O Nome

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- Você não saia às 9 da manhã, nas quartas-feiras? - me encosto na bancada da cozinha enquanto misturo meu chá. Já são 10 da manhã e Jisoo está há pelo menos 15 minutos olhando algo lá fora.

- Algumas coisas mudaram. - ela suspira, bebendo café em seguida.

- Estou esperando que você me conte o que mudou. - digo depois que ela continua calada e ela se vira para mim, me olhando como se tentáculos estivessem saindo por minhas orelhas. - Acho que é importante eu saber dos detalhes da sua rotina, histórias e coisas do tipo, você sabe, caso os agentes do governo me sequestrem e me interroguem. - dou de ombros.

- Eu estava vendo as crianças brincando lá fora. - ela caminha até a máquina de café, despejando em sua caneca.

- Você quer ter filhos?

- Com você? - pelo tom que ela usa, ela deve me considerar a pior escolha possível de mulher para ser mãe. As coisas seriam tão melhores se Jisoo não fosse tão hostil e indiferente em alguns momentos.

- Bem, sim e não. Com sua esposa, aquela que você vai amar e ser loucamente apaixonada, algum dia. - encolho meus ombros ao dizer essa última parte. - Além do mais, eu nem sei se sou mesmo seu tipo. Você tem um tipo?

- Não sei, nunca pensei nisso. - ela diz depois de beber mais um gole de café e vejo o bigode que se formou em seu rosto. Tão adorável. Meu celular começa a tocar e eu suspiro.

- Minha pausa acabou, vou para o escritório ler alguns papéis. - coloco a caneca dentro da pia e estou prestes a lavar, mas Jisoo me empurra suavemente com o quadril.

- Eu lavo, vá trabalhar para pagar nossa comida. - ela dá um sorriso lateral, me fazendo revirar os olhos.

Me deito em um dos sofás do escritório e jogo o braço em cima dos olhos. Eu preciso desenvolver algumas coisas, mas as palavras de Jisoo e seu tom de voz ainda estão em minha mente. Não sei porquê estou pensando nisso, nós nem nos gostamos de qualquer maneira, talvez seja só meu ego falando mais alto.

Acordo algumas horas depois, ouvindo as leves batidas na porta. Eu nem sei quando cai no sono, mas de alguma maneira, foi tranquilizante. Esfrego meus olhos e bocejo antes de dizer, a quem quer que seja, que possa entrar.

- Eu fui ao mercado e comprei alguns macarrons, pensei que talvez você quisesse comer alguns. - Jisoo me dá um sorriso suave e entra na sala, com uma pequena bandeja, leite, café e os pequenos doces.

- Você anda tão gentil, devo me preocupar? - pego a xícara que ela me oferece e observo ela preparar o próprio café. Pouco açúcar. Não sei porque observei esse detalhe. Minha mente anda tão diferente ultimamente. Jisoo se senta na outra ponta do sofá, se encostando no braço dele e se virando para mim.

- Você não é. - ela diz enquanto estou mastigando.

- Não sou o quê? - digo enquanto ainda estou mastigando e ela me dá um olhar tão diferente do usual.

- Você não é meu tipo. - ela dá de ombros.

- Oh. - estou decepcionada, de alguma forma - E qual é o seu tipo então?

- Eu nunca havia pensado nisso, então quando fui ao mercado e fazia nossas compras, fiquei pensando sobre isso, mas há algumas características em comum em alguns deles. Mais altos do que eu, mais velhos, cabelos mais claros e com bochechas fofas. - ela parece pensativa. Jisoo acabou de descrever Rosé, exceto pela parte de ser mais velha. Óbvio, depois daquela demonstração clara de afeto que Jisoo deu no jantar, eu nem sei porque perguntei, mas então olho para o pescoço de Jisoo e me lembro dos hematomas que estavam lá anteriormente.

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