Cap. 3 - Quem é você ?

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XAVIER ON

      O colégio hoje estava um saco, na verdade, sempre é um saco, tente imaginar um aglomerado de pessoas mesquinhas, chatas e com o ego nas alturas... essa era a melhor definição desse colégio, ao contrário do meu antigo colégio que era público e tinha pessoas humildes e educadas, como sinto falta disso... quando minha mãe se mudou para cá e criou laços com a vizinha da frente (diretora desse colégio) eu já sabia que iria vir merda, eu estudava em um colégio público, tinha vários amigos e era feliz; aí você me pergunta, nossa Xavier, agora você é triste porque saiu do colégio público? Quanta infantilidade... não é bem assim, aconteceu muita coisa, essa mudança foi apenas um estopim.

– Cheguei mãe, mãe? Alguém nesta casa? – Novidade que dona Catarina não esteja em casa ainda, depois que meu pai morreu, ela tenta ao máximo não ficar em casa, agradeço por ela ter conhecido a Marta porque quando as duas estão juntas ela parece esquecer um pouco, só fico meio receoso pelo fato de Marta frequentar bastante festas e boates, aquela mulher parece uma adolescente, mas tenho um enorme carinho por ela.
      Meu pai morreu a exatos 8 meses, em um acidente de carro, foi algo muito inusitado, ninguém esperava por isso, lembro que estavamos felizes pois a mãe tinha subido de cargo, sendo agora a nova vice diretora da escola, eu já tinha me acostumado com o bulliyng e aprendido a me defender, no final aquelas aulas de defesa pessoal serviram para algo... meu pai pouco antes de falecer ao perceber as frequentes marcas de briga em meu rosto, criou em nossa casa uma sala de treino composta por barras, pesos e tatame, a gente treinava todo dia juntos... após a sua morte eu decidi desocupar a sala e vender os equipamentos e com o dinheiro comprei sua tão sonhada moto, uma harley toda preta, confesso que virou o meu chodó e agora eu treino atrás do jardim de girassóis e transformei nossa antiga sala de treino em uma sala de estudos para Yasmin, minha irmã mais nova, ela ficou abatida no começo, mas é muito boa em disfarçar, então não sei o que se passa em sua cabeça agora, começou nesse ano o nono ano do ensino fundamental, Yasmim nunca estudou em escola pública, não sei se fico feliz ou triste, feliz por não ter que passar por essa mudança, ou triste por ela conhecer apenas essas pessoas mesquinhas, eu não sou de ficar muito com ela no colégio, pois sei que comigo ao seu lado, só dificultaria suas amizades, então eu a cuido de longe sempre, vejo que tem poucos amigos e até já notei um garoto que fica à incomodando no recreio, perguntei se ela queria que eu falasse para ele parar, mas ela disse que estava tudo bem e que eram apenas brincadeiras saudáveis, então eu deixei de lado.

– Filho? É você? – Sou tirado de meus devaneios quando minha mãe chega, deixei as panelas de lado e a respondi.

– Sim, estou na cozinha, vou fazer um omelete, quer também? – Eu não estava com cabeça para fazer uma comida descente agora, então apelei para um básico omelete.

– Quero sim, vou tomar um banho e já venho – Disse e subiu as escadas, continuei a arrumar os sanduíches, comemos juntos e ela voltou para o colégio.

      Minha cabeça estava nas nuvens... a maior causa dos meus hematomas dos anos anteriores era uma pessoa chamada Marcos, um idiota que tinha se mudado para cá quase no mesmo ano que eu e como rapidamente se familiarizou com os outros idiotas do time de futebol, ele foi atrás de uma vítima para inflar seu ego e se tornar popular, a vítima fui eu, bom, fui eu por alguns meses, até meu pai me treinar e me incentivar a enfrenta-lo... foi uma briga feia, mas valeu a pena, ganhei respeito, ganhei autoestima e melhor ainda, varias meninas para me "parabenizar" por enfrentar o Marcos; o resultado disso foi uma suspensão de quatro semanas para ambos,  além de uma rivalidade que vai bem além do colégio, ele anda apenas com seu grupinho do time de futebol, e eu, ando com alguns caras que conheci na mecânica que levo minha moto, e coincidentemente, estudam na mesma escola que eu, então o ensino médio da escola se dividia em, usando o mesmo termo que eles, os rebeldes e os gostosos do futebol, confesso que me senti ofendido, mas não ligo mais pro que essas pessoas pensam, como dizia meu pai "eles merecem menos que o seu silêncio".
      Estava no jardim fazendo os exercícios para passar o tempo, quando escuto um carro parar em frente a minha casa, desceu de lá uma garota de cabelos castanhos e uma blusa de couro com o nome "black" nas costas, na hora me questionei se seria parente de Marta, lembro-me de ficar maravilhado quando criança quando descobri que seu sobrenome significava "preto" em inglês, mas mudando de assunto, eu ainda estava observando a garota pelo jardim de girassóis, ela estava a todo momento olhando para o celular e para a placa da rua, deduzi que estaria confirmando o endereço, ela passou os olhos por toda a rua, parecia analisar cada detalhe, fiquei em choque quando ela olhou para o jardim em que eu me escondia, mas percebi que não podia me ver quando apenas passou a olhar para a minha casa, de repente a porta se abre e elas trocam poucas palavras antes de Marta a braçar... e eu continuava me pergunto:

– Quem é você?

#CATARINA:
Cabelos pretos
Olhos azuis
Magra
1,67
Hétero

#JUAN:
Cabelos castanho escuro
Olhos castanho claro
Magro
1,75
Bi

#XAVIER:
Cabelos pretos
Olhos castanho claro
Tipo esportivo
1,83
Hétero
#ROUPA CARACTERÍSTICA:
Usa roupas em tons neutros
Jaqueta de couro preta com o bordado de um girrasol nas costas, o girrasol é uma metáfora ao seu sobrenome (fowler) que se for embaralhado, podemos obter "flower", além de girassol, ser a flor favorito de seu pai.

Soo badOnde histórias criam vida. Descubra agora