O Imprevisto

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Eu não deveria ter bebido tanto ontem, porque agora minha cabeça está com uma dor irritante enquanto ouço o interfone tocar insistentemente. Sinto falta de viver no Plaza, esses incômodos não aconteceriam se eu ainda estivesse lá.

O barulho parou, respiro fundo, me esparramando ainda mais na cama, como se fosse possível, quando o som volta com força total e eu solto uma dezena de palavrões. Olho no relógio e vejo que são quase 11 da manhã.

- Sim? - digo entre bocejos enquanto coço meus olhos.

- Senhorita Kim. - V, o porteiro mais legal de todos os tempos, diz em um tom baixo, quase sussurrado. - Há dois senhores aqui querendo falar com você, eles são do governo. - minha mente se desperta um pouco. Acho que foi há um mês que alguém me avisou algo sobre isso, certo?

Ergo a mão para coçar minha nuca e sinto o metal gelado da aliança contra minha pele, já se passaram algumas semanas, por que eu ainda estou usando esse anel idiota? Oh, merda, governo, agentes, o pedido de visto de Jisoo. Bato a mão na testa enquanto olho por meu apartamento que não parece com nada como um lar de recém casados, a bagunça é típica de uma pessoa solteira, há muito tempo solteira e com algumas visitas de poucas horas.

- Hey, V, de onde eles são? - pigarreio e agradeço por não ter trazido ninguém para casa ontem a noite. Talvez Deus já estivesse me preparando para essa surpresa.

- De onde vocês são mesmo? - ouço ele direcionar a pergunta. Aposto que são dois velhos, carrancudos, com canetas e blocos de papel nas mãos, prontos para anotar cada detalhe que eles julgam ser errado. - Senhorita Kim, eles querem falar com você e a senhorita Kim? - o tom dele é de dúvida. Oh, merda de novo. Eu não contei a V que me casei e o pânico está começando a me fazer suar friamente, meu estômago se retorcendo.

- Ahn, certo. V, peça a eles para esperarem por 10 minutos e então pode liberar. Se eles perguntarem sobre a outra senhorita Kim, apenas diga que ela deve ter saído bem no início da manhã para trabalhar, obrigada de novo. - desligo rapidamente. V vai me ajudar, ele me ajudou com algumas pretendentes irritadas e carentes em alguns dias.

Todo um banho rápido, o mais rápido da história da humanidade, e visto apenas calça jeans desbotada e uma camisa preta, fazendo uma maquiagem básica para disfarçar os sinais de embriaguez. Tento ligar para Jisoo, mas ela não atende, então ligo para Rosé e coloco no viva voz, enquanto escondo a maior parte da minha bagunça de solteira.

- Vamos, vamos, Rosie me atenda. - digo mais para mim mesma enquanto organizo a sala.

- Jen, que milagre, você me ligan...

- Rosé, você sabe onde está Jisoo? - eu a corto, meu tempo está acabando.

- O que? Como assim? - há muito barulho de conversas e risadas ao fundo de onde ela está.

- Onde você está? Quer saber, não importa, eu preciso saber onde Jisoo está, tipo, AGORA! - altero o tom de voz.

- Ela está trabalhando, acho que ela tinha um ensaio fotográfico em um parque de diversões com uma família, não tenho certeza disso, mas porq...

- Isso era tudo que eu precisava, obrigada. - a corto novamente e desligo o celular. Olho pela sala e sorrio, orgulhosa da minha arrumação de última hora. Pelo menos dá pra fingir, mas então me lembro que não há nenhum detalhe que indica que Jisoo vive aqui, por motivos óbvios.

Isso pode ser ruim, muito ruim. Por que estou tão preocupada com isso se o problema é dela, afinal?

Solto um suspiro irritado, mas então me lembro do porta retrato que o fotógrafo nos deu. Eu sempre fiz questão de escondê-lo, mas não importa onde eu o escondesse, Rosé sempre o achava e o colocava em cima da lareira, bem no centro, sendo destaque na sala.

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