundo e noto uma música antiga da Britney Spears na TV moderna demais para a relíquia musical.
Caminho até a sacada e vejo Camille de costas, parece cantar a letra com bastante exatidão, então, apenas fico encostado na porta, prestando atenção na letra.
"Você diz que está apaixonado por mim Que não consegue tirar seus lindos olhos de mim Não que eu não queira ficar Mas toda vez que você chega muito perto eu me afasto Eu quero acreditar em tudo que você diz Porque soa tão bem Mas se você realmente me quer, vá com calma Há algumas coisas sobre mim que você precisa saber."
Britney Spears, Sometimes
— Oi, Haneul. Há quanto tempo está aqui? — ela interrompe a letra e me encara. Está usando um vestido rosa, o cabelo loiro está solto sob os ombros e há novas pulseiras em seus pulsos.
— Não o bastante. Está se divertindo sozinha, Camille? — sorrio e instigo para saber o humor dela, não gosto de pisar em ovos com ninguém.
— Sim. Só bebendo umas cervejas e pensando na vida. — ela exibe uma grade de cerveja e algumas latas vazias. Seus olhos azuis estão tristes, ao mesmo tempo que dispersos. — Não quer se juntar a mim? Está na hora de nos conhecermos melhor, Haneul Jeong.
— É mesmo? Ainda bem que temos todo o tempo do mundo, Camille Campbell. — sento-me ao lado dela e suspiro fundo, pegando uma das cervejas e deixando que ela nos conduza esta noite.
