O Jantar

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Essa é a experiência mais estranha da minha vida. Eu já dividi apartamento com algumas pessoas, mas Jennie está em outro patamar. É como se fossem dois lugares completamente diferentes, dividido somente por uma linha imaginária que nenhuma de nós se atreve a cruzar.

Não posso desmerecer o esforço dela. Mesmo sem nos gostarmos, ela tem se dedicado em tornar as coisas menos estranhas, mais amigáveis, para nós duas, mas ainda sim... são dois universos paralelos e que, por algum erro, estão coexistindo, um sobre o outro.

Somos os piores colegas de apartamento que já existiu. Nós raramente nos encontramos e quando nos vemos, damos um aceno educado ou algo do tipo. Jennie, sendo uma produtora musical, e eu, sendo fotógrafa, temos horários incertos e bagunçados.

Dois dias depois que eu havia me mudado, nós concordamos que já que deveríamos fingir ser um casal, seja lá de qual tipo, deveríamos saber o máximo de detalhes uma sobre a outra. Eu achei que ia ser algo legal, mas parece mais uma sessão de estudo ou um interrogatório e eu tenho ficado entediada com facilidade.

Haviam fatos, muitos fatos, mas nenhum deles parecia ser algo que casais realmente sabiam sobre o outro. Óbvio que há coisas gerais que é possível se aprender, mas as coisas que realmente tornam um casal, como um casal de fato, não acho que vamos conseguir fingir isso.

Respiro fundo antes de girar a maçaneta da porta e entrar no apartamento. O cheiro de algo muito gostoso me atinge assim que tranco a porta.

Há música alta tocando na cozinha e me encosto no batente da porta. Jennie está cozinhando algo, ou melhor, cantando, enquanto as panelas estão no fogo.

- I haaaaaaveeeee a loooooooveeeeeer - ela finge que a colher é um microfone e mordo minha boca para não rir. Ela desliza pelo piso de madeira, dançando e eu a observo da cabeça aos pés. Jennie está usando só um cropped azul bebê da Chanel e uma calça preta.

- Jisoo! - ela dá um gritinho ao abrir os olhos e me ver a observando

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- Jisoo! - ela dá um gritinho ao abrir os olhos e me ver a observando. Suas bochechas ficam coradas rapidamente e ela vira o rosto enquanto anda até o fogão, mexendo nas panelas.

- É o que está na minha certidão de nascimento. - dou de ombros e me aproximo do balcão, apoiando os cotovelos nele.

- Não sabia que você iria chegar mais cedo hoje. - ela diz de costas para mim, pelo movimento de seus ombros, ela está picando algo.

- Surpresa! - solto uma risadinha baixa - Vou começar a dizer: querida, cheguei!

- Sério? - ela se vira para mim, menos corada do que antes, mas pelo menos ela está rindo.

- Sim, pelo menos você não terá um infarto por minha causa. - sorrio para ela - O cheiro está muito bom, é alguma ocasião especial que eu não sei?

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