Flores

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- Lorena Narrando -

Tinha alguns dias que eu estava de repouso absoluto e posso afirmar com tranquilidade que não aguento mais ficar parada, mas também sei que é necessário para o bem do meu bebê. Como hoje era o primeiro jogo do Flamengo contra o Inter pela Libertadores e o João estaria lá no trabalhando, quem veio me fazer companhia foi o Ricardo e era engraçado ver ele não querer elogiar o adversário.

- Classificação encaminhada - me ajeitei no sofá e dei uma olhada para o Ricardo que revirava os olhos

- Sabe que ainda tem o próximo jogo e em casa, né? - falou me olhando - Beira-Rio lotado, o Internacional consegue reverter isso fácil

- Sempre ouvi dizer que filho quando apanha na rua, apanha muito mais quando chega em casa - falei e o mesmo riu - Não acha, gracinha?

- Chatona, mané - negou com a cabeça - Que cisma é essa com meu sobrenome?

- Desculpa se você tem um sobrenome bom pra fazer piadas - falei rindo e o mesmo se levantou - Já está com fome?

- Sim - confirmei olhando pra ele - Você poderia

- Não, não vou pedir pizza - me interrompeu e eu fiz careta - Você sabe que não pode, Lore

- Gostava mais de você quando era fora da lei, Graça - falei e ele me deu língua

- Você me ama - falou simples e foi pra cozinha

- Amo o seu corpo - retruquei alto e escutei a risada dele

- Eu deveria me ofender - falou no mesmo tom - Só que eu não me ofendi, aliás eu achei um ótimo elogio

- Foi um elogio mesmo - falei óbvia

- Claro, já se lambuzou nesse corpinho - falou vindo da cozinha com uma bandeja

- Fala como se nunca tivesse me usado - falei e ele colocou a bandeja nas minhas pernas

- Nos usamos - simplificou

- Isso mesmo - falei rindo

No dia seguinte eu e o João acordamos cedo e ele me ajudou a tomar banho, me deixou na sala e saiu para comprar pão, fiquei assistindo televisão e tomei um susto quando o mesmo entrou segurando um buquê de flores.

- Mandaram errado - falei assim que o João entrou no apartamento segurando um buquê de flores

- Tá com o seu nome no cartão - deixou as flores na mesinha

- Quem tá planejando o meu velório? - perguntei e o mesmo soltou uma risada

- Ridícula - pegou o cartão e me entregou, abri e ele estava escrito à mão

- Lorena, fiquei sabendo que você está afastada por motivos médicos, espero que você fique bem e volte logo para ignorar todos nós - li em voz alta fazendo o João me olhar confuso - Com carinho - estava lendo e arregalei os olhos quando vi o nome

- Quem foi? - perguntou curioso

- Com carinho, Gerson - terminei de ler e olhei para o João que estava com uma clara confusão no rosto

- O coringa? - perguntou surpreso - Por que? Desde quando duas caronas e algumas palavras trocadas são revestidas em flores?

- Sei lá - ri fraco - Estranho porém até que fofo já que não somos amigos e nem nada

- Muito estranho - concordou se jogando no sofá - E você vai mandar um buquê pro clube? - perguntou e eu acabei rindo

- Uma coroa de flores pro Morumbi - falei fazendo o mesmo soltar uma gargalhada

- Vamos? - perguntou animado - Podemos arranjar o nome de uma floricultura em São Paulo

- João - tentei falar mas o mesmo não deixou

- Vamos sim - pegou o celular - Você não tem direto de opinar

- Ai meu deus - neguei com a cabeça rindo e quando me dei conta ele já estava falando no celular

- Vocês trabalham com coroa de flores? - perguntou calmo - Ah, trabalham? Ótimo saber disso

- João - falei rindo e ele fez sinal de silêncio

- Gerson Narrando -

Eu nem sei explicar o que me fez mandar flores para a Lorena, só sei que mandei e logo em seguida acabei me arrependendo, não faço ideia da reação dela e eu espero que não seja muito ruim. No dia seguinte ao jogo contra o Internacional nós tivemos folga e óbvio que eu aproveitei pra ficar com a minha filha, porém tudo que é bom dura pouco, né? No dia seguinte nós teríamos treino até tarde.

- Gerson - escutei me chamarem e quando olhei era o repórter amigo da Lorena

- E, aí?! - acenei pra ele e o mesmo sorriu

- A Lorena pediu pra agradecer o buquê - falou e eu fiquei cheio de vergonha

- Espero não ter causado problemas pra ela - falei e o mesmo negou

- A única coisa que causou foi surpresa - falou e eu fiquei sem graça - Porém uma surpresa muito boa

- Boa? - perguntei surpreso

- Boa sim - confirmou - Ela está em um momento um pouco delicado e foi ótimo

- Ela está bem? - perguntei preocupado

- Agora sim - confirmou

- Silêncio aí - Ribas gritou e quando olhei pra trás ele estava aumentando o volume da tv

- Por essa ninguém esperava, Sormani - escutei a voz do Benjamin Back e fiquei na tv - Coroas de flores foram entregues no Ct do São Paulo - anunciou e eu abri a boca surpreso - Segundo fontes internas lá do clube as coroas tinham um destinatário bem claro, o clube no entanto alegou ser um protesto da torcida ou até mesmo de rivais

- Foram pro Leco ou para o Raí? - o comentarista perguntou rindo

- A surpresa está aí - deu uma pausa - Não foi para nenhum dos dois, o felizardo foi o Igor Liziero

- Liziero? - Mano perguntou surpreso - O que esse menino fez pra agarrar o ódio de alguém?

- Cenas para o próximo capítulo - Benjamin Back falou e eles começaram a debater o assunto

- Coisa louca, né? - olhei pro João que ria - Torcedor precisa entender que nem sempre vamos bem e não precisa de algo assim, achei pesado

- Louco, né? - parou de rir - Mas engraçado também

- Não achei - deu de ombros - Sou jogador e agora acho que isso poderia acontecer comigo também

- Você não fez nada pra ninguém - falou simples

- E o que ele fez? - perguntei confuso

- Deixou algum são paulino muito puto - falou rindo

- Exagero - falei e ele deu de ombros

- Preciso ir lá - deu um tapinha nas minhas costas e se afastou

- Precisa dar um prêmio pra esse gênio - Gabriel falou rindo e quando eu olhei ele apontava para a tv onde mostrava a coroa de flores

- Cuidado pra você não ser o próximo - falei rindo

- Duvido - falou rindo e eu me sentei pra almoçar

LibertéOnde histórias criam vida. Descubra agora