Capítulo 1

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E aí seu gays? Tudo bem?

Boa leitura, erros é só falar.... Hm... Lembrei, votem por favor. Custa nada não.

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Se você é capaz de deixar de lado o lance de alguém ter acabado de morrer, receber herança é uma coisa boa, não é? Um golpe de sorte. As circunstâncias a seu favor. Mas, quando aconteceu conosco, o efeito foi inverso. Tudo ficou bem pior. E rapidamente.

As coisas não estavam dando certo no trabalho do meu pai. Mesmo numa casa do tamanho da nossa, eu conseguia escutar as brigas, Nossa vida aparentemente confortável era uma ilusão sustentada por uma conta no vermelho. Estava tudo prestes a desmoronar. Nós desmoronamos, pena que não estávamos juntos.

Os problemas com dinheiro foram só o começo. Ao ouvir a conversa deles no corredor, numa noite, compreendi com uma pontada no coração que, pelo jeito, meus pais nem se gostavam mais. Mas desde quando? Sorria! Somos nós. Nós parecemos tão felizes. Suspensos no píer de Miami Beach, comendo raspadinha e olhando para o pôr do sol.

O que deu errado? Quando? E como é que não percebi? Será que eu fui como um sapo que não percebe que a água está esquentando até ser tarde demais e ele virar sopa?

Quando Josephine , a tia-avó da minha mãe, morreu e deixou uma casa para ela, eu pensei que a pressão fosse diminuir. E diminuiu mesmo, mas não do jeito que eu esperava. Um nanossegundo depois, meu pai soltou a bomba – o negócio da família estava nas mãos dos interventores, ele declara falência, ele era gay e estava saindo de casa.

Gente, por favor, um choque de virar a vida de ponta-cabeça por vez, tive vontade de dizer.

Rolou um leilão da casa. Isso acontece quando o banco vende a casa da gente porque basicamente é o dono dela. Os credores – o pessoal a quem meu pai devia dinheiro –  mandaram os interventores, que levaram todas as nossas coisas embora. É como mudar de casa, mas sem ver o caminhão de mudança de novo.

Jacob Grey, da minha escola, passou de bike quando eles estavam carregando o caminhão.

– Pelo jeito você está mudando de casa, Jauregui — disse ele.

– Seu poder de observação é impecável, Grey. — Fiquei pensando se ele sabia da história toda.

– Ouvi dizer que seu pai perdeu tudo.

Ele sabia.

– É.

-Sua loser.

E foi embora.

Tenho quase certeza de que ele não viu os caras colocando meu puff das Tartarugas Ninja no caminhão. Eu sei, devia ter dado aquilo embora há anos.

Geralmente, quando um negócio vai à falência, as pessoas pelo menos conseguem ficar com suas coisas pessoais, mas, no nosso caso, tudo era propriedade da empresa.

Minha mãe e eu escondemos umas coisas na casa de Milika Hansen, uma amiga dela - coisas de cozinha, livros, roupas, meus gibis e uma TV. E pudemos ficar com as fotografias, mas não com os porta-retratos de prata.

Nossa vida inteira coube em algumas caixas.

Os interventores passaram pela nossa casa como uma praga de gafanhotos. Foi horrível entrar naquela casa vazia depois. Eu não ouvia eco lá dentro desde que tínhamos nos mudado para lá. Naquela época, era um som que lembrava todas as coisas legais
que ainda tinha para descobrir. Mas agora soava apenas como O Fim, e coisas que eu achava melhor nem ter ficado sabendo.

Fomos arrancados pelas raízes. Liquidados. Acabados.

Grey tinha razão. Eu me senti mesmo como uma loser.

Impossible ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora