Cap. 1 - Sociedade de merda

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LEXA ON

E lá estava eu novamente, diretoria era como minha segunda casa, reconheceria de longe aquelas paredes cinzas, a mesa de madeira rústica e, principalmente, aquela pessoa engravatada que estava me encarando de forma furiosa e já não tenho dedos suficientes para contar as vezes que escutei essa próxima frase do senhor Rogério:

- Pelo amor de Deus lexa, não consegue ficar um dia sem surtar? Eu entendo que você discute apenas por causas graves, mas uma nota baixa não justifica essa zona em sala de aula - Não pude evitar a cara de indignação, ele só podia estar brincando com a minha cara, ele realmente ignorou tudo o que eu disse?.

- Mas diretor, não é sobre a minha nota, o senhor até parece que não me escutou falar que Elizabete tirou nota máxima porque transou com o professor - Mal terminei de falar e ele já estava pálido, até parecia que eu havia tocado em algum assunto proibido, sustentei seu olhar e ele desviou no momento seguinte, meu sexto sentindo me cutucou dizendo que ali tinha algo escondido.

- Esses são modos de falar com seu diretor ? Pare de reclamar da sua nota e se retire, não quero mais ouvir sua voz hoje - Ok, entendi, não importa o que eu diga, ele vai continuar me ignorando, mas eu só queria descobrir o motivo.

Ao voltar para a sala, estavam todos em silêncio, pois eu havia dado um show ao ver as respostas estúpidas de Elizabete e logo ao lado uma nota cem, indignada fui até o professor e o maldito teve a audácia de virar a cara como se eu não estivesse ali, aquele egocêntrico de merda, eu só não entendia Elizabete, ela é linda, não posso negar, mas porque se envolveria com ele? Nota? Ela não precisa de nota, suas notas são quase iguais as minhas, algo me intriga quando ao estar analisando Elizabete o professor se aproxima de sua mesa, sutilmente, quase ninguém percebe a aproximação, mas eu sim, noto quando ela se encolhe, como se tentasse se fundir à parede com a intenção de fugir dele... ela não está confortável... ela está olhando pra baixo, sem contado visual... ela não quer mostrar interesse na conversa... de repente uma idéia sombria passa em minha cabeça e eu fico com raiva no mesmo instante, tento afasta-la, mas ela fica ali, gritando desesperadamente para que eu faça algo, para que eu impeça aquilo, eu já sabia o que estava acontecendo, eu já sabia a causa de tudo e me enfureceu mais ainda pensar que o diretor sabia disso; agora tudo fazia sentido, levantei e fui em direção a eles, os punhos serrados e a mente a milhão, consigo ser sutil e ouvir sua última fala:

- Viu Elizabete, nem fechamos acordo ainda e eu já cumpri bem mais que prometido, paguei a medicação da sua mãe ontem e quando vi que sua nota seria horrível eu dei um jeito, viu como pode confiar em mim? Será um segredo nosso pequena, ninguém irá saber, pense à respeito, meu anjo - Eu sabia, errei em pensar que Elizabete seria capaz disso, meu sangue ferveu ao ver a calma que ele tinha na voz, como se aquilo fosse normal, como se o fato dele ser 20 anos mais velho que ela não fosse um crime, aquele verme.

- Vo-você ouviu? - Só percebi que estava à encarando quando ela me chamou, droga ela estava tão assustada, me aproximei lentamente tentando parecer mais calma e aproveitando para pensar em algo.

- Ouvi sim, e eu quero te ajudar, isso não é certo Eliza, eu posso te ajudar, vamos a diretori... - Merda, o diretor sabia, para onde eu iria levar ela? Onde seria seguro? Pensa, pensa caramba - Após a aula vamos na delegacia, podemos denunciar eles, podemos dar um jeito.

- Você ouviu Lexa, eu preciso de dinheiro para pagar os remédios da minha mãe, ele disse que vai ser rápido e... - Eu congelei e não consegui ouvir mais nada, não, não, ele não pode ter entrado tanto na cabeça dela ao ponto de fazer ela cogitar de aceitar isso, a quanto tempo ele está manipulando ela?, droga, eu não posso obriga-la a denunciar ele...

- Vamos fazer uma denúncia anônima, marca de encontrar ele em algum lugar e avisamos a polícia, eles vão entender sua necessidade, talvez algum deles até nos ajude a conseguir o dinheiro, por favor, me dê uma chance de te ajudar - Ela me olhou ainda receosa em aceitar e apenas assentiu, marquei de encontra-la na saida do colégio, todavia me deparo com ela entrando em seu carro, eu não podia acreditar, ela tinha concordado em me encontrar e me deixar ajuda-la, em desespero parti para minha última tentativa.

- Alô, gostaria de fazer uma denúncia anônima, estou em frente ao Hotel Pisterla e vi um Homem de cerca de 50 anos entrar acompanhado de uma adolescente de 17, sim, eu conheço a garota e o Homem, ele é um professor do meu colégio e ela uma aluna, professor Artur o nome, O QUE !? - Como assim ele tem a coragem de dizer que não pode enviar uma viatura devido a denúncia não ser da vítima? - VOCÊ NÃO TA ME ENTENDO, ISSO É PEDOFILIA, ELE TA AMEAÇANDO ELA, ELA NÃO QUER, ELA PRECISA DE AJUDA! - Só pude ouvir o som da ligação sendo encerada, não pode ser, o que eu faço? A escola não ajuda, a polícia não ajuda, mas que merda de sociedade é essa? no desespero do momento, pulei o muro do Hotel, consegui ver eles virando o corredor indo em direção ao quarto, como não percebem a diferença de idade? Consigo aproveitar o momento que a atendente olha para o lado para passar e continuar seguindo eles... escuto a segunda porta do corretor bater com tudo, acelero o passo, o coração na mão, suor frio na testa, meus pulmões chegam doer devido o tanto de ar que eu inalo, estou parada em frente a porta, sinto escorrer o sangue quente entre os meus dedos e devido a adrenalina só percebi agora que estava rasgando minha pele com as unhas com a força que aplicava no ato, num impulso causado pelo medo eu abro a porte devagar, meus olhos correm pelo quarto na intenção de achar ela o mais rápido possível, me deparo com ele de costas, a poucos centímetros de mim, Elizabete me percebe ali e tenta ao máximo ignorar minha presença, eu estava procurando desesperadamente por algum objeto que pudesse usar como arma, até me deparar com um vaso na estante, em um movimento rápido eu pego o vaso e o arremesso o mais forte que consigo em sua cabeça, por sorte ele cai de joelhos no chão e desmaia... ela me olha assustada, começa a pegar suas coisas, que eu acredito que ela tenha jogado no chão e quando vamos sair... me deparo com uma pessoa parada na porta, olhando tudo com os olhos arregalados... ele fixa os olhos em mim e um arrepio passa pela minha espinha, sinto meus dedos suarem, porque diabos ele está aqui?

- O que diabos você está fazendo aqui? - Ele pergunta como se pudesse ler meus pensamentos, ao perceber seu tom de voz já posso esperar pelo pior.

#CASO SOFRAM ABUSO OU DESCONFIEM DE ALGO, DENUNCIEM, LIGUE 100
#UMA POR TODAS, TODAS POR UMA

#LEXA:
Cabelo castanho escuro
Olhos castanho claro
Magra
1,74 de altura
Hétero
#Roupa característica:
Jaqueta preta de couro com um bordado do seu sobrenome "Black".
Costuma usar roupas de cores neutras.

Soo badOnde histórias criam vida. Descubra agora