Capítulo 3

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- Victoria Kalimann, o senhor sabe disso -falou desconfiada.

- Está enganada -a garota arqueou as sobrancelhas confusa.

- Acho que eu saberia meu próprio nome -deu de ombros.

- Bianca -falou- Você daqui a alguns dias se chamará Bianca Andrade.

- Como assim? -a garota estava intrigada- Eu me chama Victoria Kalimann, Senhor -respondeu erguendo-se do chão.

- Você se chamava quando estava naquele plano -apontou para baixo- Aqui -abriu os braços- Você é conhecida apenas como minha filha -concluiu.

- Mas eu tenho todas as feições dela, todas as lembranças da vida dela, ou da minha, sei lá -a confusão em sua cabeça era evidente.

- Você tem certeza que tem as feições dela? -questionou.

A garota ia abrir a boca para responder, mas saiba que quando Ele a questionava daquela forma ela sempre seria a errada.

Entregou-lhe um pequeno espelho, a fazendo notar suas reais características. Pele branca, cabelos pretos lisos, olhos castanhos e rosto angelical.

- Victoria não era assim... -sussurrou deixando o objeto em suas mãos cair- Eu tinha pele bronzeada, cabelos ondulados e olhos escuros... Eu.. Eu não era assim -ela poderia estar mais confusa? Sim, ela poderia.

- Todas essas características são do corpo ao qual pertenceu -contou- Essas, as que vê agora são as características da sua alma.

- O que elas dizem sobre mim? -perguntou em um fio de voz.

- A pele branca significa que és cuidadosa, os olhos castanhos que seus sentimentos são fortes e intensos, os cabelos que é atenciosa. E quanto ao rosto angelical, todos os meus filhos possuem -sorriu ao fim.

A garota está confusa, sentia -se tonta.

- E todas as lembranças? -o olhou intensamente- Por que as tenho comigo?

- Porque você ainda está ligada ao seu antigo corpo, sua antiga vida. Quando pertencer a outro corpo, você não terá mais nenhuma lembrança da sua vida, nenhuma característica do seu antigo corpo, apenas as características da sua calma se farão presentes, juntas a fisionomia -concluiu.

- Eu não quero pertencer a outro corpo -lágrimas rolavam pelo seu rosto silenciosamente- Quero a minha vida de volta, quero a minha família, meus amigos, minhas irmãs, por favor -ajoelhou-se em súplica, aos prantos.

- Eu não posso lhe dar sua antiga vida -disse esticando as mãos para que ela se levantasse.

- Por favor -suplicou em um soluço.

- Querida, a história daquele corpo acabou. Eu não posso continuar algo que não estava planejado, sabe o quão perigoso isso seria? -ele acariciava os cabelos da garota- Você não confia em mim?

- Confio -sussurrou- Eu só sinto una dor imensa, Pai, meu coração está tão machucado, eu não aguento a ver assim, de longe e não poder cuidar dela, cuidar da Sofi -respirou fundo devido as lágrimas- Meus pais sentem a minha falta, meus pais a culpam, por que a culpam? -quase caiu novamente- E-eu só a salvei. Se não fosse eu aqui, seria ela, eu nunca me perdoaria -o homem a sua frente sorria.

- Acha que não pode fazer nada por ela, querida? -questionou.

- Eu tentei! -exclamou- Ela estava se machucando e eu gritei até não ter mais ar nos pulmões, eu gritei, pulei, implorei e nada aconteceu -ela estava indignada.

- De fato, daqui não poderá fazer nada -disse calmo.

- Mas é aqui que eu estou! -exclamou erguendo os braços.

- Não aceitará minha proposta? -a garota arqueou as sobrancelhas confusa.

- Que proposta? -perguntou.

[...]

Sentada em cima de uma pedra, observava as cenas de sua irmã mais nova, ou talvez, antiga irmã mais nova.

- SOFIA SAI DAQUI! -sua mãe gritou chorando.

- Mas mamãe... -a pequena foi interrompida.

- Saia! -pediu com a voz falha.

- Vic quer que eu cuide de vocês -a pequena tinha os olhos cheios de lágrimas. Suas mãozinhas pequenas tentaram tocar o rosto da sua mãe que a empurrou com força.

- ME DEIXE EM PAZ! -gritou e soluçou alto, fazendo a garotinha sair dali correndo, chorando.

- Não... -sussurrou com lágrimas nos olhos- Era pra vocês cuidarem do meu bebê não a machucarem, parem... -seu coração está apertado, a sufocava.

- Rafa... -Sofi chamou chamou em meio a lágrimas, não obtendo nenhuma resposta- Rafa! -bateu na porta do quarto da garota e ela não respondeu.

Rodou a maçaneta e abriu a porta, o quarto estava vazio. - RAFA! - gritou. O coraçãozinho tão apertado, tão pequeno.

Agarrou-se a um dos seus ursinhos que se encontravam no quarto de Rafaella e seguiu em passos curtos até o quarto de Vic, sentindo-se totalmente abandonada.

Entrou no quarto da irmã mais velha e se sentou na cama, olhando tudo ao redor. As lágrimas machucavam o rosto e o coração daquela pequena garota.

- Vic -sussurrou apertando o urso contra seu corpo dolorosamente. Soluços cortavam o silêncio do quarto- Quem vai cuidar de mim agora? -seu choro era desesperado- Você não podia me deixar, Vic, eu sou o seu bebê -soluçou alto ao fim da frase.

A pequena garota correu até a bancada e esticou-se pegando uma foto das três irmãs, abraçando-se a ela

- Quando você volta? -perguntou baixinho- Por favor, Vic, quando você volta pra mim? -soluçava tão dolorosamente.

Gritava durante seu choro, agarrada a barra do vestido. Por que tudo tinha que ser assim? Por que alguém tão pequeno e ingênuo precisava passar por tanta dor? Tanto desprezo e falta de cuidado.

- PARE! -gritou apertando a cabeça com as mãos- Ela não, por favor, ela não -seu choro se assemelhava a intensidade de sua pequena irmã.

- Não vai respondê-la? -o Homem perguntou ao seu lado, fazendo ela o olhar com dor e confusão- Ela está esperando sua resposta -sussurrou o fim.

- Sofi... -sussurrou e observou a garota pequena largar o urso no chão, assustada- Eu volto logo -continuou e observou o choro da sua pequenina se cessar- Eu volto logo pra você e Rafaella -concluiu e a garotinha agarrou o porta retrato com toda força que possuía- Eu te amo... -sussurrou o fim tão baixo, uma leve brisa soprou os cabelos lisos e bochechas grandes da garotinha, fazendo seu coração se encher novamente.

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Até logo, mundinho rabia🗼❤

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