Lorena amava ser livre, viver sem amarras e da forma que quisesse, isso fazia com que as vezes ela tomasse algumas decisões ruins. E se uma decisão tivesse uma consequência tão grande capaz de mudar toda sua vida?
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- Lorena Narrando -
Acho que a presença do Igor me faz tão mal que até o Matteo sente, foi só sair da presença dele para o meu filho ficar calmo e as cólicas pararem. Fotografei os bastidores e tentei caçar o João mas o mesmo fugia de mim igual diabo foge da cruz, quando entrei no corredor do vestiário acabei encontrando o Tiago.
- Goleiro - sorri e abracei o Tiago assim que esbarrei com ele
- Que barrigão - arregalou os olhos e colocou a mão na minha barriga
- Tá pesado - suspirei
- Como você tá? - perguntou me olhando
- Tensa - falei sincera - Medo de rolar confusão
- Dei uma chamada no Igor - falou e eu fiquei mais aliviada
- Eu não sou de me arrepender de ficar com alguém mas o Igor é um arrependimento que só Jesus - falei e ele riu baixo
- E eu? Se arrependeu? - perguntou e eu sabia que ele fez isso pra eu me distrair
- Você não me dá arrependimento não - falei rindo
- E eu posso saber o porquê? - perguntou segurando uma risada
- Sabe agarrar direitinho - falei simples - Não só em campo
- Já sabia - soltou uma gargalhada e eu escutei um barulho, quando me virei era o Gerson saindo do vestiário com tudo e seguindo em outra direção - Ele deve tá puto porque vai ficar no banco
- Deve ser isso - falei pensativa - Mas eles precisam ser poupados
- Liberta é logo ali - falou e eu concordei - Preciso ir me ajeitar, Lore, depois nos falamos
- Vai lá - beijei o rosto dele e segui o meu caminho, eu mal virei no corredor e dei de cara com o Gerson
- A sua é essa, né? - falou sério me olhando - Lá no clube faz a linha que não quer aproximação com um jogador mas na realidade você coleciona
- Tá falando do que? - perguntei sem entender
- Eu ouvi - falou simples - Pegou o vascaíno, o Volpi, o Liziero, eu e mais quantos jogadores, hein?
- Eu não devo satisfações da minha vida pessoal pra você, Gerson - falei séria - Eu preciso trabalhar e acredito que você também
- Nós precisamos conversar - falou e eu neguei
- Não - falei simples - Eu vou trabalhar porque vou colocar uma criança no mundo e não posso perder o meu emprego
- Lorena - chamou e eu não respondi apenas segui o meu caminho
- João Narrando -
O jogo acabou 0x0, não foi o resultado que a torcida e todos nós esperávamos mas pelo menos sairíamos com 1 ponto e não com uma derrota. Pra ser sincero? Pelo que eu me lembre em toda minha vida esse era o primeiro jogo do Flamengo que eu assisti e se me perguntassem coisas bobas eu seria incapaz de dizer, a minha cabeça estava totalmente na surra que eu queria dar no Igor, passei o dia no automático e nem sei como consegui trabalhar. Assim que eu acabei o meu trabalho fiz tudo conforme o planejado meses antes, um funcionário do estádio iria atrair o Igor até o vestiário e desligar as câmeras. Assim que eu entrei no vestiário parece que todas as criadas de choro da Lorena e a angústia passaram como um filme pela minha cabeça, escutei o barulho da porta abrindo e a voz do filho da puta.
- Eu não esqueci nada aqui - falou confuso
- Esqueceu sim - chamei a atenção dele e o mesmo quando me viu bufou
- O que? Veio falar meia dúzia de palavrões pra mim e tentar defender a honra da sua amiga? - debochou
- Não - falei simples e fecharam a porta - Se você for um pouquinho esperto vai saber o motivo de estar aqui - me aproximei dele e o mesmo bufou
- Na boa, João? Já falei pra Lorena e eu vou repetir, não quero contato nenhum com a porra daquela criança- falou irritado - Por mim ela teria tirado e - ele nem teve a chance de terminar de falar, dei um socão na cara dele que cuspiu sangue na hora, ele até pensou em vir pra cima de mim mas dei outro soco e o mesmo cambaleou
- Eu não vou te amarrar, cuzão - segurei ele pela gola da camisa e empurrei ele até a parede, a cabeça dele bateu com tudo na parede, fez maior barulhão - Sabe porque? Comigo não rola esse lance covardia, honro o que eu tenho no meio das minhas pernas e é mano a mano - terminei de falar e ele tentou vir pra cima de mim novamente mas dei outro soco e ele acabou caindo
- Para - pediu cuspindo sangue e um dente junto
- Levanta, porra - gritei me afastando e ele veio pra me dar um soco, consegui desviar e meti outro soco por dentro da cara dele, ele estava com o rosto todo ensanguentado, caí por cima dele e comecei a encher o mesmo de soco, o vestiário era preenchido pelos barulhão de soco e os gemidos de dor do Igor
- Para, por favor - pediu com dificuldade em meio ao choro
- Isso foi por ter abandonado o próprio filho antes de nascer - gritei e fiquei em pé, ele começou a tossir sangue quando chutei a barriga dele - E isso é por tudo de ruim que vocês pra eles dois - dei um último chute na barriga dele e um no rosto - ele gritava de dor, me agachei perto dele e vi que o mesmo estava quase apagando - Por mim eu teria te matado e eu só não fiz isso pra não deixar a Lorena sozinha, porque ela precisa de mim - falei seco e observei rosto dele ensanguentado e todo deformado - Você vai sentir muita dor mas não vai morrer, logo logo vai estar aí fazendo merda. Mas se você pisar chegar perto da Lorena eu juro por Deus que eu mato você, entendeu? - falei e ele continuou tossindo sangue - Responde - gritei
- Entendi - falou bem baixo e com muita dificuldade
- Ótimo - me levantei e quando saí do vestiário dei de cara com o funcionário que tinha me ajudado
- Tudo certo? - perguntou e eu assenti
- Já sabe? - perguntei baixo
- Estava verificando se ficou alguém e achei ele desse jeito - falou simples
- Não vai dar pra trás, né? - perguntou observando ele
- Eu ouvi o que você falou lá dentro e me lembrei da minha filha - deu uma pausa - O pai do meu neto fez igual ele, na verdade pior, ele agrediu a minha filha
- Sinto muito - falei sincero - Denunciou?
- E adianta, meu filho? - riu sem humor - Denunciei foi pros meninos da boca e ele ganhou uma surra
- Adiantou? - perguntei curioso
- Nunca mais voltou - falou rindo
- Espero que com ele aconteça o mesmo - falei rindo
