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- Lorena Narrando -
Depois que o Reinier contou para os meninos que o Igor era o pai do meu filho a minha única reação foi sair do estúdio, parecia que a sala ia explodir e eu já estava ficando sem ar. Escutei o Reinier chamando mas não parei, fui até o campo que estava vazio e me sentei.
- Eu odeio você, Igor - sussurrei e senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto
- Lorena - escutei a voz do Reinier e quando levantei os olhos ele estava em pé na minha frente
- Reizinho - falei limpando o rosto e ele se sentou ao meu lado - Me deixa sozinha um pouco
- Não - negou me olhando - Me desculpa por ter te exposto daquela maneira mas eu não aguentei eles defendendo o Igor daquela forma, foi me subindo um ódio tão grande que eu não sei explicar. Não fica com raiva de mim, por favor
- Não tô com raiva de você - falei sincera
- Não? - perguntou receoso
- Claro que não - ri fraco
- Mas você tá chorando - falou e eu sorri de lado
- Não é por isso - falei simples - Eu tento fingir que o Igor morreu ou que ele nunca existiu, ou que tenha feito parte da minha vida, sabe? Mas parece que com mais gente sabendo se torna impossível, se torna tão real que chega ser bizarro, e olha que eu tô grávida dele
- Uma vez eu fui tão mal em um jogo que a mesma torcida que me elogiou pra caralho na outra semana me xingou até a última geração - deu uma pausa - Eu queria sumir do mundo, me isolar ou apagar aquilo da minha memória, mas uma pessoa me disse que eu tenho que enfrentar os meus problemas, sabe? Que se eu fingir que nada aconteceu quando o problema voltasse seria muito pior, se eu enfrentasse saberia exatamente como agir e talvez ele não iria me afetar tanto depois de um tempo
- Eu te falei isso - falei e ele riu baixo
- Lembra desse dia? - perguntou e eu assenti - Eu sei que não tenho muita experiência, não faço ideia do que você está sentindo e também não vou comparar as situações, mas tenta usar esse conselho com o seu caso
- Vou tentar - sorri fraco e ele me abraçou
Fiquei ali com ele mais uns 20 minutos, não estava com cara e nem vontade de olhar os meninos, então fui até o meu chefe e disse que não estava bem, ele me liberou e fui direto pra casa. Assim que cheguei tomei um banho demorado e dormi, só acordei com o João se deitando ao meu lado.
- Reizinho me contou - falou baixo e eu suspirei
- Cansada de tudo - falei bufando
- O Igor não vale toda essa esquentação de cabeça - falou simples - Se vierem falar sobre o Igor, você só confirma e segue o baile
- Vou tentar - garanti
- Estava pesquisando sobre o Fábio - falou e eu olhei confusa pra ele
- Pra que? - perguntei olhando pra ele
- Curiosidade - deu de ombros - Ele compra, vende e investe em startups como quem compra bala - falou rindo - O cara compra empresas falidas, recupera e consegue vender por milhões de dólares, tirando as vezes que ele resolve ficar com a empresa, ele investe em tanta coisa que nem a Forbes sabe ao certo todos os negócios dele. Sabe essas coworking? Ele tem um monte, cria empresas no mundo inteiro e a maioria é de tecnologia
- E? - perguntei confusa
- Ele é um bilionário do Vale do Silício - falou e riu baixo - Fortuna independente, tá? Por que a família dele é cheia da grana também, nunca vi alguém tão bem de vida de perto
- Você trabalha com jogadores que tem milhões na conta - falei me sentando
- É diferente - falou me olhando - Bem diferente
- Maluco - falei rindo e me levantei
- O médico te liberou pra viajar? - perguntou e eu confirmei com a cabeça - Graças a Deus! Estava uma chatura viajar sem você
- Eu sei que me ama - falei rindo - Vou dar uma volta na praia, vamos?
- Preciso dar uma passada nos meus pais - falou e eu entrei no banheiro - Ela disse que fez bolo de banana
- Traz pra mim - gritei do banheiro e ele riu
Uns 10 minutos depois eu saí de casa, dei uma volta pelo calçadão e me sentei na areia, desde pequena eu tinha uma ligação surreal com a praia e com o passar dos anos virou o lugar que eu venho quando preciso pensar e colocar a minha cabeça em ordem.
- Eu tô em uma reunião no clube - escutei uma voz que não me era estranha e quando virei o rosto vi o Gerson no celular, estava com uma camiseta preta, short e boné da mesma cor - Sério, não posso falar com você agora - neguei com a cabeça pela mentira e assim que desligou ele me notou
- Mentiroso - cantarolei e ele riu sem graça
- Não queria conversar - se aproximou e se sentou ao meu lado
- Logo você? - arqueei a sobrancelha
- Acontece - falou com vergonha - Desculpa
- Pelo que? - perguntei confusa
- Por ter defendido o cuzão - falou e eu brinquei com a areia - Agora eu só penso que ele apanhou pouco
- Você não sabia - dei de ombros - Não tinha como adivinhar
- Mesmo assim - balançou a cabeça - E me desculpa também por ter cobrado você
- Não pede desculpa - ri fraco - Você ainda acha que eu deveria ter falado
- Mas eu - tentou falar mas eu interrompi
- Você não mudou o seu pensamento - falei simples e ele desviou o olhar - Já fiz muita coisa nessa minha vida e não me arrependo porque sou solteira, e não é porque eu troquei uns beijos com você que eu tinha que contar sobre as pessoas que eu fiquei ou sobre o que eu já fiz. Não sou Maria chuteira, Gerson, se eu fiquei com você foi por puro tesão e não achando que eu poderia conseguir algo, não foi assim com você e muito menos com os outros. Não sou santa e nunca me fingi, faço o que sinto vontade, seja por desejo ou qualquer merda e foda-se o que vão achar, pode me chamar de piranha, vagabunda, mas sonsa não, isso eu não sou e nem nunca foi
- Lo-Lorena - gaguejou e eu me levantei
- Só entenda isso - falei simples - Até mais
- Até - falou baixo e eu fui pra casa, morava perto da praia e por isso demorei pouco mais de 5 minutos, quando cheguei na frente do meu prédio vi o Fábio encostado em um carro, ele estava de terno e com os braços cruzados
- Eu achei que fosse me ligar - falou e eu suspirei
- Muita coisa aconteceu - falei olhando pra ele - Me achou como?
- Eu tinha o seu nome e o nome da sua mãe - falou dando de ombros - Não foi difícil
- Entendi - balancei a cabeça
- Posso subir? - perguntou e eu não queria ter outra conversa com ele tão cedo, mas não adiantava fugir, uma hora ou outra iria rolar
- O terno é uniforme? - perguntei e ele revirou os olhos
- Engraçadinha - falou e eu acenei com a cabeça para o prédio, ele logo entendeu que era pra vir junto
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Liberté
FanfictionLorena amava ser livre, viver sem amarras e da forma que quisesse, isso fazia com que as vezes ela tomasse algumas decisões ruins. E se uma decisão tivesse uma consequência tão grande capaz de mudar toda sua vida?