PARTE I

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AVISOS INICIAIS:

> Os personagens não me pertencem.

> É uma estória yaoi, logo se não gosta, não leia.

> Inicialmente seria uma one shot, entretanto eu a dividi em partes pois estava muito comprida.

> Casal principal: Harry Potter e Bucky Barnes (Soldado Invernal)

Boa leitura, doces ! 🧁💕

• ⚜ •

Ele já estava há alguns meses sentando-se nesse mesmo sofá desconfortável de cor cinza, olhando para as mesmas paredes de cor clara, completamente vazias e impessoais. As mesas persianas, os raios de sol do dias passando entre os vãos. A mesma parede revestida com um papel de parede florestal as suas costas. Tudo monótono e entediante enquanto ouvia a mulher, ele nem ao menos lembra o n••ome dela, fazer perguntas e escrever naquele maldito caderno irritante. Sim, ele está bem. Sim, os últimos dias foram melhores. Não, ele não tinha mais pesadelos. Todas eram mentiras, mas não era como se ela realmente lesse mentes e descobrisse isso.

A verdade é que não importa quanto tempo passe ou quantos nomes ele risque da lista que escrevera no caderno de Steve, ele o chamava de lista de reparações, cortesia da senhora não lembra o nome, ele continuava acordando noite após noite com os gritos aterrorizados soando em seus ouvidos, o olhar de terror de cada uma de suas vítimas não deixava a sua mente por um segundo. Culpados, inocentes. Não importa a culpa e o remorso não o deixavam catalogar quais mortes ele sentiria remorso e quais ele não sentiria. Ele lembrava de cada uma e isso fazia da sua mente um inferno.

Nos primeiros dias ele teve esperança. Nas primeiras consultas ele realmente deu as respostas certas e se empenhou, arranjou o caderno, com significado, ela dissera. Bem, o caderno do seu único e melhor amigo parecia especial o suficiente. Ele meditou, lembrando de cada rosto de modo analítico e não como o fodido com remorso, então escreveu a lista. Nome após nome, sua letra rabiscada e muitas vezes incompreensível marcava mais de meia dúzia de páginas do caderno de bolso com capa de couro que Steve levava para todo e qualquer lugar, como se fosse parte do seu corpo. Agora era ele quem fazia isso, mas ele não tinha nem metade da honra que Steve possuía.

Durante os meses seguintes ele seguira sua lista, pessoa depois de pessoa, cada um dos que o tornaram o Soldado Invernal, cada um dos que o destruíram, que o desmontaram e montaram como bem entendessem. Ele os seguiu, conforme as regras, é claro. As malditas três regras, segundo a senhora sem nome. Então ele os perdoou e se perdoou. Essa era a questão afinal, perdão. Perdoe, ela dissera. Você só poderá seguir em frente quando perdoar a si mesmo. Desculpe-o senhora sem nome, mas é impossível se perdoar quando se dorme e acorda escutando os gritos de cada um dos que matou. Mas ele agradece a ajuda, afinal.

Mais da metade dos nomes já estavam riscados, mas a lista de reparação estava fazendo tanto efeito para seu auto perdão quanto essas malditas paredes brancas e irritantes, ou os malditos rabiscos nesse caderno do inferno. Ele já estava cansado, não aguentava mais sentar ali e ouvir conselhos de alguém que afirmava saber o que ele sentia, mas que no fundo não fazia a menor ideia. Ele duvidava que ela havia sido sequestrada por malucos egoístas, recebido um maldito soro experimental e então servido durante anos como rato de laboratório, sendo torturado e reformado, cortesia deles. Ou então, ele duvidava que ela havia sido programa para matar quando ouvisse dez malditas palavras. Um código russo.

Ele duvidava que ela tenha matado algumas dezenas de pessoas a sangue frio simplesmente porque alguém o ativou para fazer isso. Não, esse não parecia ser o feitio dela, não com toda essa pose milimetricamente construída para passar calma. Definitivamente ela era entediante demais para realmente entender o que ele estava sentia. Talvez seja por isso que a lista de reparação ainda não tenha surtido efeito, especulações sobre algo não são certezas. E as especulações dela sobre o que ele sente não são suficientes para que seu maldito caderno seja uma solução. Mas não é como se ele fosse realmente dizer isso a ela. Não, já havia tido sua mente revirada demais para que dissesse mais uma palavra para qualquer um.

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