Capítulo 1 - 6 Meses

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Eu estava sentando na cadeira da sala do Dr. Sandro. Todos estavam em silencio, exceto pela minha mãe que chorava e meu pai que murmurava palavras que eu não entendia.

Meu mundo tinha desabado, eu tinha acabado de descobrir que estava com uma doença terminal e que tinha apenas seis meses de vida. Eu um garoto de 17 anos, com a vida inteira pela frente, que não conheceu o amor, que não se formou no ensino médio, que não viajou pelo mundo. Minha vontade era de gritar, era de chorar, mas eu não poderia fazer aquilo, não na frente dos meus pais, eu tinha que ser forte por causa deles.

- O senhor tem certeza que não tem cura? – Perguntou minha mãe desolada.

- Sinto muito senhora Andrade, eu queria poder ajudar seu filho, mas o nódulo esta num estagio muito avançado. Não podemos fazer mais nada. – Ele disse ainda me olhando.

- Eu pago o que for. – Disse meu pai. – Eu dou todo o dinheiro do mundo, mas salve o meu filho.

- Vocês não o ouviram? Eu não tenho mais que seis meses de vida. – Eu disse me cansando.

Eu me levantei e sai da sala. Eu não sabia para onde iria, só queria sair daquela sala e não falar com mais ninguém. Eu estava passando por um corredor quando eu escuto palmas e mais palmas. Eu olho pelo vidro da porta e vejo varias crianças sorrindo e dançando, eu olho para a placa em cima da porta e esta escrito.

(Ala Infantil de Crianças com Câncer)

Quando eu li aquilo ai sim eu tive vontade de chorar, eu estava reclamando da minha vida, que iria morrer muito jovem, que eu não merecia passar por aquilo, mas tinha pessoas que nem tinham vivido ainda e estava passando por coisas semelhantes a minha.

Ficar pensando naquilo me cortou o coração e eu comecei a chorar. Sentei-me em um banco e continuei chorando até alguém sentar ao meu lado. Eu limpei minhas lagrimas e olhei para a pessoa, era um homem.

Ele tinha longos cabelos loiros, tinha um corpo atlético e tinha olhos azuis, o mesmo segurava um violão em sua mão esquerda e estava com um sorriso encantador no rosto.

- Não chore por essas crianças, elas podem estar doente, mas são felizes como qualquer outro ser humano. – Ele disse e estendeu a mão pra mim. – Prazer, me chamo Miguel.

Ainda olhando pra ele eu estendi minha mão.

- Prazer Miguel, me chamo Alex. – Eu disse e apertei a sua mão. – Percebi que você toca violão.

- Sim, eu toco para essas crianças. Amo todas elas. – Ele disse sorrindo. – Estou aqui para tocar, você quer ouvir?

Ele perguntou me olhando, eu pensei bem e disse que sim, mas antes eu enviei uma mensagem para os meus pais avisando que eu não iria voltar pra casa tão cedo.

Nós entramos na sala e todas as crianças pularam em cima dele, ele caiu no chão e ficou dando risada, eles foram saindo um por um de cima dele e deram vários beijos e abraços, eu fiquei rindo olhando aquilo, até que uma menina branquinha de olhos verdes veio até mim, ela estava segurando um ursinho de pelúcia. Ela era muito linda e não tinha um fio de cabelo na sua cabeça.

- Oi. – Ela disse com uma voz doce.

- Oi minha linda. – Eu disse me ajoelhando e ficando da sua altura.

- Quem é você? – Ela perguntou me olhando curiosa.

- Eu me chamo Alex e você? Como se chama?

- Eu me chamo Laura, eu percebi que você entrou na sala junto com o meu irmão. – Ela disse olhando para o Miguel que estava ganhado chuva de beijinhos.

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