One - Instigante e Curioso

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Palavras : 2.479

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As vezes a única coisa que queremos é que tudo o que aconteceu fosse um mero sonho bizarro ou um pesadelo qualquer, que talvez tenha ficado doente e apenas estava internado em um hospital local, cercado de médicos normais e comida ruim, como se tudo voltasse ao tedioso normal e vida sem gosto que tanto estava acostumado.

Infelizmente ou felizmente, não soube dizer, porém esse não era o caso, pois lá estava ele, acordando na mesma maca de antes, na mesma enfermaria de antes, com a mesma doutora e o mesmo maldito sachê de soro que já odiava por restringir seus movimentos, e mesmo com os olhos pesados não deixou de notar as breves fisgadas que a pequena médica dava na cadeira ao lado, dormindo feito uma criança de tanto vigiar seu paciente.

A senhora dos semblantes amorosos não lhe transmitia nenhuma segunda má intensão, incrivelmente conseguia relaxar na presença dela e descansar o tempo necessário que seu corpo precisava, e enquanto fazia pequenos movimentos com as mãos, afim de testa-las e verificar se sua coordenação motora estava em ordem, ouviu um suspiro alto parecido com um ronco vindo da doutora, fazendo a mesma acordar com o proprio burburinho.

Os dedos delicados esfregaram os olhinhos afim de tirar-lhe o sono, e foi ao se espreguiçar que enfim notou a presença acordada e atenta a sua imagem se contorcendo pela preguiça.

— Boa noite, Katsuki — a mulher disse de maneira carismática e sonolenta.

— Boa noite — falou baixinho, não tendo muita noção em que altura falar com ela.

— Você está se sentindo bem ? Faz muito tempo que está acordado ? — se levantou e aproximou o estetoscópio do torax do rapaz, analisando e ouvindo a parte esquerda e direita, em cima e em baixo, concluindo em seguida que estava tudo certo.

— Acordei agora, eu estou bem.

— Fico feliz em ouvir isso, sua febre tinha voltado, eu vou medi-la novamente — o seu pequeno pulinho da cadeira foi observado pelas erbes escarlates com atenção e um tanto cusioso, a passos rápidos foi até uma mesa e pegou o termômetro que ali continha, levando-o consigo — com licença — disse, levantando o avental e colocando o objeto frio na axila do ômega — achei que quando você acordasse eu iria ter que te dopar — comentou a médica de maneira risonha, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Como ? — perguntou, totalmente confuso.

— Você é um rapaz de personalidade forte, achei que tentaria sair daqui de todas as formas, então eu teria que te dopar para realizar o tratamento.

— Se esse era seu plano, não deveria ter me contado — um pequeno sorriso se formou no canto de seus lábios pálidos.

— Não tem problema, você nem sabe o que está sendo injetado no seu braço — riu travessa novamente, recebendo um olhar arqueado e um pouco desafiador.

— Uma senhora boazinha como você ? Tenho minhas dúvidas.

— Oras, é apenas uma brincadeira... Mas voltando, você acordou várias vezes e simplesmente dormia de novo, não sei se lembra ou não, mas já se passou quase um dia inteiro desde de que você desmaiou — comentou enquanto tirava o termômetro e  checava a temperatura — que bom, sua febre está diminuindo.

Como assim havia dormido por quase um dia inteiro ? Não se lembrava de uma única vez que tivera acordado durante esse tempo.

— Eu fiz alguma coisa quando acordava ?

— Não, querido. Parecia que você estava em um tipo de transe, como se estivesse apenas em meia fase, mas tudo isso eram os efeitos dos remédios, querendo ou não eu te deixei dopado, espere que me perdoe — calmamente guardou o objeto na mesa novamente — mas você é um ômega diferente, sua regeneração é boa, na verdade boa é pouco, é surpreendente... Eu estimava seu tratamento por cerca de um mês, mas os dias em que ficou aqui já foram o suficiente, sua síncope foi apenas resultado de sua fraqueza, mas você se alimentou muito bem, fora as diversas vitaminas inseridas no soro.

Astro De Menta - DEKUBAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora