Capitulo 1

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- Eu não aguento mais -ela se jogou no chão em prantos. Seu coração doía como se alguém o pisasse de salto agulha - Não faça isso com ela -implorou em meio às lágrimas- Não faça -seus soluços cortavam o ambiente calmo em que ela se encontrava.

Uma mão forte se depositou em seu ombro.

- Levante-se -pediu.

A garota estava fraca, seu corpo tremia e a dor que sentia só a fazia sentir uma angústia gigante em seu peito. Ergueu-se com dificuldade, mantendo sua cabeça baixa e a respiração desordenada devido aos soluços  gemidos.

- Por que fez isso comigo? -as lágrimas lhe rasgavam o rosto- Por que fez isso com ela?" -apontou para baixo- Ela...ela não merecia passar por nada -um soluço alto a fez suspirar pesado.

- Questiona o destino que eu escrevi para vocês duas? -perguntou. Mesmo sendo uma pergunta diga-se de passagem pesada, sua voz era terna.

- Eu não merecia morrer, merecia? -a garota questionou. Suas pernas fraquejaram e as mãos do homem a sua frente a seguraram - Eu era uma boa pessoa, eu era -a sensação de desespero a dominava- Por que me trouxe? -esbravejou- Por que me tirou da minha família? -seu tom de voz era cheio de raiva- Por que me tirou dela? Por que? -dessa vez caiu de joelhos no chão. O vestido branco que usava estava ensopado de lágrimas- Por que está a fazendo sofrer assim? -enterrou seu rosto em suas mãos.

- Levante-se -ele pediu.

- Eu não consigo! -exclamou.

- Levante-se, querida -estendeu sua mão a ela. Relutante, pegou sua mão, fitando sua cicatriz que estava bem no centro da palma. O homem percebeu pra onde ela olhava e disse- Você acha que eu merecia isso? -referiu-se as suas marcas- Que eu deveria ser crucificado daquela maneira? -O choro da garota se cessou aos poucos. Ela negou com a cabeça e ele sorriu fraco- Nem sempre a vida é justa, eu nunca errei em nenhum dos destinos dos meus filhos -disse.

- Por que minha vida teve que terminar assim? --questionou, ela precisava de respostas, a dor a sufocava.

- Quem disse que terminou? -obteve outra pergunta como resposta.

- Mas eu morri! -exclamou- Olhe -apontou para baixo- Eles estão me enterrando. Meus pais inconsoláveis, minha irmã em total desespero. Minha irmã, a pessoa que eu mais amo no mundo. Eles estão dizendo adeus pra mim, sem que eu pudesse ao menos me despedir. Acabou -as lágrimas invadiram seus olhos novamente.

- Não acabou até eu dizer que terminou -acariciou os cabelos a garota já sentada no chão, observando a cena do seu próprio enterro.

- O quanto Rafaella vai sofrer? -perguntou olhando sua irmã ajoelhada no meio da chuva fina que caia sobre o cemitério- O quanto ela vai chorar? -fitou o homem ao seu lado.

- O quanto ela a amava? -questionou com uma sobrancelha arqueada.

- Muito -sussurou a garota.

- Costuma ser um pouco mais que isso -ouviu a resposta e seu coração se partiu de novo.

- Tire essa dor dela -suplicou quase se afogando em suas lágrimas que escorriam pela face- Coloque em mim, tire dela -suplicava em desespero.

- Eu não posso, querida -disse.

- Sim, você pode -ela retrucou- O senhor pode tudo, o senhor curou os cegos, fez deficientes andarem, o senhor operou milagres, tire essa dor dela -possuía as mãos unidas, em um gesto comum de suplica.

- Os sentimentos que ela possui agora estão além de um problema físico, eu não posso fazer nada por isso. Eu sinto muito -depositou um beijo na cabeça da garota e sumiu junto a alguns anjos.

A garota ficou ali, observando tudo atentamente, todas as ações de sua irmã, a forma como seus pais a rejeitavam e culpavam. E ainda tinha Sofia, sua irmã mais nova, ela estava tão assustada.

Seguiu com o olhar Rafaella e Sofia sendo levadas por duas garotas, as melhores amigas de sua irmã.

- Quando ela volta, Rafa? -Sofia perguntou- Estou com saudade -concluiu.

Os olhos verdes se tornaram vermelhos, seu coração novamente em cacos. Por que teria que ser assim? Tão cruel?

- Sofia -Rafaella respirou fundo- Ela não vai voltar- sussurou, se podia sentir o tamanho de sua dor mesmo de tão longe, mesmo do infinito.

Soluços dolorosos rasgavam a garganta da garota ajoelhada.

- Por que não? -Sofia agora chorava- Ela não ama mais a gente, Rafa? Diz pra ela que eu não encho mais ela, que eu deixo ela ver o que quiser na TV, que eu dou um pedaço do meu chocolate ou do meu sorvete, mas manda ela voltar -Rafaella chorava compulsivamente. Uma de suas amigas pegou Sofia nos braços enquanto acariciava a cabeça da amiga.

- Sofia -sussurrou diante de suas lágrimas. O quanto ela estava destruída não se podia medir em palavras- Eu te amo tanto, pequena... -sussurrou novamente.

- Ela precisou ir -a amiga de Rafaella, Manu, que tinha a pequena nos braços falou acariciando sua bochecha- Mas ela mandou dizer que nunca vai esquecer você e que você é muito amada por ela, pra sempre -Sofia encarava Rafaella, que chorava como se seu coração estivesse sendo arrancado- Ela disse que quer que você seja uma boa garota e cuide da sua irmã -concluiu. Sofia pulou para o colo de Rafaella e a abraçou com toda a força.

- Eu cuido de você -a pequenina sussurrou para a irmã, recebendo um abraço que transmitia toda a dor de Rafaella.

- Filha -a voz do pai fez com que ela lhe olhasse rapidamente, revelando seus olhos inchados e vermelhos- Não acha que já chega? -perguntou lhe entendendo a mão. A garota negou com a cabeça, voltando a atenção para suas irmãs.

- Sofia vai ser uma garota incrível -confessou com um sorriso de canto.

- Vai -o homem lhe disse- Ela tem um exenplo e tanto para seguir -afogou os cabelos da garota.

- Me deixe ficar as olhando -sussurrou- Eu...eu sinto tanta falta delas. Meu coração está doendo tanto -suspirou dolorosamente.

- Por quanto tempo irá querer ficar as olhando? -questionou.

- Quanto tempo eu tenho?

- Não muito -disse.

- Por que? -o olhou- Eu ficarei aqui pra sempre mesmo.

- Tenho outros planos para você -aquilo chamou a atenção da garota- Tenho que esperar um tempo, ainda estou escrevendo o seu próximo destino- sorriu e sumiu como sempre fazia.

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Oi, gente

Como vocês estão?

Então, vim com uma adaptação pra vocês e espero que gostem. Essa história é da jaguarii97 e a capa tbm É dela.

Confesso que estou muito boiolinha por ela e espero que vocês gostem dela tanto quanto eu.

Querem que eu continue?

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