Capítulo 8

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- Então me verá todos os dias que quiser -sorriu com ternura e puxou-a para um abraço tão bom que parecia uma espécie de escudo, um globo protetor.

Soltaram-se e timidamente Bianca procurou com os olhos sua bolsa pelo quarto, a encontrando sob a escrivaninha.

Andou com dificuldade até o objeto e o colocou sob o ombro, gemendo de dor pelo contato com uma área provavelmente ferida.

Rafaella a observou atentamente. Bianca seguiu até a porta e acenou com a mão, dando um sorriso tímido.

- Espere -Rafaella chamou fazendo Bianca parar de andar- Eu te levo em casa -Bianca pensou em negar, mas foi interrompida- Por favor, você está com dores, só dessa vez -Bianca rendeu-se e então seguiram ao carro de Rafaella.

O caminho foi silencioso, seria um completo breu se não fosse pelo som do rádio, que tocava alguma música alheia as duas garotas ali. Os pensamentos a mil, longe, completamente longe.

- É ali -Bianca apontou uma grande casa na esquina e Rafaella estacionou na frente.

- Pensei que fosse mais longe -disse rindo baixo.

- Eu meio que já estava quase em casa quando algum objeto metálico me atingiu -Bianca riu e Rafaella ficou visivelmente envergonhada- Hey, relaxa estou brincando -falou fazendo Rafaella se sentir melhor- Bom, obrigada -soltou o cinto e ia abrindo a porta.

- Você disse que eu te veria quando quisesse -Rafaella fez seu rosto virar-se para ela- Mas eu preciso do seu número -disse tímida.

Bianca riu e pegou o aparelho. Discou alguns números e chamou Rafaella para se aproximar, colou seu rosto ao dela e bateu uma foto colocando no contato do telefone- Não precisa mais -sorriu e devolveu o aparelho, saindo do carro.

Alguns dias depois

Bianca ainda se recuperava completamente dos machucados que ao chegar em casa, constatou que estava cheio deles em suas costas e ombros.

Nenhum sinal de Rafaella havia sido lhe dado, não que ela sentisse falta, afinal que sentido teria? Ela havia acabado de conhecer a garota e já estava com saudade dela?

Sua relação com seus pais havia melhorado. Não 100% mas o suficiente para não se tornar insuportável o convívio entre quatro paredes. Obviamente sua relação com sua mãe evoluiu mais rápido do que com seu pai, havia o daquele sentimento de indiferençaindiferença seu pai, mesmo com as tentativas da morena de um novo contato.

- Seu irmão virá a cidade amanhã -Mônica disse a Bianca quando a garota entrou na cozinha.

- O que ele virá fazer? -a carioca perguntou- Ele já não veio semana passada? -questionou pegando um copo de água.

- Se não me engano virá para uma missa de sétimo dia do falecimento de uma amiga de escola -Bianca assentiu com a cabeça, esse assunto era delicado.

- Ele ficará em casa? -perguntou pegando sua bolsa que estava na bancada da cozinha.

- Não sei... -respondeu triste.

- Se o problema for minha presença, diga a ele que precisamos conversar -Mônica assentiu e Bianca seguiu sua rotina habitual de escola e curso às escondidas.

Voltando nossa atenção para Rafaella.

Definitivamente as coisas em sua casa depois do episódio com Bianca não estavam nada boas. Nunca estiveram, para ser mais exata, porém pioraram gradativamente.

Sofi se isolava cada dia mais, mantendo apenas o contato necessário com seus pais. Ao que parece, a pequena havia cansado de tentar aproximação com sua mãe pra dar e receber carinho apegou-se totalmente a Rafaella.

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