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Capítulo 9.

Apesar de ter dito que a contaria, Harry foi embora às pressas aquela noite, mas não sem antes deixar um beijo carinhoso na testa da menina.

Não tinha muito o que fazer além de dormir com essa dúvida. Dua já conhecia Harry bem o suficiente pra saber que não adiantaria ir atrás dele, muito menos ligar ou esperar uma mensagem. Então, ela não esperou. Ela dormiu com aquele beijo preso na sua memória, e com uma dúvida incessante no peito.

Ela não esperava vê-lo na escola no dia seguinte, mas ele foi. E ele procurou ela em todos os cantos logo pela manhã, encontrando ela na quadra coberta tendo aula de ginástica.

Dua percebeu a presença de Harry assim que ele entrou e fez sinal pra que saísse, indo encontrá-lo do lado de fora pouco tempo depois.

- o que você tá fazendo aqui? - ela perguntou, confusa. - Quer dizer, que bom que você veio, mas não imaginei te ver na escola hoje..

- Eu precisava vir. Acho que te devia uma resposta..

Ela cruzou os braços

- tô esperando ansiosamente - ela sorriu, irônica.

- Dua, escuta.. eu quero te contar, eu juro que eu quero. Eu nunca quis tanto contar esse segredo pra alguém como eu quero te contar.

Ela desfez a pose e começou a balançar a cabeça, desacreditada.

- Me escuta, Dua! - ele implorou - é sério. Eu não *posso* te contar isso porque eu não *posso* te *envolver* nisso. - ele parecia perturbado e agitado - Eu não posso. Você lembra quando eu te falei que confiar em alguém seria o meu fim? Você me mostrou que não era meu fim, Dua, porque quando eu conheci você eu resgatei minha vontade de viver. Eu sei que pode tá confuso agora, mas eu não tenho muito tempo. A partir de amanhã eu vou sumir por alguns dias, mas eu vou voltar, eu juro, eu vou voltar por você e quando eu voltar eu vou te contar tudo!

- HARRY - ela segurou nos ombros dele - pelo amor de Deus, respira! Do que você tá falando? Como assim você não tem muito tempo? Eu ainda não entendi isso de que seria o seu fim, você fugiu disso, pra variar. Porque você sempre foge, H. Eu sei que você tem seu tempo e que eu não sei nada da sua vida, mas eu não *consigo* te ajudar se eu não souber *como*.

Ele abriu a boca pra falar, mas com o fôlego que ele tomou, ele só conseguiu abraçar Dua. Deitou a cabeça no ombro dela e começou a chorar, baixinho, mas com soluços constantes que mostravam algo preso na garganta.

Ela sentiu seus olhos marejando, mas queria dar força pro menino e o abraçou forte, acariciando o cabelo dele e segurando as próprias lágrimas.

- Tudo vai ficar bem, H.. as coisas vão se acertar, eu prometo..

- E-eu n-n-não quero mais p-passar por is-s-s-so - ele tentou dizer, entre soluços - eu s-s-só q-quero uma v-v-vida normal

Ela estava desesperada, por não saber o que ele tava passando e principalmente por não saber como ajudá-lo. E ver o sofrimento do menino bastava pra saber a gravidade da situação, o que tornava tudo ainda mais difícil pra ambos.

Ela não falou nada até conseguir acalma-lo, com uma mão passando pelas costas dele e a outra que seguia acariciando o cabelo.

Algum tempo se passou até ela parar de sentir as gotas das lágrimas dele escorrendo pelo seu ombro e colo, e até sentir a respiração dele mais calma. Ele levantou a cabeça, respirou fundo retomando o ar, secou seu rosto e finalmente teve coragem pra olhar pra ela.

Ele estava com vergonha, e ela sabia disso. Ela sabia que Harry vestia uma armadura todos os dias pra se mostrar forte na frente de todos, mas que no fundo ele era um ser humano, como ela, que sentia.

Ela colocou uma mão no rosto dele e tentou levar um pouco de conforto com isso.

- Eu tô do seu lado, Harry Styles. E eu não vou desistir de você. Eu não vou deixar você afundar, eu não vou deixar você correr atrás de um abismo, eu vou te mostrar que existem pessoas boas nesse mundo também, e pessoas que te querem bem. E eu, Harry... - ela sorriu, triste e sem dentes, mas com sinceridade - eu te quero muito bem. Eu te quero feliz, e eu prometo que eu vou fazer o que eu puder pra tirar a angústia de você e te trazer a felicidade que você merece.

Ele escutava a menina com atenção. Soluçando baixo e piscando forte pra tentar fazer passar o arder nos olhos de tanto chorar.

- Eu queria tanto que isso tivesse nas suas mãos - ele acariciou a mão dela.

Ela não entendia. E não entender estava irritando ela, porque 1001 coisas passavam pela sua cabeça e ela nem conseguia distinguir qual delas parecia mais absurda.

- Eu só te peço pra não sumir, H. Pra me deixar te ajudar. Você não pode me fazer promessas e sumir dessa forma sem me dar uma explicação que seja, isso é demais pra mim - ela fitou ele. - eu quero te ajudar, mas só ficar parada olhando pro relógio com uma angústia no peito te esperando voltar, sem nem saber quando, não vai dar certo pra mim..

Ele fitou o chão por alguns segundos, até levantar a cabeça devagar pra Dua com um.. sorriso? Podia ser lido como um sorriso, ou talvez uma careta (por causa da angústia que ainda pairava no ar)

- Talvez... e só talvez... você possa me ajudar. - ele continuou olhando sério pra ela - você realmente estaria disposta? Eu vou precisar de todo o seu conhecimento em programação, e talvez até mais do que você sabe...

- Eu vou aprender, H. Eu não sei o que você tá planejando, mas eu vou aprender. Eu vou te ajudar.

- Pede dispensa da aula, Dua. A gente precisa ir pra minha casa. Urgentemente. Eu tenho muito o que te contar e nós temos um plano a bolar...