AVULSA SOB A LEI DO CHICOTE

CAPÍTULO 3: "UM DIA DIFÍCIL"

Embora não deixe transparecer aos olhos dos que estão a sua volta, Fernanda passa por problemas familiares muito difíceis, e apesar de ser uma mulher muito discreta no que diz respeito a sua vida, alguns poucos amigos sabem da situação que a família Damasceno enfrenta no momento em relação a saúde de uma das filhas do casal, que passa por problemas sérios de depressão, e de certa forma, a situação complicada da filha Rebeca faz com que Fernanda tema que uma possível separação nesse momento agrave ainda mais a doença dificultando o tratamento e a sua recuperação, e antes de seguir para o fórum onde acontecerá a audiência de divórcio em que atua como advogada de um importante empresário do ramo da construção civil, a pedido de uma amiga. Em vinte minutos Fernanda chega a clínica na qual a filha faz tratamento, parando o veículo no estacionamento, passa a mão no cabelo soltando um suspiro, abre a porta deixando o blazer no carro junto com a pasta de documentos e segue para a entrada principal da clínica, sendo cumprimentada pela recepcionista que já conhece bem a advogada. Bom dia Dra. Fernanda, a Dra Cilene lhe aguarda, pode subir por gentileza. Obrigada - responde Fernanda enquanto segue na direção do elevador. Distante dali; o dia mal começa para Marcos quando recebe um novo telefonema. Mesmo após quase um mês de pedidos de entrevista junto a assessoria de imprensa da segurança pública, Eduardo Gomes, amigo pessoal de Marcos e jornalista investigativo de uma tv local não conseguiu falar com o delegado que está à frente de um caso de grande repercussão na cidade, e mais uma vez tenta através da influência do amigo, conseguir essa tão importante matéria que pode dá um upgrade na sua profissão como jornalista - Alô, fala meu amigo, como estão as coisas por ai? Marcos atende colocando na boca a xícara de café fresquinho que acabara de fazer. - Bom dia amigo - responde o jornalista. Estou na mesma correria de sempre e preciso que você me ajude com aquela questão - antecipa Eduardo. - De novo com esse assunto meu amigo, sabe muito bem que não tenho como ajudar nessa situação, afinal, a decisão de liberar o delegado responsável pelo caso " Larissa" para dar entrevistas a imprensa, cabe somente ao secretário de segurança e ao delegado geral de polícia - explicou Marcos enquanto leva a boca mais uma xícara de café. De fato, o caso " Larissa" trata-se do assunto mais comentado no momento na imprensa local, um crime bárbaro ocorrido acerca de três meses atrás, em que uma jovem de 17 anos de nome Larissa Cunha foi violentada e brutalmente assassinada com requintes de crueldade após sair de uma festa ocorrida em um dos bairros de classe média-alta mais valorizados da cidade, sendo apontado como um dos principais suspeitos pelo crime o filho de um influente político do estado, e talvez por isso, exista protelação por parte da cúpula de segurança pública em manter afastada a imprensa dos detalhes das investigações. - Vou ver o que posso fazer por você, mas não garanto nada, ok!? - acrescenta Marcos. - Ok, fico à espera. Obrigado meu amigo e desculpa trazer essa questão novamente até você - diz Eduardo. Os dois amigos se despedem enquanto Marcos desce pelas escadas do primeiro andar em sentido a portaria do edifício de classe média em que reside. - Bom dia Seu Oscar, meu jornal por gentileza. - Bom dia Dr. Marcos, só um segundo - responde o sorridente e simpático porteiro. Marcos passa a folhear calmamente o jornal, enquanto sobe os degraus da escada de volta para o  apartamento, e apesar das notícias nada agradáveis que sempre estampam as páginas dos jornais, vem a sua mente a voz suave de Fernanda, pois ela é a única responsável pelos melhores momentos do seu dia!

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