Again - Drarry

19 - 20 de Setembro

Draco Malfoy

(8:40 a.m)

Está tudo muito escuro, não enxergo nada além do que era possível em um feixe de luz a poucos centímetros de onde me encontro. Na realidade não sei onde estou. Não me lembro qual foi a última coisa que fiz, o que comi, com quem foi a minha última conversa. Parecia ter voltado ao início do mês, mas não poderia, porque me lembro de Lis... me lembro do Harry. Ouvi vozes. Distantes e secas, mas conseguia escuta-las. Forcei minha vista tentando ver algo, mas era inutil. 

- Acordou, que bom. - Percebi ser a voz do Harry. Sorri. Sentia uma saudade dentro de mim, mesmo não sabendo bem o porquê.

Finalmente consegui enxergar em volta. Estou em casa, ou melhor, na casa do Harry. Estou em sua sala, deitado no enorme sofá que nada combina com a decoração. Harry me encarava tranquilo, tinha um sorriso no rosto, então relaxei.

- Está com fome? - Foi o que ele disse. Levantei aos poucos e neguei, não estou.

Harry se levantou, foi até uma mesa ao lado e me entregou uma xicara de chá. Tudo estava bem, mas não parecia. Algo não condizia com o que eu sentia dentro de mim, quero dizer, amava Harry e queria uma vida assim, juntos. No entanto, não parecia ser certo agora.

Pisquei.

Não estava com Harry. Estava na Mansão Malfoy. A porta que tanto evito estava aberta, entrei por ela. Não queria, mas entrei. Meu pai estava lá... Goyle também e... E Harry. Meu pai e Goyle tinham sorrisos maldosos em seus rostos e Harry... ele estava em dor. Se contorcia e gritava meu nome. Eu tentei me aproximar, mas não fui capaz, tentei gritar, mas nada saia, eu queria salva-lo, mas não sabia como.

Harry continuou gritando, tão agoniante. Estava vivenciando meu pior pesadelo... isso. Meu pior pesadelo. Meu pai estava morto. Eu estou em um pesadelo. Eu preciso acordar.

Fui sequestrado, Goyle que fez isso. Não sei onde estou e Harry também não. Tenho uma filha e preciso voltar para ela, preciso sair disso. Ouvia os gritos do Harry em meu sonho. Queria chorar, mas não conseguia e não podia. Harry me chamou. Concentre-se, preciso sair. Preciso acordar. Eu...

Acordei. Estava suado e no chão. Era um quarto que me encontrava agora. Um quarto de criança, com pelúcias e brinquedinhos. As paredes eram coloridas pasteis e percebi que estava abandonada havia pouco tempo, pelo pó que se concentrava em cima dos moveis. Me senti bem, mesmo que perdido.

- Finalmente acordou. - Por um breve momento, meu cérebro me enganou. Achei ter escutado Harry, mas não era ele. Não poderia ser.

Goyle me encarava da porta. Não tinha reparado em sua presença até o momento, porque fiquei o tempo todo de costas para as portas. Uma tolice, já que eu estava em estado de sequestro, precisava de uma fuga e saber onde seu raptor se encontra, ajuda.

- Teve um pesadelo? - Me questionou, sem emoção, apenas uma pergunta. Não me movimentei. - Seu pai ficaria extremamente envergonhado com a forma que você está agindo. Harry Potter realmente te estragou.

- Não fale o nome dele. - Meu sangue ferveu. Este lixo não podia falar do Harry, não quando estragou a sua vida... e a minha também. - Ninguém se importa com o que um Comensal de merda acha, ninguém se importa com o meu pai. Ele está morto e espero que pagando pelos seus pecados... foram muitos para ser perdoado.

- Seu pai foi um grande homem. - Gritou em resposta. - Você não sabe dar valor a vida que teve oportunidade de ter.

Goyle sempre idolatrou meu pai. Para ele, ser o braço direito de Voldemort, era algo grandioso. Para mim era vergonha. Goyle queria ser o que eu era, talvez até o que meu pai foi. Ele queria poder. Um do qual estava disposta a fazer o que fosse para ter. E ele fez.