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Prólogo

Em uma tediosa quinta feira, após a aula de química, quando o professor havia anunciado que seriam necessárias duplas para a prova prática, Dua resolveu arriscar uma investida em sua crush.

- Acho que a gente faria uma boa dupla na prova prática, você não acha? - ela chegou por trás de Pixie, a garota nerd do grupo de robótica, abrindo um sorriso assim que a pequena olhou pra ela.

Pixie, porém, pegou seus livros em cima da mesa e abraçou-os contra o peito com uma das mãos, enquanto ajeitava o óculos com a outra.

- E fazer um trabalho impecável pra dar um 10 à popularzinha fútil da escola? Eu dispenso, obrigada. - ela lançou um sorriso falso e sem dentes e desviou de Dua, indo em direção à saída da sala.

Dua abriu a boca pra falar, mas nada saiu. Ela olhou confusa em direção à loira e acompanhou-a com o olhar até que sumisse de vista.

Ok, ela não sabia se a menina iria topar, ou se já tinha uma dupla combinada com algum de seus amigos, mas ela definitivamente não esperava ser alfinetada dessa maneira.

Ainda abalada, ela voltou pra sua mesa pra juntar seu material e foi à procura de seus amigos no refeitório.

Observou de longe o lugar que, ela já sabia, Pixie ocupava, suspirou cabisbaixa e seguiu seu caminho até sua mesa de costume.

- Ei, o que houve? - Rupert perguntou, preocupado.

- Vocês me acham fútil? - ela perguntou de uma vez, voltando o olhar pros seus amigos.

- QUE? Quem te disse isso? - Sarah se exaltou.

- Calma, não foi nada demais, é só.. uma pergunta.. - ela suspirou

- Você não é fútil e qualquer pessoa que se abra pra conversar com você vai perceber isso nos 10 primeiros minutos! Você é inteligente, é engraçada, simpática até demais - Sarah riu - mas você é incrível - acariciou a mão de Dua por cima da mesa.

- É só que.. eu fui finalmente tentar me aproximar da Pixie e ela.. me chamou de "popularzinha fútil da escola" - ela fez aspas no ar.

- Dua, você não pode esperar também que todo mundo goste de você, sabe..

- não é qualquer pessoa, Rupert.. é a Pixie! Você sabe que eu tô afim dela há meses, e eu achei que a prova de química seria uma boa desculpa pra gente se aproximar, mas..

- Mas, uma pessoa popular "despretensiosamente" chama a maior nerd do grupo de robótica pra fazer uma das provas mais difíceis do trimestre com ela. Realmente, nada suspeito - Rosie implicou, sarcástica, cruzando os braços - se eu não fosse sua amiga também não aceitaria.

Dua abriu a boca pra rebater, mas hesitou. Fazia sentido, afinal.

- Preciso impressionar ela. Preciso mostrar que sou inteligente e que nunca quis me aproveitar da inteligência dela - cruzou os braços. - Mas, como? Todas as notas altas que eu tirar agora não vão servir de nada, ela vai achar que eu fiz com outras pessoas o que acha que eu fiz com ela!

- Então você precisa fazer alguma coisa que ela veja - Rupert insinuou, rindo.

- O que quer dizer com isso?

- Pensa bem, Dua. Onde a Pixie passa a maior parte do tempo dela aqui na escola?

- No grupo de... - a ficha caiu - NÃO! Não, eu não posso entrar no grupo de robótica!

- Por que não? Eu achei uma ideia genial! - Sarah se empolgou

- Nenhum de vocês tá lá, eu vou estar sozinha!

- Perfeito pra se aproximar da Pixie - Rosie rebateu.

- É na mesma hora das aulas de música.. - insistiu

- Tem outra turma no contraturno, Jess não vai ficar chateado de você mudar de turma - Rupert revidou

- Eu, eu.. - ela olhou confusa pras próprias mãos tentando achar respostas - eu não sei nada de robótica.. eu não vou conseguir mostrar nada pra ela se eu fizer parte de um grupo que eu não sei nada - confessou num suspiro.

- Você só tá com medo - Rupert apoiou uma de suas mãos no ombro da amiga - porque se eu sei de uma coisa sobre você, é que você da um jeito pra tudo. - ele olhou pra mesa em que mais tinham pessoa do grupo de robótica e voltou o olhar pra Dua - e você não tem medo de pedir ajuda.

Ela seguiu o olhar dele e entendeu o que queria dizer.

- Se eu fizer isso, ela vai ver.

- Escreve um anuncio anônimo e reza pra ela não aparecer - Sarah roubou uma de suas batatas.

Dua se encostou na cadeira e olhou pros seus amigos, que devolviam o olhar, desafiando-a sarcasticamente.

Eles sabiam que ela não tinha medo de muitas coisas, e que, se tivesse, nada que um desafio não resolvesse.

E funcionou.

- certo. Eu vejo vocês depois. - Levantou-se, pegou a mochila e jogou no ombro e foi em direção ao laboratório de informática.