Promessa de Morte

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Quanto mais eu me aproximava das cozinhas, mais inimigos pareciam me cercar.

Mesmo com os dois ombros feridos eu lutava com a fúria de dez homens, golpeando e defendendo. Meu rosto estava banhado em sangue e lama, e eu gritava com fúria.

Quando finalmente consegui chegar às pequenas cabanas, pude ouvir alguns gritos e barulhos de metal se chocando. Saí correndo desesperado, sem me importar em olhar para os lados, para trás; eu só queria salvar os Baldlaf. Arrombei a porta dos fundos com um chute, bem a tempo de interromper um golpe que um dos homens de negro desferia em Eada. No chão, atrás dela e encostada na parede, Vellca segurava o pai, que estava completamente ensanguentado e inerte. Ondas de um ódio renovado invadiram meu corpo e eu parti pra cima do inimigo, desferindo golpes violentos, cortando a mão que empunhava a espada e o acertando tantas vezes no tronco que quando ele foi ao chão, suas vísceras se espalharam junto com sangue por todo o piso.

-Eada - virei-me para a mulher mais velha, que tinha caído. Seus braços sangravam e uma poça de sangue se acumulava abaixo de si, proveniente do grande furo em seu abdômen.

-Chanyeol - Vellca me chamou com a voz fraca. Sua mãe já estava morta.

-Está ferida? - fui até a jovem. Ela tinha o rosto manchado de sangue, mas não era dela. Fora isso, só parecia muito assustada. Seus pais haviam dado as suas vidas por ela.

Vellca negou com a cabeça, ainda abraçada a seu pai.

-Precisamos sair daqui, ou vamos morrer - eu tentava manter a calma, mesmo que meu coração estivesse dando pontadas de dor no meu peito. Puxei a menina e saímos por onde entrei. Já na porta fomos recebidos por dois homens segurando machados de batalha. Aparei os golpes a tempo com minha espada, e quando eles ergueram as armas novamente, cortei seus pés, fazendo-os cair enquanto Vellca e eu passávamos correndo por eles - Pegue o machado, Vellca.

Ela me obedeceu, chutando o rosto de um dos homens quando o mesmo tentou puxar a arma da mão dela. Nesses dez anos em que estive fora os soldados devem ter ensinado uma coisa ou outra para a menina.






Eu não sabia mais há quanto tempo estava lutando, ou quantos homens havia matado. Suor e sangue escorriam de minha face e se acumulavam em minha camisa e a lama já tingida de escarlate formava uma mistura fétida e grossa que secava em minhas botas. Além da flechada no ombro, eu contava com novos cortes nas pernas e na cabeça, mais um longo arranhado no pescoço, causado pelo raspão de uma maça pontiaguda.

Minha espada estava banhada em sangue, e parecia sedenta por mais. A toda hora eu golpeava e me defendia, mesmo estando no meu limite. O ataque surpresa nos pegara desprevenidos, e o fato de eu estar preocupado com a segurança de Vellca não me ajudava a focar completamente. No entanto, tínhamos a vantagem dos números, e o Comandante Sehun ao nosso lado.

Ele e o escudeiro iam além do que as histórias trovadorescas diziam. Lutavam com habilidade sem igual; a Sombra, por conta da leveza de seu traje, conseguia executar acrobacias e saltos incríveis, além da técnica absoluta com as espadas gêmeas. Sehun Elanus brandia a espada em fúria e prazer, esboçando um sorriso sádico cada vez que matava, chegando ao ponto de quase gargalhar.

Podia apostar que aquilo não chegava nem aos pés do que ele vivera na arena.

Os rostos dos dois estavam tão ensanguentados quanto o meu, como se tivessem mergulhado em um barril de tinta vermelha; o líquido até mesmo cobria os fios negros do comandante, secando e formando uma camada.

Ao meu lado Vellca resistia. Ela parecia assustada no início, mas agora já se acostumara com a ideia de matar para sobreviver.

Notando que a quantidade de inimigos diminuíra consideravelmente, assoviei novamente e minha égua apareceu, o pelo todo manchado de cinzas. Levantei Vellca para que ela se sentasse na sela e montei atrás, tocando a barriga do animal com os calcanhares.

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