AVULSA SOB A LEI DO CHICOTE

CAPÍTULO 2: UMA CONVERSA AGRADÁVEL

Marcos levanta da cama ainda sonolento e olha os ponteiros do relógio enquanto os pensamentos vagueiam perdidos nos sonhos da noite anterior, mas o tom suave da voz do outro lado da linha acorda os seus instintos fazendo com que seus lábios esbocem um leve sorriso de satisfação ao ouvir da bela voz - " bom dia meu Senhor." De fato, em algumas histórias o universo virtual pode proporcionar o que muitas vezes não seria possível na vida real pelo simples fato das rotinas vividas, os lugares frequentados ou mesmo a distância dificultar o encontro de alguém que poderia ser especial e no caso de Marcos, a rede social proporcionou que conhecesse Fernanda por acaso durante uma palestra de direito criminal que aconteceu através de vídeo conferência acerca de um ano e meio e desde então, os dois passaram a se comunicar através da troca de e-mails estabelecendo assim, uma relação de amizade que em dado momento transcendeu a linha ilusória das redes sociais. Marcos caminha em direção ao banheiro enquanto responde bocejante e com a voz rouca de quem acabara de acordar - Bom dia minha jóia. Dormiu bem? - Sim meu amo, dormi bem sim. Perdão por tê-lo acordado, mas o Senhor mandou que te ligasse cedinho e sabe que sou ansiosa - responde Fernanda esboçando um sorriso sutil nos lábios. O Senhor está bem? - indaga Fernanda um pouco apreensiva enquanto pega a chave do carro sobre a mesa e segue rapidamente em direção a porta, afinal, não pode atrasar para a audiência de divórcio logo mais no Tribunal. - Sim, estou bem. Faz o seguinte, eu retorno pra você daqui a pouco, preciso aliviar e tomar um bom banho, tudo bem? - diz Marcos enquanto despe-se e abre o chuveiro deixando a temperatura agradável da água banhar o dorso do corpo. - Sim meu Senhor, estou de saída para o trabalho, mas estarei sempre a sua disposição quando desejar. - Tudo bem minha jóia, sei que você é a melhor no que faz, então, certamente terá êxito nessa ação. Te ligo mais tarde, bom trabalho pra você. - Obrigada Senhor - Fernanda agradece as palavras do seu Dono e se despede enquanto caminha em direção a garagem do edifício suntuoso em que reside, sabe que terá um dia difícil pela frente, afinal, por que diabos algumas pessoas não facilitam as nossas vidas? Não, elas têm que dificultar as coisas, e esse é o caso da cadela da Sílvia. Ela foi pega trepando com o sócio do meu cliente e quando ele entra com o pedido de divórcio, a vaca da Silvia quer sair como vítima. Foda-se, comigo ela e aquele advogado tonto dela não vão arrancar um único centavo do meu cliente - pensativa, Fernanda abre a porta e assume o volante da BMW116iA que ganhara a poucas semanas atrás de presente de aniversário do marido. Apesar da boa convivência entre Fernanda e Jerônimo Damasceno, a relação entre o casal já não caminha de forma satisfatória para ela muito antes do seu envolvimento com Marcos, o diálogo já não existia com frequência e o sexo já não fazia mais parte da relação entre o casal há bastante tempo, talvez o que ainda mantém Fernanda presa nesse relacionamento seja o fato da paixão incondicional que as duas filhas sentem pelo pai e a necessidade de manter a figura paterna presente nessa fase da vida, pois sabe que dificilmente suas filhas entenderiam uma separação nesse momento.